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sábado, 24 de janeiro de 2015

Anjos de fogo e gelo retrata Rimbaud e Verlaine, poetas franceses

Jornal do Commercio


Stella Maris Saldanha, Roger Bravo, George Meireles e Ivonete Melo

ARTES CÊNICAS
Ato, do Magiluth, é a zebra do Janeiro
Publicado em 05.02.2009
Peça feita com apenas R$ 3 mil desbancou Rasif e Anjos de fogo e gelo e levou troféu Melhor Espetáculo em cerimônia da Apacepe

Com o ator Bobby Mergulhão como mestre-de-cerimônias e interpretando uma de suas mais famosas personagens, Dona Verinha, a cerimônia de premiação dos melhores do Janeiro de Grandes Espetáculos, na noite da terça, foi um verdadeiro festival de prêmios. Trinta e nove estatuetas foram entregues aos indicados, sendo a mais disputada entregue ao grupo Magiluth, que levou o troféu de melhor espetáculo (eleito pela comissão julgadora) com Ato, desbancando o favoritismo de Rasif e a arrasa-quarteirão Anjos de fogo e gelo. O resultado surpreendeu os integrantes do grupo, uma das revelações do cenário artístico local dos últimos anos. Ato foi realizada com um orçamento baixíssimo (principalmente em relação a Rasif e Anjos..): R$ 3 mil. A peça levou ainda levou o prêmio Melhor Figurino, conquistado por Júlia Fontes.


Roger como Rimbaud



Jornal do Commercio
Destaques do Janeiro são premiados
Publicado em 03.02.2009

O 15º Janeiro de Grandes Espetáculos entrega hoje o troféu Apacepe de Teatro e Dança para os destaques do festival. A cerimônia, que acontece às 19h, no Teatro de Santa Isabel, é aberta ao público.
As peças indicadas ao prêmio de melhor espetáculo adulto são: Anjos de fogo e gelo, Ato e Rasif. A árvore de Julia, Historinhas de dentro e Outra vez, era uma vez concorrem ao prêmio de melhor espetáculo de teatro infantil. Enquanto que, na categoria dança, Tempo fragmentado e Imagens não explodidas disputam a preferência do júri.



Jornal do Commercio. 1 fev 2009»
ENTREVISTA  A  ATRIZ  DE ANJOS DE FOGO E GELO
 PERSONA/STELLA MARIS
Entre o palco, o jornalismo
Publicado em 01.02.2009
Dentro de uma rotina corrida e estressante, Stella Maris, que há cerca de 20 anos estava afastada dos palcos, encontrou na arte o equilíbrio necessário para enfrentar o dia a dia. Integrando o elenco de Anjos de fogo e gelo, ela planeja para 2009 uma turnê pelas capitais nordestinas. Apaixonada pelo teatro e pelos livros, Stella conta à repórter Manuella Antunes sua trajetória no jornalismo, na vida e no tablado.

JC – Há quanto tempo não fazia teatro?
STELLA MARIS – Voltei para os palcos depois de 20 anos. Nesse meio tempo, fiz duas Paixões de Cristo, mas nenhum espetáculo de temporada no teatro convencional.
JC – Qual o motivo de ter parado?
STELLA MARIS – Na época, houve uma mudança no cenário local, pois fazer teatro é caro e difícil. Aliado a isso, minha vida como jornalista engolia meu tempo. Todo ano eu dizia que voltaria a atuar, mas não conseguia.
JC – E qual o motivo da retomada?
STELLA MARIS – Faltou equilíbrio na minha vida. O jornalismo é comunicação acima de tudo. E o teatro é a criação e estava em falta com o exercício criativo, ficou difícil até respirar. Tinha que voltar, surgiu o convite para Anjos de fogo e gelo e aceitei na hora.
JC – Como você descreve sua relação com o teatro?
STELLA MARIS – Depois de nove espetáculos e duas Paixões de Cristo, posso dizer que, antes de tudo, sou uma apaixonada pelo teatro.
JC – Qual desses espetáculos é a menina dos seus olhos?
STELLA MARIS – Os fuzis da Senhora Carrar. Foi uma montagem belíssima onde, com 18 anos, interpretei uma mulher de 40. Era época de ditadura no Brasil e a peça pôde, com metafóras, discutir o regime.
JC – Professora, jornalista e atriz. Como administra tudo?
STELLA MARIS – Trouxe a rotina da televisão para minha vida. Priorizo o que é mais importante e faço cada minuto render o máximo.
JC – Quando consegue parar, o que gosta de fazer?
STELLA MARIS – Sou apaixonada por literatura. Perto da cama, tenho um pilha de livros e, sempre que tenho tempo, pego um deles. Ler é a primeira coisa que faço quando acordo, antes do dia começar.
JC – E o teatro em 2009?
STELLA MARIS – Começaremos uma turnê que, inicialmente, passará pelas principais capitais do Nordeste.J




Parte da equipe responsável por Anjos de Fogo e Gelo






Folha de Pernambuco.  30/01/2009
Janeiro de Grandes Espetáculos se despede
“Anjos de Fogo e Gelo” está na programação de encerramento


 
Foram três semanas intensas para organizadores, técnicos, júri, diretores e atores. E público, claro, parte fundamental para a manutenção e desenvolvimento do Janeiro de Grandes Espetáculos, cuja 15ª edição encerra nesse fim de semana. Hoje, no Santa Isabel, a ousada história de amor dos poetas Arthur Rimbaud e Paul Verlaine ganha o palco com “Anjos de Fogo e Gelo”.
O espetáculo coloca em cena momentos decisivos da vida dos dois poetas; a crise do casamento de Verlaine, a incompreensão da mãe de Rimbaud com relacionamento. A apresentação é às 21h. Já no Teatro Apolo, às 19h, Ivaldo Mendonça em Grupo apresenta “Tempo Fragmento”, espetáculo de dança contemporânea.
Amanhã, último dia da maratona, é dia de rever “Rasif - Mar Que Arrebenta”, do Coletivo Angu de Teatro. Baseada no livro homônimo de Marcelino Freire, a peça traduz em linguagem cênica doze contos que revelam as fissuras do tecido social brasileiro contemporâneo. Personagens obscuros se cruzam com figuras cômicas para traduzir emoções e dissabores.“Rasif” está no Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h.
Também no sábado o publico vai poder assistir de novo “As Andanças do Divino”(às 21h, no Santa Isabel), do Balé Popular do Recife. O espetáculo celebra os 30 anos da companhia, completados ano passado, unindo teatro e dança em cima da história de um mamulengueiro que sai do Sertão rumo ao litoral. E fechando a programação infantil, “Historinhas de Dentro” (às 16h30, no Barreto Junior), do Grupo de Teatro Quadro de Cena, narra a trajetória de uma menina que descobre, numa viagem ao interior do seu corpo, um grande circo. Os ingressos para os espetáculos no Santa Isabel custam R$ 15 e R$ 7,50. Demais teatros, R$ 10 e R$ 5.




