CORDEL
GERALD THOMAS
de
Moisés Monteiro de Melo Neto
Meu querido, Moisés
Monteiro, eu fiquei muito, muito emocionado. Eu adorei, não tem como não adorar
o seu cordel sobre mim. E é quase que cirurgicamente preciso, né? Nos dados,
quer dizer, é poético, é preciso, é criativo. É tudo, é tudo, está tudo ali. Muito
lindo, muito, muito lindo, muito lindo, muito lindo. Eu vou pedir permissão pra
você, se é possível, se você me permite, publicar pelo menos parte daquilo no
meu blog, se você permitir, talvez tudo; por mim eu publico o cordel completo.
Publicaria tudo com a capa maravilhosa que a Nathaly Barros fez. E, se
possível, se você me permitir, eu publico dados biográficos teus e aonde
adquirir é como adquirir esse cordel. Você tem outros, hã? Vamos ter mais
literatura de cordel? Eu adoraria, inclusive, comprar, se possível, tá
queridão? Com estima. Obrigado, cara. É lindo, lindo, lindo. Parabéns. Tô super
honrado com isso. Maravilhoso. Jamais podia esperar receber uma coisa,
homenagem desta, mesmo. Posso publicar
no Instagram, né? Tá bom, muitíssimo obrigado, querido. Eu marco você de
qualquer forma, publico, teu nome, o teu perfil, essas coisas, tá bom?
Obrigadão, tchau, tchau. (Gerald Thomas)
1.Por interesse pessoal
ou por exigir o ofício
escrevo esse
cordel pra ele,
mestre do teatro artifício
o que para mim
é prazer
Também não é sacrifício.
2. Ali nos anos 80
Vi teatro do
diretor
que também é dramaturgo
isso eu digo ao
leitor.
Ele não era de um grupo,
era só tal
criador
3. De individualismo, entende
estética bem apurada.
Produto estético em cena,
com uma precisão danada.
Gerald traz um novo gás
Atitude preservada
4.Antunes Filho, abriu caminho
A cena a avançar.
abril de 85.
Electra
concreta é ar.
Homem não era brinquedo.
Oito sete é pra ficar
5. Sem histórico psicológico
Truques da luz desnudava
de luz tão entrecortada
que assim me
abismava
movimentos como
náusea.
Incidências iluminava
6 Misturando o som e luz
Tudo espetacular
Minha pai, meu mãe,
nem sei
Formas fora do lugar
Cenas se embaralham
Neuras, tudo a borbulhar.
7 Panos de boca transparentes.
Sobrepostos, nada encobrir.
No fundo, figuras escuras
Encurvadas sem luzir
Ópera seca se. anunciava
As cenas como
um carpir
8. Meus sentidos explodiam ação
luz em cena com tudo, é
mais o texto e
a música
negócio meio
punk, até
teatro extasiante
eu no Rio.
Ônibus, táxi a pé?
9 Nordestino sem destino?
Deus ex machina
estava
da cena tão recifense
que então estagnava?
O ano de 87
Pernambuco
atrasava
10. Gerald Thomas
acusava
teatro local mentirinha
Tanta
dramaticidade extra
Suas teias de filó retinha.
Eu via e compreendia
sentia a cena como
minha
11. Seu conceito de teatro?
Pode,
Aristóteles lembrar?
Traz luz, suas
imagens
cena, em mim, explorar
conceito imagens em cena
mudez movimento
fragmentar
12 polifonia insensatez
não fala com
espectador
ele que o sinta
de outro modo
E aguente do
chão o clamor
Wagner, Dante, Joyce, Proust e até
Tal estranho, que furor
13, Vai um Shakespeare também
Chupa, chupa, super descarado
De modo algum eu direi
Em Cena o mundo sagrado
cadeias de leit motif
desconstrução, desesperado
14 texto
dramático não
Qual o núcleo da peça
texto cênico bem regido
Registro de
Fronteiras, nessa
mistura de artes
Visual, Daniela Thomas, à beça
15 Palco
italiano mudava,
Londres, New York, Brasil
Unglauber, 94,
fecha o ciclo
Que o cordel o devore, viu?
artista tão
radical no teatro
alguém já o sentiu?
