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terça-feira, 10 de junho de 2025

CORDEL GERALD THOMAS de Moisés Monteiro de Melo Neto

 


CORDEL GERALD THOMAS

 

de Moisés Monteiro de Melo Neto

Meu querido, Moisés Monteiro, eu fiquei muito, muito emocionado. Eu adorei, não tem como não adorar o seu cordel sobre mim. E é quase que cirurgicamente preciso, né? Nos dados, quer dizer, é poético, é preciso, é criativo. É tudo, é tudo, está tudo ali. Muito lindo, muito, muito lindo, muito lindo, muito lindo. Eu vou pedir permissão pra você, se é possível, se você me permite, publicar pelo menos parte daquilo no meu blog, se você permitir, talvez tudo; por mim eu publico o cordel completo. Publicaria tudo com a capa maravilhosa que a Nathaly Barros fez. E, se possível, se você me permitir, eu publico dados biográficos teus e aonde adquirir é como adquirir esse cordel. Você tem outros, hã? Vamos ter mais literatura de cordel? Eu adoraria, inclusive, comprar, se possível, tá queridão? Com estima. Obrigado, cara. É lindo, lindo, lindo. Parabéns. Tô super honrado com isso. Maravilhoso. Jamais podia esperar receber uma coisa, homenagem desta,  mesmo. Posso publicar no Instagram, né? Tá bom, muitíssimo obrigado, querido. Eu marco você de qualquer forma, publico, teu nome, o teu perfil, essas coisas, tá bom? Obrigadão, tchau, tchau. (Gerald Thomas)

 

 

 

1.Por interesse pessoal

ou por exigir o ofício

 escrevo esse cordel pra ele,

mestre do teatro artifício

 o que para mim é prazer

Também não é sacrifício.

 

2. Ali nos anos 80

 Vi teatro do diretor

que também é dramaturgo

 isso eu digo ao leitor.

Ele não era de um grupo,

 era só tal criador

 

3. De individualismo, entende

estética bem apurada.

Produto estético em cena,

com uma precisão danada.

Gerald traz um novo gás

Atitude preservada

 

4.Antunes Filho, abriu caminho

 A cena a avançar.

 abril de 85.

 Electra concreta é ar.

Homem não era brinquedo.

Oito sete é pra ficar

 

5. Sem histórico psicológico

Truques da luz desnudava

 de luz  tão entrecortada

 que assim me abismava

 movimentos como náusea.

Incidências iluminava

 

6 Misturando o som e luz

Tudo espetacular

Minha pai, meu mãe, nem sei

Formas fora do lugar

Cenas se embaralham

Neuras, tudo a borbulhar.

 

7 Panos de boca transparentes.

Sobrepostos, nada encobrir.

No fundo, figuras escuras

Encurvadas sem luzir

Ópera seca se. anunciava

 As cenas como um carpir

 

8. Meus sentidos explodiam ação

luz em cena com tudo, é

 mais o texto e a música

 negócio meio punk, até

teatro extasiante

 eu no Rio. Ônibus, táxi a pé?

 

9 Nordestino sem destino?

Deus ex machina estava

da cena tão recifense

 que então estagnava?

O ano de 87

 Pernambuco atrasava

 

 10. Gerald Thomas acusava

teatro local mentirinha

 Tanta dramaticidade extra

Suas teias de filó retinha.

Eu via e compreendia

 sentia a cena como minha

 

11. Seu conceito de teatro?

 Pode, Aristóteles lembrar?

 Traz luz, suas imagens

cena, em mim, explorar

conceito imagens em cena

 mudez movimento fragmentar

 

12 polifonia insensatez

 não fala com espectador

 ele que o sinta de outro modo

 E aguente do chão o clamor

Wagner, Dante, Joyce, Proust e até

Tal estranho, que furor

 

13, Vai um Shakespeare também

Chupa, chupa, super descarado

 

 

 

De modo algum eu direi

Em Cena o mundo sagrado

cadeias de leit motif

desconstrução, desesperado

 

 14 texto dramático não

Qual o núcleo da peça

texto cênico bem regido

 Registro de Fronteiras, nessa

mistura de artes

Visual, Daniela Thomas, à beça

 

15  Palco italiano mudava,

Londres, New York, Brasil

 Unglauber, 94, fecha o ciclo

Que o cordel o devore, viu?

 artista tão radical no teatro

alguém  já o sentiu?