FOLHA DE PERNAMBUCO. CADERNO PROGRAMA. PÁGINA  5 EM 04/11/2008.
Teatro nordestino pede parada em São Paulo
A
programação é variada, e vai até o dia 3 de dezembro.

                                                                                    Talles Colatino


Não soa estranho que São Paulo seja a maior cidade nordestina do País. E para exercer uma proximidade ainda maior entre a região e a metrópole, tem início hoje, lá na terra do céu cinza, a Mostra Paulista do Teatro Nordestino. Até o dia 3 de dezembro, uma série de atividades gratuitas relacionadas à produção teatral da região ocupa o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e o Centro Cultural São Paulo (CCSP), incluindo peças, leituras dramáticas e demonstrações de trabalho. A mostra também recebe a 6ª Semana do Teatro Nordestino, reunindo dramaturgos de São Paulo e do Nordeste em mesas de debates e lançamentos de livros.
O fato de abrir as portas de dois dos mais importantes centros culturais do País (o CCBB e o CCSP) à Dramaturgia Nordestina é um ato de reconhecimento do valor de autores e de criadores cênicos, abundantes nessa região, que tornam o Brasil um dos lugares do planeta onde o teatro está mais vivo do que nunca. Se o evento conseguir abrir um pouco mais o diálogo entre Nordeste e Sudeste, em meio às luzes e às sombras da cena, terá cumprido importante papel”, afirma Sebastião Milaré, curador da Mostra.
As quatro montagens selecionadas para se apresentar no evento homenageiam o pesquisador e dramaturgo alagoano Altimar Pimentel, falecido esse ano. Pimentel é autor de “A Construção”, uma das peças emblemáticas do final dos anos 60, encenada em 1969, pelo Grupo A Comuna,  de Amir Haddad, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. De autoria do dramaturgo, a mostra traz ao palco “Como Nasce um Cabra da Peste”, com a companhia paraibana Agitada Gang.
Pernambuco vai representado pela companhia Arte-em-Cena, com seu já clássico “Deus Danado”. “Lesados” (CE) e Sinhá Flor (PB) completam o time de espetáculos.
SEMANA
Como parte da programação da Mostra, pela primeira vez São Paulo é palco da Semana do Teatro Nordestino, evento que acontece anualmente em Natal (RN) desde 2003, por iniciativa da Associação dos Dramaturgos do Nordeste. A programação da Semana inclui lançamento de livros e palestras com dramaturgos nordestinos e paulistas. “A idéia principal foi dar acesso aos criadores cênicos paulistas, aos estudiosos e ao público interessado de São Paulo a obras dramatúrgicas produzidas no Nordeste. Essa idéia ia ao encontro da proposta básica da Associação de Dramaturgos do Nordeste, que é difundir essa produção dramatúrgica”, conta Sebastião Milaré, mediador das mesas.
Para as palestras, os dramaturgos convidados são: Cleise Furtado Mendes (BA); Oswald Barroso, José Maria Mapurunga, Rafael Martins, Yuri Yamamoto (CE); Tácito Borralho (MA); Eliézer Rolim, Elpídio Navarro, Paulo Vieira, Celly Albuquerque (PB); João Denys(autor de “Deus Danado”), Moisés Neto (autor de “Anjos de Fogo e Gelo”), Romildo Moreira (PE); Ací Campelo (PI); Racine Santos, Paulo Dumaresq (RN); Lindolfo Amaral (SE); Luis Alberto de Abreu, Márcio Aurélio e Newton Moreno (SP). Lá, toda a programação é gratuita.


» BARRETO JÚNIOR
Anjos de fogo e gelo em DVD
Publicado
em 31.10.2008
A apresentação de Anjos de fogo e gelo de amanhã tem sabor especial. A peça, que traz o polêmico relacionamento entre os poetas Rimbaud e Verlaine, foi gravada em um DVD que é lançado amanhã. Com cinqüenta e cinco minutos de duração e legendas em francês e inglês, o material traz depoimentos do elenco e do diretor da peça, José Francisco. O plano de direção e os desafios enfrentados pela produção para montagem do espetáculo são comentados ali. A peça está em cartaz no Teatro Barreto Júnior, sábados e domingos às 20h.

George Meireles, como Verlaine e Ivonete Melo como Vitalie


ANJOS DE FOGO E DE GELO

Saturday, October 11, 2008

O CICLISTA vai ao teatro



O ator Rogério Bravo, mui generosamente, me franqueou entradas para o espetáculo ANJOS DE FOGO E GELO. Confesso que temi – não pelo Rogério, que é um ator sensível e competente, mas pela onda (eterna, meu Deus!) de “travestismo” que ocupa os palcos recifenses; ando tão cansado do exagero, de atores berrando abobrinhas...

Mas encontrei um elenco afinado, uma luz que funciona, marcações perfeitas, um figurino impecável – destaque para Rogério Bravo, que dá conta de um personagem difícil, e a atuação poderosa de Stella Maris Saldanha – que sequer aparece no cartaz - a todo momento roubando a cena – sua mão, delicadamente dobrando o vestido ao descer do palco, é a mão de uma mulher do século XIX. “Deus está no detalhe”, reza o ditado alemão. A atuação dos grandes atores, também.

