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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sobre arte dramática




"A arte dramática dirige-se, como as artes representativas, aos nossos olhos, aos nossos ouvidos, ao nosso entendimento – em suma, à nossa presença integral. Por que reduzir a nada – e antecipadamente – qualquer esforço de síntese? Saberão os nossos artistas informar-nos? O poeta, de caneta na mão, fixa o seu sonho no papel. Fixa o ritmo, a sonoridade e as dimensões. Dá a ler, a declamar, o que escreveu; e, de novo, fixa-se no aspecto do leitor, na boca do declamador.  O pintor, com os pincéis na mão, fixa a sua visão tal como a quer interpretar; e a tela ou a parede determinam as dimensões; as cores mobilizam as linhas, as vibrações, as luzes e as sombras. – O escultor para, na sua visão interior, as formas e os seus movimentos, no momento exato em que o deseja; depois, imobiliza-as no barro, na pedra ou no bronze. – O arquiteto fixa, minuciosamente, pelos seus desenhos, as dimensões, a ordem e as formas múltiplas de sua construção; depois realiza-as no material conveniente. – O músico fixa nas páginas da partitura os sons e o seu ritmo; possui o mesmo, em grau matemático, o poder de determinar a intensidade e, sobretudo, a duração; enquanto o poeta não poderia fazê-lo senão aproximadamente, pois o leitor pode ler, a sua vontade, depressa ou devagar.” (Adolphe Appia, 1862-1928)


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