16 Nos anos 70, Gerald
ilustra o New
York Times, é
vendeu muitos posters também
Vanity
fair, Harper ilustrou até
em 23 jogou certo acervo seu
no lixo, cansa guardar, né?
17 Nasceu em
New York
Do 7 aos 14, no Rio
aos l 8 vem
cocaína
com Oiticica bem no cio
ou tudo isso é
mentira?
ao cordel digo fiu fiu
18 Com Beckett em 85
Carmen com
filtro, 86
85 Electra
concreta
87 Navio
fantasma, eis
Fino trato pra vocês
87 Trilogia Kafka
pra vocês
19 Em 90 Flash and crash days
Gala e Traidor
espetáculos
peças dele com o mesmo fim
em 23, tais cenáculos
carioca dos EUA? É assim
com filha de Ziraldo show cálculos
20 Viu Zé Celso
em 69
Balcão de Victor Garcia
Mamberti o ajudou
a entrar no que queria
aos 18, Londres, nos 70
O que o Ge3ral fazia?
21 Intelectual
com prazer
O sonho de uma noite, 80
New York, London, Brasil
notícias de Grotowski, tenta
postura mais que palavras
ato e som: Colônia, 70
22 Antiteatro? Nunca, talvez
subverte
a cena burguesa
76 na Anistia Internacional
Brasil de chumbo, incerteza
com Helen Stewart, o La Mama
Off Broadway,
com certeza
23 Sim, presenciou, atenção
o Living Theater e
mais
dirigiu no La mama, demais
conversava com Beckett
obra desse irlandês, tais
pra falhar de novo e melhor.
24 Condenado, o homem, vejam
busca o som., o
pensamento
Ato psicológico, talvez?
pausas
exasperantes, tratamento
Espaço
temporais em Carmen
Carmen, com filtro, distanciamento
25 Trabalhando com Fagundes,
hermético, estético.no cartaz
Confuso e verborrágico
Recebeu más críticas,
demais?
Encantamento plástico formal
Extrema lentidão ao andar, assaz
26 Suas peças, interrompem-se
As falas rompem , bruscamente
aos gritos como
vômitos saem
cenas expressionistas, gesto demente
pede irônico escutar
estímulo
estético se sente
27 Usa abstrata música
estímulos estéticos se toca
teatro total, bem assim
eis aí o que a música provoca
cenas de artes plásticas
induzem... o cosmopolita choca
28. No Brasil, ciranda constante
Tessitura da memória segue
Mais estilo do que técnica
bruma,
elegância, sutileza, negue!
Mais estilo do
que técnica.
Cia da Ópera Seca,
pegue!
29 Ator fixo e continuidade
Ácida, crítica, que beleza...
Mineira Beth Coelho Estrela.
óperas, musicais :
firmeza
tal Pina Bausch., Denise Stoclos
até fundamento orgânico, certeza
30 Em GT, não é excessivo o expressionismo
Há espaços inusuais
figurinos de aspecto envelhecido.
E algo mais objetos soltos e mais
Figuras retorcidas, difícil locomoção
no palco, quase nu quais? fatais, fractais
31. Lugares contextualizados
como na Grécia mítica
fêmeas
assassinas ...Terra de ninguém
crimes, o diretor, situação crítica
tal poema, verbivocovisual
poesia concreta
esquinas crítica
32. Hermetismo falso ou o quê?
A reinventar teatrão de vanguarda?
Xingavam GT, os neófitos em fúria
Ele em navio
fantasma, Aramada
escandalizaria a todos?
Rio, Janeiro 1987? Nada
33. No Municipal:
vaia de 5 minutos.