Vão ver o quanto antes, porque o teatro, meus queridos, é fugaz como a vida e não está para os indecisos.
Walther Moreira Santos

 

 

Sábado, 13 de Setembro de 2008

ANGES DE FLAMME ET DE GLACE - Pièce de théâtre


"[...] L'arrivée de Rimbaud en enfer".

"Rimbaud : La lune blanche luit dans le bois. De chaque branche part une voix sous la ramée… Ô bien-aimée ! L’étang reflète, profond miroir, la silhouette du saule noir où le vent pleure… Rêvons, c’est l’heure. Un vaste et tendre apaisement semble descendre du firmament que l’astre irise…"

Verlaine: Pâle étoile du matin, tourne devers le poète [...]".*



Sempre foi dito que tanto ao dramaturgo quanto ao poeta se deve consentir liberdade de espírito e de texto e Moisés Neto, autor da peça Anjos de Fogo e Gelo, usou e abusou dessa liberdade.
A fala inicial, transcrita acima, é um trecho do magistral “La Lune Blanche”, do poema “La Bonne Chanson”, de Paul Verlaine, colocado na boca de Arthur Rimbaud, no que o autor imaginou ser o momento da chegada do poeta ao inferno e com o qual inicia a descrição de parte da vida e da obra de Rimbaud, ambas patrimônios da humanidade. No dia 30 de agosto passado fui ao Recife, entre outras coisas para assistir, como convidado, à estréia da peça referida acima e, confesso, não me arrependi. Revi amigos que não encontrava há muito tempo, refleti, debaixo de uma árvore do fruta-pão toda florida, a respeito dos Rimbauds, Verlaines, Mathildes e Vitalies existentes em cada um de nós e fiquei feliz com o que o diretor de “Anjos de Fogo e Gelo”, o consagrado José Francisco Filho, conseguiu fazer com o bizarro texto colocado em suas mãos. Trabalho muito difícil, tenho a certeza.

O texto, como podem deduzir da abertura, é um coletânea não só de poemas de Rimbaud, mas também de alguns de Verlaine, juntamente com uma descrição livre, feita pelo autor, de fatos da vida dos dois, inseridos para facilitar a compreensão dos assistentes. Os poemas também foram livremente adaptados à prosa, tentando tornar o texto mais perceptível.
Se o resultado está sendo conseguido, deixo a resposta ao público e à crítica.

O diretor, esse sim, deve ter feito das “tripas coração” para prender a platéia - como de fato prende - durante a quase uma hora de duração da peça, já que Rimbaud, o poeta, é denso e Arthur, o homem, complexo demais, para serem - poeta e homem - facilmente compreendidos pelo público do meu querido Recife, nem sempre aberto à poesia, ao teatro ou a comportamentos humanos. De minha parte, ainda que não sendo crítico teatral, captei uma certa insegurança dos protagonistas masculinos, bastante natural em estréias impactantes, talvez fruto do natural receio da reação que o texto e as marcas poderiam gerar nos assistentes. Receio desnecessário, ao menos naquela estréia. Considero um dos destaques da peça - não sei se fruto do texto criado pelo autor, se do trabalho do diretor - a força das duas mulheres presentes no palco: Vitalie, mãe de Arthur Rimbaud e Mathilde, mulher de Paul Verlaine, que conseguem ser protagonistas de uma narrativa na qual seriam coadjuvantes. Mathilde, numa excelente interpretação de Stela Maris Saldanha, conduz linearmente todo o texto, tornando-se no elo de ligação entre as narrativas. Graças à atriz, o texto ficou bem mais fácil para os leigos. Vitalie, também muito bem interpretada, transforma em momentos de comicidade a dispensável maldade que lhe tentaram atribuir. Discordo, data venia, de quem pensou mostrar Vitalie Rimbaud como um mulher amarga, ambiciosa e cruel na relação com o filho.
Vitalie era uma mulher da burguesia rural do interior da França na época de Napoleão III, no rígido século XIX, e o filho era um gênio, que poderia ter nascido em qualquer lugar ou em qualquer época. Impossível, portanto, para uma mulher comum como Vitalie, entender as idiossincrasias de Arthur sem as criticar, aceitar e conviver com os seus atos sem se magoar, sem os recriminar. Daí, porém, a ser uma mãe sem amor, só interessada, anos mais tarde, nos lucros nascentes de Le bateau Ivre e dos demais poemas, eu não concordo. Ainda bem que Ivonete Melo conseguiu minimizar (mostrando ingenuidade) a suposta ambição de Vitalie Rimbaud. A música (muitíssimo bem escolhida) e a iluminação completam o texto e a direção. Parabéns ao autor, ao diretor, aos quatro atores e a toda a equipe, que estão levando ao Recife um momento mágico da vida de pessoas mágicas, em um espetáculo que poderá alçar vôos ainda mais altos.

Aos que estejam no Recife e leiam esta postagem, sugiro que vão ao teatro Barreto Júnior e apreciem o espetáculo, pois vale a pena sim senhor.

Por puro diletantismo, para matar o tempo, resolvi colocar na língua mãe dos quatro personagens o texto de Moisés Neto, tarefa difícil devido ao "melting pot textual" que ele é, mas tenho me distraído bastante e o “trabalho” contribuído para que possa melhor conhecer a obra dos dois poetas. O título em francês - Anges de Flamme et de Glace - não é meu, mas emprestado de Arthur Rimbaud, mesmo assim, por se tratar da versão em outro idioma de uma obra teatral, é bom estar registrado (na versão em francês, é claro), para evitar constrangimentos ulteriores.
____________
 Captado  em 5-out-2008
http://lugardosouto1.blogspot.com/2008/09/anges-de-flamme-et-de-glace-rimbaud.html


