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sábado, 28 de novembro de 2015

Quem tem medo de Evita?

                        

Eva Perón segundo Copi


                                       por Gessica Beda

   


  Desenhista de comics, dramaturgo, escritor de ficção, ator, transgressor, irônico, critico ... Raul Natali o Roque Damonte Botona cuja identidade literária é COPI dentre suas criações para teatro temos seu primeiro texto Un Angel para la Señora Lisca, La Journée d’une rêv Entre suas obras teatrais há dois monólogos (Loretta Strong e La Heladera), que Copi representou. Podemos ver todas suas características presentes em   eva peron.
        Seria apenas mais uma representação da manipulação burguesa, se ele não tivesse escolhido como nome e personagem central da trama Eva Peron. Mais ao longo do texto a denomina como evita como escolheu ser chamada disse em um de seus discursos:
“Quando escolhi ser "Evita" sei que escolhi o caminho do meu povo. Agora, a quatro anos daquela eleição, fica fácil demonstrar que efetivamente foi assim. Ninguém senão o povo me chama de "Evita"[8] . Somente aprenderam a me chamar assim os "descamisados". Os homens do governo, os dirigentes políticos, os embaixadores, os homens de empresa, profissionais, intelectuais, etc., que me visitam costumam me chamar de "Senhora"; e alguns inclusive me chamam publicamente de "Excelentíssima ou Digníssima Senhora" e ainda, às vezes, "Senhora Presidenta". Eles não vêem em mim mais do que a Eva Perón. Os descamisados, no entanto, só me conhecem como "Evita". Eu me apresentei assim pra eles, por outra parte, no dia em que saí ao encontro dos humildes da minha terra dizendo-lhes que preferia ser a "Evita" a ser a esposa do Presidente se esse "Evita" servia para mitigar alguma dor ou enxugar uma lágrima. E, coisa estranha, se os homens do governo, os dirigentes, os políticos, os embaixadores, os que me chamam de "Senhora" me chamassem de "Evita" eu acharia talvez tão estranho e fora de lugar como que se um garoto, um operário ou uma pessoa humilde do povo me chamasse de "Senhora". Mas creio que eles próprios achariam ainda mais estranho e ineficaz. Agora se me perguntassem o que é que eu prefiro, minha resposta não demoraria em sair de mim: gosto mais do meu nome de povo. Quando um garoto me chama de "Evita" me sinto mãe de todos os garotos e de todos os fracos e humildes da minha terra. Quando um operário me chama de "Evita" me sinto com orgulho "companheira" de todos os homens.
          Fica clara a imagem a qual ele quer questionar a Evita . Mulher perfeita? mãe do povo? santa evita? O trabalho de distanciamento crítico operado no texto é o que permite repetir, mas com diferença, criando assim esta outra imagem de Eva, que é a versão ridicularizada e grotesca da “original”(HUTCHEON, 1985, p. 19). Não só vitimando a figura mítica dela mais os discursos em torno dela.
      Nas primeiras cenas já podemos observar o texto rápido, apresentando a discursão de Evita e sua mãe a principio por um vestido de presidente   apresentando a possibilidade de mudança de comportamento ao colocar o figurino como uma atriz ao procurar a roupa de um personagem. Expondo já na primeira cena o câncer de forma manipuladora fazendo referência ao câncer uterino o qual levou o falecimento em 1952.                              Apresentando também o cenário que vai sendo desenhado em toda a peça o palácio onde ela morava, um quarto com corredor e muitas portas   sua mãe e representada com um personagem a principio moldado por seus interesses nos surpreende tramas com Ibiza   chegando a chingar sua própria filha.
      Ibiza um personagem muito interessante da trama tem um cunho estrategista e apaziguador das brigas entre mãe e filha, Peron traz a representatividade da imagem do Juan Domingo Perón  diante da figura de Evita como total aproveitador da imagem da mulher tendo sempre afirmativas em suas respostas ou lembranças de algo vivido sem nenhuma profundidade sentimental  na maioria das cenas em silencio se posicionando  apenas na cena final um enorme biffe sobre a imagem pregada de Evita a Evita do povo que contrasta perfeitamente com a imagem demostrada pelo autor por fim temos a empregada que sem dúvida e um personagem que ganha várias interpretações a princípio apenas a clássica imagem da empregada submissa e obediente mais depois ao se declarar peronista representa bem a visão popular diante de Evita mesmo diante de realidade continua a idolatrando e acaba por fim em seu lugar morta e exposta a multidões que não desconfiam de nada mesmo ao ver a imagem da empregada vestida com sua roupa e peruca; reafirmando mais uma vez que o povo não seguia a imagem da evita e sim o discurso ,sua imagem  ressignificada..
           O desejo de Evita expor sua superioridade fazendo um baile   apesar do plano de fingir sua morte  traz um outro enfoque a trama    fanny que não aparece na trama apenas nos comentários dos outros personagens traz a tona características calculistas estrategistas ,excêntricas ,da Evita , ou até mesmo a manipulação de sua mãe utilizando sua suposta conta na Suíça mostrando a verdadeira intenção de sua mãe essas a ações  continuadas, vertiginosas; a narração e seu ritmo bombardeiam o leitor pela sucessão de imagens e pelas reviravoltas nos eventos ,rápido como uma troca de foco numa câmera no cinema toda essa movimentação para o baile se quebra com o  assassinato da enfermeira, o leitor percebe que tudo fazia parte do plano original de fingir a morte de evita    .COPI afirmar e reafirma de várias formas a personalidade de Evita e dos outros personagens   nos dá ideia de que todos eles se conhecem profundamente mais os leitores não, e sempre haverá surpresas o texto acaba de forma desenhada reafirmando tudo que afirmou durante todo o texto uma espécie de comedia irônica com  uma impressão de suspenção no tempo como Nas tiras  desenhados por COPI .

          



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