Diante da eminência parda
Fritz Lang, Pina Bausch, cantor(a)
encantou,
crítico? Não tarda
não poderiam
defini-lo
pântano de vícios,
ele aguarda
34. Não! Teve tempo? Qui-lo?
Leitura surpreendente
da ópera de
Wagner:
sem nem navio...nem Porto presente
Errância. Como vagão de carga
Espaços, Mendigo demente
35. Vazios, ânsia. Um novo
muro de Berlim? Drama da danação
A intolerância, tal Guerra fria
prossegue Bob
Wilson, paixão
que impacto causou
Teatro de visões, foto de Kafka? Não
36. Com O Processo, Metamorfose, fusões
Leitura semiótica do diretor
Com A Tempestade sensações...
Parece ilha do
naufrágio, vinga a dor?
Joseph K: é Próspero? Ãh?
Enquanto Grego Sansa? Ator...
37. Submisso. A família malsã
Há leituras da
situação
Tcheco judeu, em cenário alto
Biblioteca gigante vão
7m, Gerald
exagera na estrutura?
Daniela dá o cenário da ação
38. Discurso à parede de livros
pensamento ocidental da razão
obsoleto arquivo, parece
concreto, imenso esqueleto, não
Rádio antigo, cubos com fotos
em vez de livros, cubos sobre chão
39. Assim foi figurino, também
Dá Dani clima
de cinema?
Sombrio, sim, em Praga
Nada de Brasil Ipanema
Que visão tão arretada
cabarés alemães, anos 30 sistema
40. Desafio do ser inseto
Mais música/ múmia cortou
Gerald a frase inicial do livro
Gregor Samsa acordou
certa manhã de sonhos intranquilos
em sua cama se metamorfoseou
41. Ó inseto monstruoso
Gerald também trouxe Joseph k
Do livro O processo, assim
Preso na teia da justiça, lá
num dormir e acordar infindo
atrás da teia de filó, já
42. Acusações/ culpas. Vácuo
Impenetrável
silêncio e pó
Um Chaplin. Luz a esquadrilhar
Estado de sítio cênico só
Os próprios fantasmas
K, seus investigadores, sem dó
43. Juízes, culpa inevitável
não é catarse, o que fez???
indefinido, mal,
no palco
lugar mutante vórtice, talvez...
Imagens
intermitentes, moral.
filme mudo, escudo, altivez...
44. Marca, tempo a passar
mudança de cenário, ação
entrelaçar estilhaçar luz
do alto e dos
lados, solidão
sem traço
naturalista, Kafka,
sob refletor de milha, desrazão. A
45. Nula qualquer defesa
Rígidas faces
glaciais, oh!
gestos repetitivos, mãos
pelo cabelo em riste, nó
final com carcereiros
pavor, triste, dó
46. Submissão final, mordaça
morte do Sr. K?
emoção.? Não
isso não é comum ao diretor
primeira vez, empatia com plateia, ação
ele limpa tal melodrama
sem abrir brechas,
escapa sem chão
47. O julgamento de Samsa e de K
(in) consciência na invasão shakespeariana?
Síntese do fim da ciência
culpabilidade atroz, demência insana.
Mediocridade exposta
Roupa do juiz que se dana
48. De funcionário exemplar ao pó
Isso cheira a Beckett, numa ponte
Analógica inteireza
do outro
O íntimo : ameaçador horizonte
Blackout :2
segundos característicos
Alçapão:
domínio muscular, fonte
49. O pai de Sansa na cadeira
Mãe fuma, ri K, nos livros, some
Thomas entra em cena
Entre Gregor e
o pai, fome
Desajeitado ser
cênico
nesse teatro
vago, que consome
50. Gerald dirigiu dezenas de peças
O inusitado é denominador comum.
Espectador às cegas: corpo-palavra
O Cordel vai acabar, fim nenhum
absurdo! Nem vale acreditar.
Até logo, foi incomum!
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