Professora de Jornalismo estréia peça no Teatro Barreto Júnior
Por Lucélia Brito

Poetas e amantes, Paul Verlaine e Arthur Rimbaud estão tendo suas vidas encenadas em Anjos de fogo e gelo. A peça estreou sábado (30), às 20h, no Teatro Barreto Júnior, e conta com a participação da professora do curso de Jornalismo da Católica Stella Maris Saldanha, no papel de Mathilde, esposa de Verlaine. A direção do espetáculo é de José Francisco Filho, ex-integrante do Teatro da Universidade Católica de Pernambuco (Tucap).
Na fase liderada por José Francisco Filho e Carlos Borba, entre 1973 e 1975, o Tucap se tornou um dos melhores grupos de teatro amador de Pernambuco, conquistando mais de 30 prêmios. Durante a sua trajetória no grupo, que durou até 1984, José Francisco Filho dirigiu as montagens Torturas de um coração (1972), A revolta dos brinquedos (1972), Prometeu acorrentado (1973), Os escolhidos (1974), A barca d’ajuda (1975) e A farsa do Mestre Pathelin (1984).
O retorno aos palcos da professora Stella Maris também era aguardado com expectativa.“Volto para o teatro depois de muitos anos de ausência. Nesse intervalo, que começou no final dos anos 80, interpretei Maria por duas vezes na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, mas não atuei por nenhuma temporada maior”, contou Stella Maris.
O espetáculo Anjos de fogo e gelo retrata o período no qual Verlaine, poeta já renomado, convida Rimbaud para morar com ele e sua mulher, Mathilde. A peça mostra momentos decisivos da vida dos dois poetas, a partir da cumplicidade e da paixão entre eles. A crise no casamento de Verlaine, a incompreensão da mãe de Rimbaud e reprovação da sociedade francesa diante do amor entre os poetas são alguns dos temas abordados. 
Dono de uma poesia lírica e singular, Paul Verlaine se casou com Mathilde Mauté de Fleurville numa tentativa de acomodar-se a uma vida familiar. Mas tudo mudou quando o poeta conheceu Jean-Nicolas-Arthur Rimbaud, jovem que o fascinava e se tornou seu amante. Rimbaud começou a escrever poemas quando tinha apenas 12 anos e aos 19 deu por encerrada sua obra literária. Precoce e cheio de inquietações, o poeta desenvolveu uma obra incomum, densa e delicada. Admirador de Verlaine, em 1871 Rimbaud escreveu sua primeira carta para aquele que seria seu maior companheiro.
A união dos poetas causou uma mágoa profunda em Mathilde, a esposa traída, levando Verlaine a se afastar de Rimbaud. Hostilizados pelo meio intelectual francês, Verlaine e Rimbaud se aventuraram pela Europa, numa viagem na qual escreveram poemas que modificaram para sempre a poesia ocidental. De volta ao continente europeu, Verlaine
trabalhou em "Romances sem Palavras", enquanto Rimbaud publicou "Uma temporada no inferno". Depois de várias rupturas e reconciliações, em 1873, Verlaine deu um tiro de pistola em Rimbaud, em Bruxelas.
A montagem Anjos de fogo e gelo tem texto de Moisés Neto e atuações de George Meireles, Roger Bravo, Stella Maris Saldanha e Ivonete Melo. O espetáculo fica em cartaz no Teatro Barreto Júnior até o dia 16 de novembro, aos sábados e domingos, sempre às 20h.


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Em busca do tom
Escrito por  Alexandre Figueirôa   
O espetáculo Anjos de fogo e gelo não chega a ser a redenção de uma cena na qual as comédias de gosto duvidoso dão o tom, mas nos faz ver que nem tudo está perdido

Um espetáculo para marcar múltiplos retornos. Assim é Anjos de fogo e gelo, peça em cartaz até novembro no Teatro Barreto Júnior.  Ela assinala a reabertura, devidamente reformada, de uma das poucas salas municipais exclusivas para as artes cênicas no Recife. Traz de volta, também, um encenador – José Francisco –, que andava afastado dos palcos; uma atriz – Stella Maris Saldanha –, cuja carreira ficou adormecida pela necessidade de enfrentar a ribalta do jornalismo; um autor – Moisés Neto –,  que afirma ter voltado à adolescência de leitor voraz de poemas de Rimbaud; e, ainda, um tema, cuja mística enfeitiça o Ocidente e já inspirou outras tantas peças, filmes e livros: a turbulenta relação entre os poetas Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, no final do século 19, na França.


Numa cidade onde as comédias de gosto duvidoso dão o tom, não deixa de ser animador ver mais um grupo de pessoas se debruçar sobre um projeto teatral que tenta escapar das fórmulas previsíveis do humor fácil e afirmar: o teatro pernambucano permanece vivo. Por isso acho ser obrigação da crítica não baixar a voz e, mais uma vez, buscar estabelecer um diálogo sereno e propositivo com esta cena que resiste. Na troca de impressões, talvez consigamos recuperar um espaço que, infelizmente, vem sendo ocupado, cada vez mais, pelas manifestações artísticas massivas onde qualidade e apuro estético pouco importam.
Isto não significa que Anjos de fogo e gelo consiga ser a redenção de tantos conflitos, mas nos faz ver que nem tudo está perdido.  Em primeiro lugar, é preciso ressaltar o cuidado da produção, equilibrando os recursos materiais disponíveis a partir de uma coerente articulação entre a proposta de encenação e os elementos cenográficos. No figurino, predominam as cores marrom e bege e, junto com a iluminação, em tom amarelo cobre, temos a impressão de que folheamos as páginas envelhecidas de um livro esquecido na estante. As plataformas por onde circulam os atores, com degraus decorados com sinais de escrita, também conseguem dar unidade ao drama que se desenrola diante do espectador e funcionam de forma precisa como elementos para definição do jogo dramático proposto.


Alex Alencar, na sua coluna do JC, Caderno C
Publicado em 26.09.2008:
Não diria que o relacionamento homo tornou-se algo absolutamente natural. Pela evolução no mundo, pelas propostas das novas religiões, bem poderosas, ou de novas maneiras de acreditar e ter fé num Deus. As várias igrejas que partem de um país e vão atravessando pacificamente outras fronteiras mudaram as idéias e posicionamentos. A liberdade e os novos direitos que surgiram permitiram que atrizes famosas, ou pessoas com elevado nível social e financeiro, até militares tomaram a decisão de posar para fotos de jornais confessando que são do mesmo sexo mas que se amam. Atitude forte. Claro que muitos não aceitam, mas que fiquem apenas com seu direito. Não persigam, não matem nem maltratem aqueles que fizeram a opção. Tenho um DVD que narra o relacionamento amoroso de dois dos maiores poetas franceses em toda história da literatura francesa, são Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. No filme quem interpretou Rimbaud foi Leonardo De Caprio, que vem se revelando bom ator, o Verlaine teve como intérprete um ator francês. Não vou comentar o filme. Mas a história amorosa e dramática dos dois poetas está sendo representada no teatro Barreto Júnior aos sábados e domingos com o título de Anjos de fogo e gelo, dirigido por José Francisco. Tenho ouvido muitos depoimentos sobre a peça. Vera Brandão achou colossal, e tem bom gosto. O tema é insólito, mas deve ser visto.