 

16 Nos anos 70, Gerald

 ilustra o New York Times, é

vendeu muitos posters também

 Vanity fair, Harper ilustrou até

em 23 jogou certo acervo seu

no lixo, cansa guardar, né?

 

17  Nasceu em New York

Do 7 aos 14, no Rio

 aos l 8 vem cocaína

com Oiticica bem no cio

 ou tudo isso é mentira?

ao cordel digo fiu fiu

 

18 Com Beckett em 85

 Carmen com filtro, 86

 85 Electra concreta

 87 Navio fantasma, eis

Fino trato pra vocês

 87 Trilogia Kafka pra vocês

 

19 Em 90 Flash and crash days

 Gala e Traidor espetáculos

peças dele com o mesmo fim

em 23, tais cenáculos

carioca dos EUA? É assim

com filha de Ziraldo show cálculos

 

20  Viu Zé Celso em 69

Balcão de Victor Garcia

Mamberti o ajudou

a entrar no que queria

aos 18, Londres, nos 70

O que o Ge3ral fazia?

 

21  Intelectual com prazer

O sonho de uma noite, 80

New York, London, Brasil

notícias de Grotowski, tenta

postura mais que palavras

ato e som: Colônia, 70

 

22 Antiteatro? Nunca, talvez

subverte a cena burguesa

76 na Anistia Internacional

Brasil de chumbo, incerteza

com Helen Stewart, o La Mama

Off Broadway, com certeza

 

23 Sim, presenciou, atenção

o Living Theater e  mais

dirigiu no La  mama, demais

conversava com Beckett

obra desse irlandês, tais

pra falhar de novo e melhor.

 

24 Condenado, o homem, vejam

 busca o som., o pensamento

Ato psicológico, talvez?

 pausas exasperantes, tratamento

 Espaço temporais em Carmen

Carmen, com filtro, distanciamento

 

25 Trabalhando com Fagundes,

hermético, estético.no cartaz

Confuso e verborrágico

Recebeu  más críticas, demais?

Encantamento plástico formal

Extrema lentidão ao andar, assaz

 

26 Suas peças, interrompem-se

As falas rompem , bruscamente

 aos gritos como vômitos saem

cenas expressionistas, gesto demente

pede irônico escutar

 estímulo estético se sente

 

27 Usa abstrata música

estímulos estéticos se toca

teatro total, bem assim

eis aí o que a música provoca

cenas de artes plásticas

induzem... o  cosmopolita choca

 

28. No Brasil, ciranda constante

Tessitura da memória segue

Mais estilo do que técnica

 bruma, elegância, sutileza, negue!

 Mais estilo do que técnica.

Cia da Ópera Seca, pegue!

 

29 Ator fixo e  continuidade

Ácida, crítica, que beleza...

Mineira Beth Coelho Estrela.

óperas, musicais :  firmeza

 tal  Pina Bausch., Denise Stoclos

até fundamento orgânico, certeza

 

30 Em GT, não é excessivo o expressionismo

Há espaços inusuais

figurinos de aspecto envelhecido.

E algo mais objetos soltos e mais

Figuras retorcidas, difícil locomoção

no palco, quase nu quais? fatais, fractais

 

31. Lugares contextualizados

como na Grécia mítica

 fêmeas assassinas ...Terra de ninguém

crimes, o diretor, situação crítica

tal poema, verbivocovisual

 poesia concreta esquinas crítica

 

32. Hermetismo falso ou o quê?

A reinventar teatrão de vanguarda?

Xingavam GT, os neófitos em fúria

 Ele em navio fantasma, Aramada

escandalizaria a todos?

