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domingo, 15 de novembro de 2015

Dramaturgia, filosofia, política... Cláudio Aguiar lança livro com suas peças teatrais: A ÚLTIMA NOITE DE KAFKA : lançamento, com representação nos dias 18 e 19 de novembro de 2015, no auditório do PEN CLUBE, Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, às 17:30


                                            por Moisés Monteiro de Melo Neto*




Qual  a relação do escritor com a política, com a literatura, com o teatro? É a relação do escritor com o mundo democrático. Não permitir o silêncio do pensamento analítico e ao mesmo tempo atuar no mundo. Falar de políticos, por exemplo, é falar sempre de mãos sujas? Falar de liberdade e da quase impossibilidade de fuga em relação a isto, exceto para a alienação, fugir às responsabilidades. Daí a necessidade do engajamento. O papel dos intelectuais, do povo, na definição de políticas públicas. O papel do pensador  democrata. O texto politizado mostrando ao cidadão sua análise mais apurada do ser no mundo, resistindo a qualquer domínio tirânico.
Vivemos hoje, segunda década do século XXI, um clima muito quente de incertezas geladas pelas não-modificações necessárias que deveriam ter sido feitas há muito tempo e nós não as fizemos de modo radical, nem de modo algum. Fronteiras,dinheiro, sexo, afetos, evolução mental não-tecnológica etc. O que aconteceu em Paris na sesta-feira 13 de novembro de 2015 é apenas um pedaço da ponta do iceberg descolado da calota polar pela alta temperatura dos fatos. A crise de identidade que o Brasil atravessa, estereotipando em vez de aprofundar estudo sobre nosso caráter de negociação com a corrupção desde 22 de abril de 1500, em nome da permanência no Poder.
O neocolonialismo praticado há um século por Hollywood é só um pequeno exemplo, a indústria de armas, o domínio cibernético “inquestionável”, o comunismo agonizante será enterrado vivo levando momentaneamente o seu enigma.
Precisamos de textos politizados que não rompam com questão da ética, desmascarem sempre a má-fé, nos seus conchavos egoístas sem se preocupar com os outros.não temos o direito de despolitizar nada, nem sempre  a ironia ou o excesso de “seriedade” , separados pelo ódio ou amor (?) são suficientes para combater a opressão.
Nossa luta deve passar pelo prazer coletivo, pela exposição das nossas mazelas também no texto dramatúrgico. Como o dramaturgo Cláudio Aguiar o faz em várias das suas obras, como Suplício de Frei Caneca, A Última Noite de Kafka, e tantas outras agora lançadas neste livro de quase mil páginas que reúne sua dramaturgia completa. Pernambuco é cenário- Ágora em boa parte do Teatro aguiariano; sobre isto ele afirma: “os cenários geográficos de minhas histórias, via de regra, estão ligados à região onde nasci: o Nordeste do Brasil. Ceará e Pernambuco congregam o maior número de personalidades e situações elegidas por mim como referências fundamentais de meus livros. Se, por um lado, eu creia que esse requisito não seja decisivo para a eleição de temas abordados em livros, por outro, sou de opinião que ele não deve ser desprezado. A vivência em determinados locais parece sempre concorrer para se compreender melhor a experiência de tipos e personagens, embora eu entenda que tal afirmação não deva constituir regra geral. Ao escritor cabe uma responsabilidade de pensar livremente sobre todos os aspectos da humanidade e do próprio mundo, revisitando-os quando lhe aprouver. Da mesma forma, o localismo e o regionalismo não podem ser tomados como uma espécie de guarda-chuva obrigatório para abrigá-lo de chuvas ou temporais. Esse foco não poderá, nunca, abandonar a dimensão universal, que, aliás, pode ter como ponto de partida ou de chegada a própria aldeia.
Produzindo um texto que é, também, ética (que deve perpassar a política e até os afetos). Não o heideggeriano ser para a morte, angustiado, e sim o partir para a ação, sartriano. Nem sempre o inferno são os outros.  Sempre podemos mudar tudo, ou pelo menos questionar e propor algo. Isso se liga ao caráter trágico do não podermos fechar uma ideia definitiva sobre nenhuma pessoa até  o momento da morte dela.
Albert Camus, argelino afrancesado, e Jean-Paul Sartre, além de outras áreas, penetraram a seara da dramaturgia engajada com alguns textos, digamos assim, inquietantes. O Calígula de Camus é ímpar.
Abaixo o cartaz da peça de Cláudio Aguiar:


Escritor tcheco, Franz Kafka, tem sua última noite dramatizada
peça é escrita em versos
por Cláudio Aguiar
finalista do Prêmio Jabuti

É inescapável: a ação vai nos definir (o não agir, também) . Não combater a alienação é fortalecê-la! Temos que pensar a política trabalhar novelhos meios de unir teatro, filosofia, ética, democracia, comédia, drama, tragédia.... o que vier.

O resto é silêncio que precede tempestades...





Simone Beauvoir, Sartre e Guevara, Cuba 1960: a problemática do engajamento do escritor

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