O escritor e jornalista Raimundo Carrero escreve sobre ANJOS DE FOGO E GELO no SUPLEMENTO CULTURAL DO DIÁRIO OFICIAL do Governo do Estado de Pernambuco (Editado pela CEPE em Setembro de 2008):


SOBRE O AMOR MAGOADO

            O que mais importa  na arte: o artista  ou a obra?  A pergunta nem sempre tem resposta segura.  Em  princípio pode-se dizer,  simplesmente, a arte. O  que seria o ideal, claro.  Mas nem sempre é assim.  Há  vidas que superam  o objeto artístico  e se impõem  pela forma,  pela qualidade.  Pela loucura,  talvez.  E há casos em que arte e artista se confundem  tanto, que uma coisa jamais será separada da outra. É o caso das vidas de Rimbaud e Verlaine? Ou seria  mais apropriado  dizer das duas em uma só?
Os dois  se transformaram em  símbolos do amor  gay,  embora cheios de violência, sofrimento e dor. E não somente para eles;  também  para as esposas e,  lógico,  para os parentes e amigos. E é justamente  para refletir sobre essa turbulência que está em  cartaz,  no Teatro Barreto Júnior, a peça “Anjos de fogo e gelo”,  de Moisés Neto,  som e direção de José Francisco.  Um espetáculo  difícil,  que exige o máximo do elenco,  sobretudo de George Meireles  e Roger  Bravo.
Além da natural e óbvia responsabilidade de encarnarem personagens-símbolos de toda uma geração e de toda uma época, enfrentam  um texto exigente  naquilo que  a peça de teatro  tem  de mais significativo: o condicionante  humano no tratamento  do mundo gay.  Algo que provoca sempre divergências profundas e gestos desmesurados. É claro que não é atributo apenas  de pessoas do mesmo sexo. As atribuições estão em todos. Mas, no caso especial dos dois, que também geraram  obras de artes extraordinárias, a paixão e a convivência causariam, como  causaram,  muitas inquietações.
Basta lembrar o tiro que Verlaine  deu em Rimbaud,  na Bélgica,  e que por isso TVE de pagar pena de prisão. É claro que o tratamento agressivo pode ocorrer entre casais os mais diversos, do mesmo sexo ou não.  Violência não tem particularidade.  O efeito da luta, porém, recebe hábil tratamento no texto do experimentado Moisés Neto, através de referências e alusões.  Até porque um tema que começa a entrar na infalível lista do lugar-comum é  a violência.
A direção da peça não conseguiu evitar outro lugar-comum da arte contemporânea:   as cenas de sexo. A arte contemporânea terá  que superar esse impasse – seria mesmo um impasse? – de tratar o sexo e a violência em todas as manifestações artísticas. Sobretudo no caso do amor entre pessoas do mesmo sexo. É algo que está beirando o óbvio e, por isso mesmo, precisa ser repensado. O sexo ainda causaria, mesmo, estranhamento artístico?  É um elemento artístico de qualidade?  Ou ainda provoca escândalo e,por ser escandaloso,  geraria o fator artístico?  É o caminho?  Uma das questões da contemporaneidade,  em que a violência e o sexo estão terrivelmente presentes, precisa receber outro tratamento, que não seja apenas pela beleza ou pelo escândalo.
No entanto, o que mais se ressalta no texto de Moisés Neto é o equilíbrio cênico, o que também é um atributo do diretor. Dentro de um cenário leve, também com ótimo equilíbrio de luz, pode-se acreditar, sinceramente, naqueles dois seres dilacerados, na pele de George Meireles e Roger Bravo,  sem esquecer as duas  atrizes Stella Maris e Ivonete Melo. As duas, aliás, fazia tempo que não pisavam  no palco. E estão ótimas.  Seguras, firmes. Trabalhando este lado mais inquietante do drama teatral que, no entanto, não tem nada de teatral – na origem  são duas mulheres que se debatem  entre a dor e o amor.  E nada mais intranqüilo  do que o amor magoado. O amor que se debate entre o choro e o soluço.



JORNAL DO COMMERCIO:
Anjos e fogo e gelo grava DVD no Barreto
Publicado no CADERNO C  em 19.09.2008
Iniciando a quarta semana de exibição, Anjos de fogo e gelo, peça que mostra o conturbado relacionamento entre os poetas franceses Rimbaud e Verlaine, será gravada em DVD amanhã, às 20h, no Teatro Barreto Júnior. Quatro câmeras captarão as imagens e microfones direcionais serão instalados nas coxias do teatro garantindo a qualidade do som. O DVD será legendado em inglês e francês. O material será usado também para divulgar o espetáculo nos principais festivais cênicos do País. Com texto de Moisés Neto e direção de José Francisco Filho, a peça traz George Meireles (Verlaine), Roger Bravo (Rimbaud) Stella Maris Saldanha (Mathilde) e Ivonete Melo (Vitalie). O ingresso custa R$ 20, inteira, e R$ 10 (estudante).


JORNAL DO COMMERCIO
Coluna social  DIA-A-DIA. Segunda-feira, 01/09/08:
Estréia de sucesso: Arrebentou a estréia da peça Anjos de fogo e gelo, no Barreto Júnior, sábado. O teatro teve lotação esgotada, com direito a muitos conhecidos na platéia. Por lá: Turíbio e Zezinho Santos, Carlos Trevi, Paula Ribeiro... que gravaram depoimentos sobre a peça. Detalhe: para o espetáculo de ontem, mais de 100 ingressos já haviam sido vendidos até a noite de sábado.