Rio, Janeiro 1987? Nada

 

33. No  Municipal: vaia de 5 minutos.

Diante da eminência parda

Fritz Lang, Pina Bausch, cantor(a)

 encantou, crítico? Não tarda

 não poderiam defini-lo

pântano de vícios,  ele aguarda

 

34. Não! Teve tempo? Qui-lo?

Leitura surpreendente

 da ópera de Wagner:

sem nem navio...nem Porto presente

Errância. Como vagão de carga

Espaços, Mendigo demente

 

35. Vazios, ânsia. Um novo

muro de Berlim? Drama da danação

A intolerância, tal Guerra fria

 prossegue Bob Wilson, paixão

que impacto causou

Teatro de visões, foto de Kafka? Não

 

36. Com O Processo, Metamorfose, fusões

Leitura semiótica do diretor

Com A Tempestade sensações...

 Parece ilha do naufrágio, vinga a dor?

Joseph K: é Próspero? Ãh?

Enquanto Grego Sansa? Ator...

 

37. Submisso. A família malsã

 leituras da situação

Tcheco judeu, em cenário alto

Biblioteca gigante vão

7m, Gerald  exagera na estrutura?

Daniela dá o cenário da ação

 

38. Discurso à parede de livros

pensamento ocidental da razão

obsoleto arquivo,  parece

concreto, imenso esqueleto, não

Rádio antigo, cubos com fotos

em vez de livros, cubos sobre chão

 

39.   Assim foi figurino, também

 Dani clima de cinema?

 Sombrio, sim,  em Praga

Nada de Brasil Ipanema

Que visão tão arretada

cabarés alemães, anos 30 sistema

 

40. Desafio do ser inseto

Mais música/  múmia cortou

 Gerald  a frase inicial do livro

Gregor Samsa acordou

certa manhã de sonhos intranquilos

 em sua cama se metamorfoseou

 

41. Ó inseto monstruoso

Gerald também trouxe Joseph k

Do livro O processo, assim

Preso na teia da justiça, lá

num dormir e acordar infindo

atrás da teia de filó, já

 

42. Acusações/ culpas. Vácuo

 Impenetrável silêncio e pó

Um Chaplin. Luz a esquadrilhar

Estado de sítio cênico só

Os próprios fantasmas

K, seus investigadores, sem dó

 

43. Juízes, culpa inevitável

não é catarse, o que fez???

 indefinido, mal, no palco

lugar mutante vórtice, talvez...

 Imagens intermitentes, moral.

filme mudo, escudo, altivez...

 

44. Marca, tempo a passar

mudança de cenário, ação

entrelaçar estilhaçar luz

 do alto e dos lados, solidão

 sem traço naturalista, Kafka,

sob refletor de milha, desrazão. A

 

45. Nula qualquer defesa

 Rígidas faces glaciais, oh!

gestos repetitivos, mãos

pelo cabelo em riste, nó

final com carcereiros

pavor, triste, dó

 

46. Submissão final, mordaça

morte do Sr. K?  emoção.?  Não

isso não é comum ao diretor

primeira vez, empatia com plateia, ação

ele limpa tal melodrama

sem abrir brechas,  escapa sem chão

 

47. O julgamento de Samsa e de K

(in) consciência na invasão shakespeariana?

Síntese do fim da ciência

culpabilidade atroz, demência insana.

Mediocridade exposta

Roupa do juiz que se dana

 

48. De funcionário exemplar ao pó

Isso cheira a Beckett, numa ponte

 Analógica inteireza do outro

O íntimo : ameaçador horizonte

 Blackout :2 segundos característicos

 Alçapão: domínio muscular, fonte

 

49. O pai de Sansa na cadeira

Mãe fuma, ri K, nos livros, some

Thomas entra em cena

 Entre Gregor e o pai, fome

 Desajeitado ser cênico

 nesse teatro vago, que consome

 

50. Gerald dirigiu dezenas de peças

O inusitado é denominador comum.

Espectador às cegas: corpo-palavra

O Cordel vai acabar, fim nenhum

absurdo! Nem vale acreditar.

Até logo, foi incomum!

 

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