O nome do circo é Netuno,
e sua lona está sendo montada, essas cenas iniciais são em preto e branco
(ofilme só fica colorido quando um canhão dispara Zolah (Daniel de Oliveira), o homem-bala, que
é nativo que viajou com o circo antes. Ele tem um relacionamento peculiar com a
irmã Raquel (Caroline Abras), e sua mãe,
Sônia (Sandra Corveloni), o mandou para longe, por isso: temia um incesto entre as crianças.
Então o garoto, agora um homem, reecontra a família depois de vinte anos e é chegado o momento de resolver as questões do passado que ainda o atormentam.
Assisti ontem ao filme e fiquei impressionado. Achei que o cinema pernambucano chegou à maturidade.
Então o garoto, agora um homem, reecontra a família depois de vinte anos e é chegado o momento de resolver as questões do passado que ainda o atormentam.
Assisti ontem ao filme e fiquei impressionado. Achei que o cinema pernambucano chegou à maturidade.
A direção do pernambucano Lírio Ferreira conduz o filme Sangue azul,
a um clima que tem tudo para envolver o espectador e levá-lo ao deleite e à reflexão. Exibido em Festivais, já levou
troféus como o Menina de Ouro: Melhor Fotografia, para Mauro Pinheiro Jr, e de Figurino (Juliana Prhyston). Ambientado em
Fernando de Noronha, o filme tem como eixo a história do tal homem-bala Zolah (Pedro)
e sua irmã, Raquel, uma mergulhadora. O sexo lateja de forma lírica, com o
perdão do trocadilho, com abordagem contemporânea. Pereio no papel do
apresentador misterioso está muito bom. O elenco está bem afiado e tudo flui
num ritmo invejável.
Assista à reportaghem da TV Golfinho:
https://www.youtube.com/watch?v=lIAM2o638cs
Assista à reportaghem da TV Golfinho:
https://www.youtube.com/watch?v=lIAM2o638cs
“O circo é uma ilha que se
move, o sangue azul é o mar de Yemanjá. Mas, para mim, o cúmulo da
incapacidade de amar seria a relação entre dois irmãos. Sangue azul nasceu
da perspectiva entre a mitologia e macumba”. Apesar de Lírio dizer isso, tal
viés aparece de modo bem discreto”.
Esse filme nasceu clássico
Ele continua: “Dentro de uma perspeciva
geográfica, nasceu da minha experiência de nascer e viver no Recife. Vários
bairros da cidade são ilhas, como o Recife Antigo, a Ilha do Retiro e a Ilha do
Leite, onde eu moro. O que retrato no filme é o que vi nos espetáculos dos circos
Orlando Orfei, Garcia e Nerino. Antes de olhar para o futuro, eu sempre gosto
de dar dois passos para o passado. Talvez o circo seja o meu Amarcord pernambucano.
Tem uma homenagem direta a Fellini por meio do personagem Inox, vivido por
Milhem Cortaz, que parece ter saído de A estrada da vida. O circo
entra no filme como uma metáfora do cinema, que faz parte da minha maneira de
pensar e que talvez não exista mais. Seria óbvio fazer um filme sobre o cinema.
Pegar um circo, que pode não existir no futuro, foi a minha maneira de falar do
cinema."
"Talvez eu esteja fazendo sempre o mesmo filme, mas de maneira diferente. Eu faço cinema porque tenho muitas dúvidas. O que me interessa é que o filme suscite debates e as mais diversas leituras, e que eu também saia aprendendo. Como faço tudo muito intuitivo, às vezes as respostas que recebo fazem parte dessa provocação. Isso é mais interessante do que ter que certezas. Eu gosto mais de fazer perguntas do que respondê-las. Talvez boa parte do cinema contemporâneo tenha uma certa caretice mesmo, essa coisa do politicamente correto. O filme tem várias cenas sexo, entre homem e mulher, homem com homem, ménage à trois. Não sei ao certo, mas talvez isso tenha a ver com essa impossibilidade de amar, um certo desequilíbrio com o sexo".
A música, a cargo de Pupilo, Nação Zumbi, é um deleite à parte, mas combina-se de modo extremamente adequado à diegese do filme.
"Quanto ao homossexualismo: no cinema brasileiro é permitido até certo ponto. Há um falso moralismo absurdo nisso”, declara o diretor.
Como não se encantar com essas imagens?
"Talvez eu esteja fazendo sempre o mesmo filme, mas de maneira diferente. Eu faço cinema porque tenho muitas dúvidas. O que me interessa é que o filme suscite debates e as mais diversas leituras, e que eu também saia aprendendo. Como faço tudo muito intuitivo, às vezes as respostas que recebo fazem parte dessa provocação. Isso é mais interessante do que ter que certezas. Eu gosto mais de fazer perguntas do que respondê-las. Talvez boa parte do cinema contemporâneo tenha uma certa caretice mesmo, essa coisa do politicamente correto. O filme tem várias cenas sexo, entre homem e mulher, homem com homem, ménage à trois. Não sei ao certo, mas talvez isso tenha a ver com essa impossibilidade de amar, um certo desequilíbrio com o sexo".
A música, a cargo de Pupilo, Nação Zumbi, é um deleite à parte, mas combina-se de modo extremamente adequado à diegese do filme.
"Quanto ao homossexualismo: no cinema brasileiro é permitido até certo ponto. Há um falso moralismo absurdo nisso”, declara o diretor.
O homem mais forte do mundo é homossexual
Detalhe: o registro, segundo dizem, se deu à moda antiga.
Filmado em película, e mais: sem estúdio.
a participação de Ruy Guerra é um prazer a mais
"Imagino o
cinema como uma espécie de road movie,
em uma estrada pavimentada, prefiro pegar um caminhãozinho e passar pelo barro.
Gosto de me perder nas minhas aventuras. Não sei como os caboclos baixam, mas
eles baixam".
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