Publicado no DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Em 01.09.08

Rimbaud e Verlaine:
Anjos de fogo e gelo estréia com teatro lotado

Tatiana Meira // Diario
tmeira@diariodepernambuco.com.br



Para o diretor José Francisco Filho, fazer teatro é como andar de bicicleta. Você pode passar anos sem ter contato com o palco, mas quando decide retornar, esta volta transcorre naturalmente. A julgar pela interpretação do elenco de Anjos de fogo e gelo, que fez sua estréia neste final de semana, no Teatro Barreto Júnior, o diretor tem razão. Quatro atores estão em cena - Roger Bravo, George Meireles, Stella Maris Saldanha e Ivonete Melo.Os três últimos não encaravam os espectadores numa peça adulta há anos e defenderam com dignidade seus papéis.

Apesar da atuação correta e da produção impecável, a história do amor conturbado entre os poetas Paul Verlaine (George Meireles) e Arthur Rimbaud (Roger Bravo), em plena Europa do século 19, carece de mais emoção. Não sei se esta impressão persiste por estarmos acostumados a textos mais lineares. A peça inova e coloca os personagens mergulhados em seu próprio fluxo de consciência. Da acolhida de Rimbaud pelafamília de Verlaine, ao fim do casamento entre este e a aristocrata Mathilde, ou a passagem de Rimbaud pela África, somos apresentados a situações-limite, e há instantes, como na primeira cena, em que a poesia se confunde com os diálogos.

O texto, de autoria de Moisés Neto, também evita o caminho mais fácil ao apenas pincelar os fatos mais conhecidos do relacionamento tempestuoso dos poetas. Os dois tiros que Verlaine deu em Rimbaud, e que o levaram a ficar um ano e meio numa prisão da Bélgica, são apenas citados, ficando tudo nas entrelinhas.

A questão da homossexualidade também poderia ser tratada com menos pudores. Na segunda cena da peça, quando Verlaine e Rimbaud ficam nus e fazem sexo, o palco fica quase na penumbra. Eles atingem o clímax e, instantes depois, já estão discutindo novamente, como se nada de importante tivesse acontecido. Verlaine corre para vestir a roupa de baixo, como se ficasse envergonhado do próprio corpo. Nota dez para os figurinos e adereços de época criados por Aníbal Santiago e para o cenário de Marcondes Lima, com várias escadarias e plataformas de madeira por onde o quarteto se movimenta.

Extremamente pontuais em relação ao teatro local, que costuma atrasar em até meia hora o início de uma peça, Anjos de fogo e gelo começou às 20h05 do último sábado. A platéia do Barreto Júnior estava abarrotada de gente e quem chegou por último precisou se acomodar nos corredores laterais, ficando em pé, enconstado nas paredes. Ao contrário de outras ocasiões, porém, o elenco não agradeceu formalmente à presença do público, nem aproveitou a oportunidade para explicar até quando ficariam em cartaz. Apenas Roger Bravo e Ivonete Melo se abraçaram ao final do espetáculo, talvez pela tensão da estréia.

Em seguida, as luzes do palco se apagaram e o público começou a deixar a sala. A platéia, aliás, continua mal-educada: os celulares tocaram repetidas vezes durante a encenação. Quem comparecer à temporada, que continua até meados de novembro, aos sábados e domingos, às 20h, pode adquirir o programa da peça junto com um brinde - um CD com poesias de Rimbaud e Verlaine- por R$ 5.




 ESTREIA: Poesia e erotismo em lavagem de roupa suja
Publicado no JORNAL DO COMMERCIO em 01.09.2008
Marcos Toledo
mtoledo@jc.com.br
O público recifense lotou o recém-reaberto Teatro Barreto Júnior, no Pina, anteontem, para conferir a estréia de Anjos de fogo e gelo, espetáculo dirigido por José Francisco a partir de texto de Moisés Neto. Apesar do zunzunzum gerado pela polêmica em torno do tema, a relação amorosa entre os poetas franceses Rimbaud e Verlaine, a peça, com menos de uma hora de duração, contém apenas uma seqüência de erotismo (a programação visual do material de divulgação pode gerar expectativa) e foca mais na tensão do triângulo amoroso formado pelo par central e a esposa de Verlaine, Mathilde.
Mesmo quando não há figurino em cena, Anjos de fogo e gelo é uma grande lavagem de roupa suja entre os personagens supracitados e a mãe de Rimbaud, Vitalie. Bem-escolhidos, os atores encarnam bem os papéis aos quais foram destinados: Roger Bravo, na pele do jovem, arrogante e desmedido Rimbaud, George Meireles, como o inseguro Verlaine, Stela Maris encarnando a preterida e rancorosa Mathilde, e Ivonete Melo como a mãe amargurada Vitalie, responsável por algumas das falas mais engraçadas da peça.
Apesar da tensão da estréia, e até pela larga experiência dos profissionais envolvidos, o espetáculo se saiu bem em sua primeira apresentação. O texto, porém, tem uma particularidade: mescla momentos históricos de uma maneira paradidática, mas necessária, com citações poéticas e diálogos de conflito dos personagens. Há contudo, um certo desequilíbrio entre os momentos de mágoa – mais fortes –, os românticos e os líricos.
Em um cenário bem bolado, que segue uma tendência prática e funcional, o elenco destila os dilemas dos personagens se movimentando de forma bem coreografada que deixa o trabalho mais dinâmico. A boa trilha sonora e o belo figurino de época completam os pontos fortes da peça que, tecnicamente, coloca-se acima da média da produção local.



DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Quinta-feira- 28.08.08

O amor conturbado de Rimbaud e Verlaine
por Tatiana Meira


Estréia // Anjos de fogo e gelo inicia temporada sábado no Teatro Barreto Júnior e quebra o jejum dos atores George Meireles, Stella Maris Saldanha e Ivonete Melo, que estavam distantes dos palcos
Tatiana Meira // Diário: tmeira@diariodepernambuco.com.br

Quando assistiu à montagem carioca Pólvora e poesia, sobre o relacionamento tempestuoso entre os poetas Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, George Meireles gostou do resultado, mas sentiu falta de um enfoque maior na obra dos artistas cujo romance conturbado movimentou os cafés parisienses no final do século 19. A vontade de interpretar este drama amoroso que gerou polêmica acabou tornando irrecusável o convite feito ao ator - há uma década longe da ribalta - pelo diretor José Francisco Filho e pelo escritor Moisés Neto, autor do texto original de Anjos de fogo e gelo. A estréia do espetáculo será neste sábado, no Teatro Barreto Júnior, no Pina, com temporada até 16 de novembro, sempre aos sábados e domingos, às 20h. "A poesia é a forma do texto, que assume um formato diferente, o que me instigou muito", destaca George.


