Diretor espanhol Moncho Rodriguez prepara adaptação da peça 'Ricardo III' com atores pernambucanos
Prevista para a abertura do próximo Janeiro de Grandes Espetáculos, peça de Shakespeare reflete bem a política brasileira
Por: Daniel Medeiros, Folha de Pernambuco em 27/01/18 às 14H03, atualizado em 26/01/18 às 17H57
Ricardo III' com atores pernambucanos
Um homem
maquiavélico que não mede esforços em sua ambição, passando por cima de tudo e
de todos para chegar ao poder. Essa é a descrição do protagonista de
"Ricardo III", peça escrita no século 16, mas também poderia servir
para falar de algumas personalidades do Brasil atual. É a partir desse
comparativo que o diretor teatral espanhol radicado em Portugal Moncho
Rodriguez pretende construir sua adaptação da tragédia clássica do dramaturgo
inglês William Shakespeare. No projeto, ele está acompanhado pelos atores
pernambucanos Junior Sampaio e Suzana Costa. Ainda em fase inicial, a montagem
deve abrir a programação da 25ª edição do festival Janeiro de Grandes
Espetáculos, no próximo ano.
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A ideia da peça nasceu a partir de outra adaptação do mesmo texto, escrita pelo ator e escritor recifense Moisés Neto. "O espetáculo original tem muitos personagens, mas ele criou uma versão para apenas dois atores. A proposta inicial era fazer só uma leitura dramatizada. Quando eu e Junior lemos a obra, percebemos que ela poderia ser transformada em algo maior e mais contundente", conta Suzana. Com mais de 200 encenações realizadas em diversos países, Moncho foi o primeiro nome pensado pela dupla para comandar o projeto.
Provocado pelo mote criado por Moisés Monteiro de Melo Neto, o diretor trabalha na elaboração de uma dramaturgia inédita. Seu intuito é preservar a essência shakespeariana, mas sem ficar preso a todos os elementos da trama. "Ricardo III é uma figura associada à perversidade e ao poder que é implantado sem nenhuma ética. Engraçado que, quando a gente começa a falar disso, não consegue escapar de algo que está sendo vivido em um país cujo nome não lembro", brinca Moncho, fazendo uma referência velada ao contexto político brasileiro na atualidade. "É bom tocar nesse tema para alertar as pessoas, para que elas tenham consciência do que está acontecendo. A lição que vem de Shakespeare é muito atual e pertinente", pondera.
Por enquanto, o espetáculo existe apenas na cabeça do espanhol. Não há nada definido, nem mesmo os personagens que serão vividos por cada intérprete. "Para fazer uma boa história, precisamos de apenas dois elementos: a vida e a morte. Esse contraponto torna um enredo fabuloso. É isso que vai ocorrer com esses dois atores. A única coisa que tenho certeza é de que um será a vida e o outro, a morte. Só não me pergunte qual é qual", afirma.
Até agora, o único trecho pronto e ensaiado é o esboço de uma das cenas, que será revelada no evento de lançamento do projeto, que ocorre neste domingo, no Teatro Arraial Ariano Suassuna (na rua da Aurora), apenas para convidados. O objetivo é conquistar apoiadores para a produção.
"O importante é que seja um projeto para as pessoas, e não para os artistas ou políticos. Só assim estaremos construindo algo que vale a pena e não jogando fora o dinheiro do povo", defende o diretor. Para que o trabalho seja eficiente em seu intuito de atingir o público, o encenador levanta a bandeira de que é preciso fugir do lugar comum.
"Hoje procuramos o contato com as novas gerações: tipos que estão vivendo um momento completamente diferente, querem outra forma de compromisso com a arte, procuram novos conceitos e novas aventuras. Nós que resistimos dentro disso nos sentimos renovados a cada dia. Por isso, nosso compromisso não é com o teatro, mas com as pessoas".
