Nunca fui fã do ator mexicano, intérprete Chaves e Chapolin, que
morreu ontem. Soube que devem levar flores brancas os que forem ao seu
funeral. Roberto Gómez Bolaños será velado no Estadio Azteca. Ah! Falar de
um último adeus! E logo de um homem que foi a estrela do programa mais visto da
TV de um país dramático como o
México! A emissora Televisa diz que foi dublado em 50 idiomas, o tal produto.
Por que
as pessoas gostam tanto de Chaves?
Uma imagem icônica que merece interpretações contraditórias
Uma coisa
eu acho boa: ele não ria. Não gosto de comediante que ri em cena. Como bem nos lembra,
em relação ao poema, João Cabral de Melo
Neto, é o receptor que deve se emocionar
(lembra-nos Cleise Furtado, estudando Bergson ,que admiro: "O cômico parece só produzir o seu abalo sob
condição de cair na superfície de um espírito tranqüilo e bem articulado.
A indiferença é seu ambiente natural. O maior inimigo do riso
é a emoção. Bergson faz eco às mais antigas concepções
psicofisiológicas sobre o efeito cômico. O riso é um tremor, um terremoto, uma
convulsão do corpo. No entanto, desde as primeiras observações filosóficas
desse efeito, atrepidação causada pelo riso foi vista justamente
como turbação ou impedimento da faculdade de pensar. Platão e
Aristóteles, que em tudo o mais divergem sobre causas, efeitos, valor e sentido
do riso, concordam quanto a isso. Ao movimentar o diafragma, barreira entre a
parte alta ou nobre do corpo e o baixo digestivo, sexual e excrementício, o
riso causaria uma espécie de contaminação do "centro frênico" (centro
do pensamento) por humores nocivos ao raciocínio e à capacidade de julgamento. Então,
já temos aí um desacordo. O abalo do riso impede o sentir, ou o pensar?").
A Vila Sésamo mexicana
era mais amarga; Chaves tem algo do Gugu (dessa outra Vila) e aquela turma tem
algo da turma de Garibaldo.
A pobreza e as tiradas do programa
mexicano traziam o politicamente incorreto a um patamar aceitável.
Como toda unanimidade é burra, nos
lembrava o recifense Nelson Rodrigues: Touché!
Saudemos um artista que se foi. Será
eterno enquanto sua obra permaneça em releituras infinitas.
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