Com uma trama enxuta, de 55 minutos, Anjos de fogo e gelo relata a história dos dois poetas, vividos por George Meireles (que faz Verlaine em dois momentos, aos 27 e aos 60 anos) e Roger Bravo (Rimbaud), etambém marca a volta à cena das atrizes Stella Maris Saldanha (a aristocrata Mathilde Mauté de Fleurville, que viu seu casamento de dois anos com Verlaine ser esfacelado quando ele se interessou por Rimbaud) e Ivonete Melo (na pele de Vitalie, a mãe de Rimbaud). "O quinto ator é a luz, que faz com que o público se reporte aos atores e aos planos e escadarias onde se realiza a ação", diz o diretor José Francisco Filho.

Ele explica que os cenários de tom expressionista criados por Marcondes Lima contrastam com os figurinos rebuscados de época pensados por Aníbal Santiago, numa reconstituição rigorosa da indumentária do final do século 19. A trilha sonora erudita proposta por Fernando Lobo, a maquiagem de Henrique Melo e a direção de arte de Renato Filho também ajudam a dar o tom naturalista da montagem, onde os atores foram orientados a economizar nos gestos e na voz e a focar a interpretação nas expressões faciais. "Todo o trabalho é fruto de muita pesquisa, do cuidado com os fatos históricos, para conseguir passar ao público a vida e a obra de Verlaine e Rimbaud", pontua o diretor.

Stella Maris Saldanha está muito emocionada com este retorno aos palcos. "Tenho uma relação muito visceral com o teatro, mas estava sem atuar desde o final da década de 1980, embora tenha participado duas vezes da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém", recorda Stella. Para ela, Mathilde tem um papel estratégico no triângulo amoroso que acaba formando com Verlaine e Rimbaud, experimentando um processo de muito sofrimento. "Ela fica amargurada, magoada, pois é surpreendida por esta relação tempestuosa, até que a dor fica insuportável", explica. A atriz afirma que também está feliz por perceber um "burburinho", uma chama que se acende novamente na cena teatral pernambucana. "Já fomos a terceira capital em produção teatral no país, atrás apenas do Rio e de São Paulo. Temos um movimento muito generoso na música e no cinema, mas no teatro esta palidez ainda está se desfazendo".

Na opinião de Roger Bravo, os oito meses transcorridos entre a leitura do texto e os ensaios vêm sendo bastante intensos. "É um mergulho no desconhecido, uma experiência libertadora, sem fórmulas a seguir", diz Roger, que fica praticamente o tempo todo em cena como Rimbaud, o que exige um alto nível de concentração.

George Meireles acredita que participar de Anjos de fogo e gelo é ainda mais provocador porque o ambiente é simples e não restam "muletas" para apoiar a interpretação do elenco. "É mais difícil, porque somos levados a passar a alma do personagem", revela George, que havia feito a promessa de só voltar ao teatro com uma peça de conteúdo denso, que possa desafiar o público.

Serviço

Anjos de fogo e gelo
Direção de
José Francisco Filho
Onde: Teatro Barreto Júnior (Rua Jeremias Bastos, Pina)
Quando: Estréia sábado, às 20h. Em cartaz aos sábados e domingos, às 20h, até 16 de novembro
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)


























Diario de Pernambuco - PE
29/08/2008 - 07:32



Paixão visceral embalada pela poesia
Amor de Arthur Rimbaud e Paul Verlaine é tema da peça Anjos de fogo e gelo, que estréia no Barreto Júnior
Tatiana Meira

Um paralelo entre a vida e a obra poética de Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, mostrando as influências mútuas entre os dois poetas, ajuda a compor o enredo de Anjos de fogo e gelo, peça que estréia sábado, às 20h, no Barreto Júnior, no Pina. Além de trazer para o teatro a trajetória pessoal e artística de Anjos de fogo e gelo dois ícones da literatura francesa do século 19, o espetáculo conseguiu reunir no mesmo elenco atores que estavam afastados dos palcos há vários anos, como George Meireles (que vive Verlaine), Stella Maris Saldanha (que estava longe das artes cênicas desde o final da década de 1980) e Ivonete Melo. Também faz parte deste time Roger Bravo, que interpreta Rimbaud.

Dirigido por José Francisco Filho e baseado no texto escrito por Moisés Neto, Anjos de fogo e gelo opta por abordar a paixão avassaladora entre Verlaine e Rimbaud, para discutir uma relação amorosa que poderia acontecer independentemente do sexo. No lugar de uma narrativa convencional, são as poesias que costuram os diálogos, onde os atores foram orientados a seguir um gestual minimalista, para ressaltar a força da interpretação individual. "Sabíamos da responsabilidade do projeto e nos dedicamos a ele com uma entrega visceral", garante George Meireles.

Os cenários foram criados por Marcondes Lima, os figurinos são assinados por Aníbal Santiago - que também estava há anos sem trabalhar na composição de figurinos teatrais -, a trilha sonora é de Fernando Lobo e a maquiagem, de Henrique Melo. A peça ficará em cartaz aos sábados e domingos, às 20h, até o dia 16 de novembro. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

A árvore de Júlia - Também em cartaz no Barreto Júnior, a peça A árvore de Júlia é protagonizada pela estreante Olga Ferrário, 16 anos, que é dirigida pela mãe, Lívia Falcão. A peça conta a história de uma jovem que passa a morar em cima de uma árvore, para que ela não fosse derrubada. Em cartaz na sexta, às 20h, e sábado e domingo, às 17h. Informações: 3232-3054. Ingressos: R$ 20 e R$ 10(meia-entrada).