Antes de levar a montagem aos palcos, o trio ainda vai percorrer um longo caminho. De volta a Portugal, Moncho mergulhará na elaboração da dramaturgia. Somente no segundo semestre, ele e o elenco se reunirão em terras lusitanas para ensaiar. "Teremos o ano inteiro para aprender o cinismo e a maldade desse homem, que é o maior vilão do teatro de Shakespeare. A estreia será apenas em outubro, durante o ENTREtanto MIT Valongo, uma mostra internacional de teatro em Valongo, Portugal. Depois de passarmos por outras cidades portuguesas, queremos fazer uma turnê pelo Brasil", revela Junior, que há mais de 20 anos reside na Europa.
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A ideia da peça nasceu a partir de outra adaptação do mesmo texto, escrita pelo ator e escritor recifense Moisés Neto. "O espetáculo original tem muitos personagens, mas ele criou uma versão para apenas dois atores. A proposta inicial era fazer só uma leitura dramatizada. Quando eu e Junior lemos a obra, percebemos que ela poderia ser transformada em algo maior e mais contundente", conta Suzana. Com mais de 200 encenações realizadas em diversos países, Moncho foi o primeiro nome pensado pela dupla para comandar o projeto.
Provocado pelo mote criado por Moisés Monteiro de Melo Neto, o diretor trabalha na elaboração de uma dramaturgia inédita. Seu intuito é preservar a essência shakespeariana, mas sem ficar preso a todos os elementos da trama. "Ricardo III é uma figura associada à perversidade e ao poder que é implantado sem nenhuma ética. Engraçado que, quando a gente começa a falar disso, não consegue escapar de algo que está sendo vivido em um país cujo nome não lembro", brinca Moncho, fazendo uma referência velada ao contexto político brasileiro na atualidade. "É bom tocar nesse tema para alertar as pessoas, para que elas tenham consciência do que está acontecendo. A lição que vem de Shakespeare é muito atual e pertinente", pondera.
Por enquanto, o espetáculo existe apenas na cabeça do espanhol. Não há nada definido, nem mesmo os personagens que serão vividos por cada intérprete. "Para fazer uma boa história, precisamos de apenas dois elementos: a vida e a morte. Esse contraponto torna um enredo fabuloso. É isso que vai ocorrer com esses dois atores. A única coisa que tenho certeza é de que um será a vida e o outro, a morte. Só não me pergunte qual é qual", afirma.
Até agora, o único trecho pronto e ensaiado é o esboço de uma das cenas, que será revelada no evento de lançamento do projeto, que ocorre neste domingo, no Teatro Arraial Ariano Suassuna (na rua da Aurora), apenas para convidados. O objetivo é conquistar apoiadores para a produção.
"O importante é que seja um projeto para as pessoas, e não para os artistas ou políticos. Só assim estaremos construindo algo que vale a pena e não jogando fora o dinheiro do povo", defende o diretor. Para que o trabalho seja eficiente em seu intuito de atingir o público, o encenador levanta a bandeira de que é preciso fugir do lugar comum.
"Hoje procuramos o contato com as novas gerações: tipos que estão vivendo um momento completamente diferente, querem outra forma de compromisso com a arte, procuram novos conceitos e novas aventuras. Nós que resistimos dentro disso nos sentimos renovados a cada dia. Por isso, nosso compromisso não é com o teatro, mas com as pessoas".
Antes de levar a montagem aos palcos, o trio ainda vai percorrer um longo caminho. De volta a Portugal, Moncho mergulhará na elaboração da dramaturgia. Somente no segundo semestre, ele e o elenco se reunirão em terras lusitanas para ensaiar. "Teremos o ano inteiro para aprender o cinismo e a maldade desse homem, que é o maior vilão do teatro de Shakespeare. A estreia será apenas em outubro, durante o ENTREtanto MIT Valongo, uma mostra internacional de teatro em Valongo, Portugal. Depois de passarmos por outras cidades portuguesas, queremos fazer uma turnê pelo Brasil", revela Junior, que há mais de 20 anos reside na Europa.
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