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segunda-feira, 5 de março de 2018

As possíveis influências de sempre: Vamos falar de Teatro?


 

 


Carlos Bartolomeu

Ainda pensamos o teatro, o vivenciamos e o fazemos, com o olho e o desejo voltado para as fontes mais antigas do teatro ou para as idéias que de longe, dos centros de criação europeus ou americanos (e sulistas) nos são enviadas.Nós, criadores da metrópole-Recife, já tivemos o tempo necessário, e mais que o tempo físico, o tempo interior para nos desvincularmos desse ordenamento, dessa imposição cultural, externa.
Reconhecermos a importância das construções de outros espaços, de criadores estranhos a nossa cultura e realidade, não implica necessariamente numa tomada de posição comprometida com a repetição dos achados teóricos e práticos dessas matrizes. Uma atitude conscientemente pirata é a origem de nossa canibalizada modernidade. Somos nossa matriz.

Carlos Bartolomeu e Moisés Monteiro de Melo Neto


O teatro feito por nós precisa menos dessa muleta cultural para se resolver enquanto arte. Precisamos sim, revelarmos a nós mesmos, o quanto de subserviente e colonizado existe em nossa artisticidade, quando aquiescemos em reverenciar a continuidade desse modelo.
É sempre no outro, no ser ausente, de língua estranha, de costas voltadas pra nós que apontamos nossa busca, imaginamos nosso acerto. Recriamos sempre a ilusão, que tudo é mais próximo quando instalado na casa vizinha, na sala do adversário, no quarto das babás importadas. Estripemos as babás e envenenemos os seus chás.
 Dificilmente a realidade artística é tomada sob nossa responsabilidade e assumida como nossa cria. Abrimos mão de sermos fabricantes de nossa receita. de nossa própria identidade criativa, mesmo aquela que é pirateada ou híbrida.
O teatro é um jogo, uma brincadeira (está bem, me proponham a adjetivação: séria!), onde se faz necessário apenas, parceiros, espaço e toda uma vida...O dolo é fingirmos acreditar que isso, só é possível no quintal do vizinho.

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