FOLHA DE PERNAMBUCO    SÁBADO - 30/08/2008

Encontros e desencontros clandestinos
“Anjos de Fogo e Gelo” retrata vida dos poetas Verlaine e Rimbaud
por Talles Colatino





Peça coloca em cena momentos decisivos dos poetas

Foram dois anos de reformas, e depois da abertura oficial na última quarta-feira, Recife agora conta com um Teatro Barreto Júnior apto e seguro a receber peças em seu palco. E para marcar a nova fase do espaço, acontece hoje a estréia da peça “Anjos de Fogo e Gelo”, que retrata os encontros e desencontros de dois dos maiores poetas de todos os tempos, Verlaine e Rimbaud.
A vida e a obra dos dois poetas e amantes ganham vida cênica com a direção de José Francisco e conta com George Meireles e Roger Bravo como protagonistas. “Anjos de Fogo e Gelo” retrata um período da vida dos poetas, no qual Verlaine, entusiasmado com os versos do jovem poeta, Rimbaud, o convida para morar com ele e sua mulher, Mathilde (vivida por Stella Maris Saldanha). A partir daí cresce então uma grande cumplicidade entre os dois artistas e uma intensa paixão.
O espetáculo coloca em cena momentos decisivos da vida dos dois poetas. Mesclando a história com poemas de ambos, a peça traça um paralelo entre a vida e a obra poética deles, mostrando como um influenciou o outro. Fica certo que poesia de Verlaine não é mais a mesma desde seu encontro com Rimbaud. Assim como esse mergulha no universo poético de Paul Verlaine, onde sua erudição contribui para que Rimbaud passe a criar uma obra refinada e profunda.
O texto da peça é de Moisés Neto e completam o time Renato Filho (direção de arte), Fernando Lobo (direção musical), Marcondes Lima (cenários), Aníbal Santiago (figurinos) e Henrique Melo (maquiagem).  “Anjos de Fogo e Gelo” fica em cartaz até o 16 novembro,  sempre aos sábados e domingos, às 20h.

Serviço
“Anjos de Fogo e Gelo”
Sábados e domingos, às 20h
Teatro Barreto Júnior
Ingressos: R$ 20 e R$ 10.



» ESTREIA
Dois homens e um livro aberto
Publicado no  JORNAL DO COMMERCIO em 29.08.2008
Anjos de fogo e gelo leva o romance entre Rimbaud e Verlaine, poetas franceses para o novo Barreto Júnior

Fabiana Moraes

A história de um dos romances mais comentados de todos os tempos começa a ser encenada amanhã em um Barreto Júnior novinho em folha: Anjos de fogo e gelo, direção de José Francisco e texto de Moisés Neto, conta o atribulado amor entre Rimbaud e Verlaine, poetas-chave da França do século 19. O par será vivido pelos atores George Meireles (Verlaine) e Roger Bravo (Rimbaud), que sobem ao palco ao lado de Stela Maris e Ivonete Melo (elas vivem Mathilde, a mulher de Verlaine, e Vitalie, mãe de Rimbaud, respectivamente). O espetáculo marca o retorno de Meireles, Ivonete e Stella ao palco, além da volta de José Francisco ao universo das montagens adultas – sua última incursão nesse sentido aconteceu há oito anos.
“É engraçado, muita gente tem me perguntado como está sendo volta aos palcos, mas você não volta de onde nunca saiu, não é?”, brinca o diretor, que durante todo este tempo esteve à frente de peças infantis (como A revolta dos brinquedos, que volta em breve aos palcos) e envolvido nas aulas do curso de artes cênicas da Universidade Federal de Pernambuco. “Também estou montando Apareceu a Margarida com a Trupe do Barulho”, adianta ele. É de José o projeto que se concretizou em peça, uma mescla moderna de homoerotismo e poesia. “Não sou um fã de carteirinha da poesia de Verlaine e Rimbaud, e sim fascinado com o rompimento da linguagem poética”, conta o diretor. “Rimbaud desafia a alta burguesia francesa quando diz simplesmente ‘eu não sou assim’, ele quebra as estruturas pelo deboche”, fala.
A forte presença das mulheres foi determinante para a encenação poética do relacionamento entre Rimbaud e Verlaine (aliás, o romance entre os dois poetas foi encenado com sucesso em 2000, quando Pólvora e poesia recebeu o prêmio Shell de melhor texto). “Rimbaud não era ninguém sem a mãe”, opina José Francisco. O cenário de Marcondes Lima faz do palco um verdadeiro livro aberto – é totalmente expressionista, pontua o diretor –, enquanto os figurinos de Aníbal Santiago, verdadeiro pesquisador de indumentárias, seguem a linha realista. É século 19 do sapato ao lencinho.
O ator George Meireles – que havia atuado pela última vez há dez anos em O avarento – pesquisa há quase um ano o papel do exuberante Verlaine, que larga a mulher e o filho recém-nascido para viver o tórrido relacionamento com Rimbaud. “Aos 19 anos, ele já era considerado um grande poeta, tanto que recebeu o título de ‘príncipe’ por parte dos franceses. Victor Hugo ficou impressionado com seu primeiro poema”, conta Meireles, lembrando que Verlaine supera Rimbaud em termos de popularidade naquele país – aqui, é justamente o oposto. A separação de Mathilde, os passeios pelo boulevard Saint-Michel (lugar de “pegação” onde até hoje michês fazem ponto, escandalizando os moradores bem-nascidos do 5º e do 6º arrondissement) e os dois tiros desferidos contra Rimbaud são algumas das passagens vividas pelo jovem poeta e encenadas em Anjos de fogo e gelo. Vivendo o par trágico e amoroso de Verlaine está o ator Roger Bravo, que já foi dirigido por nomes como Carlos Bartolomeu e Marco Camarotti. Um grande trunfo da peça, é claro, é a participação de Stella Maris (Um deus dormiu lá em casa, 1988) e Ivonete Melo (seu último trabalho foi Abelardo e Heloísa, criado em 2000).
Quem for conferir o espetáculo leva um presentinho de Rimbaud e Verlaine: além do programa, será distribuído um CD com poemas e a trilha sonora do espetáculo. Anjos de fogo e gelo ficará em cartaz aos sábados e domingos, às 20h, no Teatro Barreto Júnior. O ingresso custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudante).


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