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domingo, 16 de abril de 2017

Solilóquio inicial de Ricardo III, de William Shakespeare

Um dos melhores texto de abertura de uma peça teatral no ocidente em todos os tempos: o solilóquio inicial de Ricardo III, de William Shakespeare



RICARDO (Duque de Gloucester)- O inverno do nosso descontentamento foi convertido agora em glorioso verão por este sol de York, e todas as nuvens que ameaçavam a nossa casa estão enterradas no mais interno fundo do oceano. Agora as nossas frontes estão coroadas de palmas gloriosas. As nossas armas rompidas suspensas como troféus, os nossos feros alarmes mudaram-se em encontros aprazíveis, as nossas hórridas marchas em compassos deleitosos, a guerra de rosto sombrio amaciou a sua fronte enrugada. E agora, em vez de montar cavalos armados para amedrontar as almas dos temíveis adversários, pula como um potro nos aposentos de uma dama ao som lascivo e ameno do alaúde. Mas eu, que não fui moldado para jogas nem brincos amorosos, nem feito para cortejar um espelho enamorado. Eu, que rudemente sou marcado, e que não tenho a majestade do amor para me pavonear diante de uma musa furtiva e viciosa, eu, que privado sou da harmoniosa proporção, erro de formação, obra da natureza enganadora, disforme, inacabado, lançado antes de tempo para este mundo que respira, quando muito meio feito e de tal modo imperfeito e tão fora de estação que os cães me ladram quando passo, coxeando, perto deles. Pois eu, neste ocioso e mole tempo de paz, não tenho outro deleite para passar o tempo afora a espiar a minha sombra ao sol e cantar a minha própria deformidade. E assim, já que não posso ser amante que goze estes dias de práticas suaves, estou decidido a ser ruim vilão e odiar os prazeres vazios destes dias. Armei conjuras, tramas perigosas, por entre sonhos, acusações e ébrias profecias, para lançar o meu irmão Clarence e o Rei um contra o outro, num ódio mortífero, e se o Rei Eduardo for tão verdadeiro e justo quanto eu sou sutil, falso e traiçoeiro, será Clarence hoje mesmo encarcerado devido a uma profecia que diz será um "gê" o assassino dos herdeiros de Eduardo. Mergulhai, pensamentos, fundo, fundo na minha alma.





Outros personagens da peça RICARDO III:

SENHOR DE RIVERS, seu irmão
O SENHOR DE GREY, seu filho, (mais tarde o seu fantasma)
MARQUÊS DE DORSET, seu filho, (mais tarde o seu fantasma)
DUQUE DE BUCKINGHAM (mais tarde o seu fantasma).
STANLEY, CONDE DE DERBY
SENHOR GUILHERME CATESBY
Dois assassinos
Guarda da Torre
REI EDUARDO IV
SENHOR RICARDO DE RATCLIFFE
A DUQUESA DE YORK, mãe de Ricardo, Eduardo IV e Clarence
Menino, filho de Clarence
Menina, filha de Clarence
Três cidadãos
ARCEBISPO DE YORK
DUQUE DE YORK, filho mais novo do Rei Eduardo IV, (mais tarde o seu fantasma).
SENHOR CARDEAL BOURCHIER, Arcebispo de Cantuária
Alcaide de Londres
Um mensageiro
HASTINGS,
Um padre
SENHOR TOMÁS DE VAUGHAN
BISPO DE ELY, João Morton
DUQUE DE NORFOLK
SENHOR DE LOVELL
Um escrivão
Dois bispos (Shaa e Penkier)
Um pajem
SENHOR JAIME TYRREL
Quatro mensageiros
CRISTÓVÃO DE URSWICK, um padre
Xerife de Wiltshire
CONDE DE RICHMOND, depois Rei Henrique VII
CONDE DE OXFORD
SENHOR JAIME BLUNT
CONDE DE SURREY
SENHOR GUILHERME DE BRANDON
Fantasma de EDUARDO, Príncipe de Gales, filho de Henrique VI
Fantasma do REI HENRIQUE VI
Um mensageiro
Guardas, alabardeiros, fidalgos, um passavante, senhores, criados, soldados.


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