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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Sangue azul: de Lírio

O nome do circo é Netuno, e sua lona está sendo montada, essas cenas iniciais são em preto e branco (ofilme só fica colorido quando um canhão dispara  Zolah (Daniel de Oliveira), o homem-bala, que é nativo que viajou com o circo antes. Ele tem um relacionamento peculiar com a irmã Raquel (Caroline Abras), e sua  mãe, Sônia (Sandra Corveloni), o mandou para longe, por isso:  temia um incesto entre as crianças. 



Então o garoto, agora um homem, reecontra a família depois de vinte anos e é chegado o momento de resolver as questões do passado que ainda o atormentam. 


Assisti ontem ao filme e fiquei impressionado. Achei que o cinema pernambucano chegou à maturidade.


'Sangue Azul', de Lírio Ferreira, tem ator Daniel de Oliveira em busca de amor impossível em Noronha

A direção do pernambucano Lírio Ferreira conduz o filme Sangue azul, a um clima que tem tudo para envolver o espectador e levá-lo ao deleite e à  reflexão. Exibido em  Festivais, já levou troféus como o Menina de Ouro: Melhor Fotografia, para Mauro Pinheiro Jr, e de  Figurino (Juliana Prhyston). Ambientado em Fernando de Noronha, o filme tem como eixo a história do tal homem-bala Zolah (Pedro) e sua irmã, Raquel, uma mergulhadora. O sexo lateja de forma lírica, com o perdão do trocadilho, com abordagem contemporânea. Pereio no papel do apresentador misterioso está muito bom. O elenco está bem afiado e tudo flui num ritmo invejável.

Assista à reportaghem da TV Golfinho:

https://www.youtube.com/watch?v=lIAM2o638cs

“O  circo é uma ilha que se move, o sangue azul é o mar de Yemanjá. Mas, para mim, o cúmulo da incapacidade de amar seria a relação entre dois irmãos. Sangue azul nasceu da perspectiva entre a mitologia e macumba”. Apesar de Lírio dizer isso, tal viés aparece de modo bem discreto”.

Esse filme nasceu clássico

 Ele continua: “Dentro de uma perspeciva geográfica, nasceu da minha experiência de nascer e viver no Recife. Vários bairros da cidade são ilhas, como o Recife Antigo, a Ilha do Retiro e a Ilha do Leite, onde eu moro. O que retrato no filme é o que vi nos espetáculos dos circos Orlando Orfei, Garcia e Nerino. Antes de olhar para o futuro, eu sempre gosto de dar dois passos para o passado. Talvez o circo seja o meu Amarcord pernambucano. Tem uma homenagem direta a Fellini por meio do personagem Inox, vivido por Milhem Cortaz, que parece ter saído de A estrada da vida. O circo entra no filme como uma metáfora do cinema, que faz parte da minha maneira de pensar e que talvez não exista mais. Seria óbvio fazer um filme sobre o cinema. Pegar um circo, que pode não existir no futuro, foi a minha maneira de falar do cinema."
Como não se encantar com essas imagens?

 "Talvez eu esteja fazendo sempre o mesmo filme, mas de maneira diferente. Eu faço cinema porque tenho muitas dúvidas. O que me interessa é que o filme suscite debates e as mais diversas leituras, e que eu também saia aprendendo. Como faço tudo muito intuitivo, às vezes as respostas que recebo fazem parte dessa provocação. Isso é mais interessante do que ter que certezas. Eu gosto mais de fazer perguntas do que respondê-las. Talvez boa parte do cinema contemporâneo tenha uma certa caretice mesmo, essa coisa do politicamente correto. O filme tem várias cenas sexo, entre homem e mulher, homem com homem, ménage à trois.  Não sei ao certo, mas talvez isso tenha a ver com essa impossibilidade de amar, um certo desequilíbrio com o sexo".

A música, a cargo de Pupilo, Nação Zumbi, é um deleite à parte, mas combina-se de modo extremamente adequado à diegese do filme.
 "Quanto ao  homossexualismo: no cinema brasileiro é permitido até certo ponto. Há um falso moralismo absurdo nisso”, declara o diretor.

O homem mais forte do mundo é homossexual

 Detalhe: o registro, segundo dizem, se deu à moda antiga. Filmado em película, e mais: sem estúdio.


a participação de Ruy Guerra é um prazer a mais


"Imagino o cinema como uma espécie de road movie, em uma estrada pavimentada, prefiro pegar um caminhãozinho e passar pelo barro. Gosto de me perder nas minhas aventuras. Não sei como os caboclos baixam, mas eles baixam". 





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