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sexta-feira, 7 de março de 2014

O CONCEITO DE LITERATURA



O que é Literatura? Uma não aceitação da realidade tal como se apresenta. Literatura é linguagem e também  ideologia (duas faces da mesma moeda). Um jogo de ambiguidades que é proposto a cada leitor. Afinal, somos tecidos pela trama da linguagem. O literário existe na escrita como uma potência, energia, concentração do dizer. A definição sobre o que é Literatura passa por conceitos que envolvem outras ciências humanas como filosofia, história, linguística, sociologia, antropologia.
Literatura é simbolização; é despertar o poder mágico de certas palavras: intensificação ou atenuação do relacionamento do homem com o mundo. Temor e fascínio. Uma ponte entre o original dos seres e o simbólico da linguagem.
A obra literária é um objeto social? (leitor x autor= estética ).
O que faz de um texto ser considerado Literatura? Sua literariedade(termo forjado pelos formalistas), isto é, sua natureza artística. O tipo de linguagem empregada, as intenções do escritor, os temas. É assunto polêmico. Quando um conceito consegue estabelecer-se logo surgem outras formas de poema, romances, contos, peças de teatro trazendo perfis inovadores. A partir daí temos fatalmente que tecer novas teorias que tentarão dialogar com a prática.
As palavras põem realmente definir tudo? Na maior parte das vezes temos a certeza de que as palavras e as coisas constituem uma unidade. A literatura é uma manifestação mais radical da linguagem. Não podemos esquecer que há uma distância entre os símbolos e os seres simbolizados. Há uma frágil aliança aí. Há um limite. Uma irredutibilidade de cada ser.
O que é linguagem literária? A fuga do imediatismo, do estereótipo e da predictibilidade
Qualquer palavra, ou construção linguística, pode entrar em um texto e literalizá-lo? Sim embora algumas Escolas Literárias digam que não. Os parnasianos, por exemplo. A literatura é a porta para um mundo autônomo. Não transmite, cria.As palmeiras e o sabiá de Gonçalves Dias evocam em cada leitor suas palmeiras e seus sabiás. È como a Pasárgada de Bandeira. Na literatura as histórias não precisam ser verídicas ou inverídicas. A história narra o que aconteceu e a literatura o que podia ter acontecido. Há um diálogo também com a tradição literária.
Podemos falar de “Períodos Literários”? Sim.  As obras literárias de um certo tempo são permeáveis ao intercâmbio. Como também vêm as rupturas, as vanguardas. Cabe-nos apontar como a literatura foi concebida em diferentes momentos da história.
O que é teoria da literatura? São como portas para conhecermos melhor as possibilidades de interpretação para um texto. Existem as textualistas, como o Formalismo russo o foi (imanência);  as sociológicas como o existencialismo sartreano que pregava a ação social e até uma que firmou-se no final dos anos 60 chamada Estética da recepção. Os primeiros a delinear alguns conceitos sobre Literatura, especificamente, foram Platão (imitação da imitação) e Aristóteles (Catarse).
Letra de música pode ser considerada como um poema?  Eis aqui mais uma questão que traz a polêmica em seu bojo. Como podemos deixar de lado as Letras de Renato Russo, por exemplo? Se olharmos bem, os primeiros registros da poesia portuguesa, isto é, as nossas origens, são os registros das cantigas medievais. E então? É claro que perderam o acompanhamento musical e toda uma performance que as acompanhavam e enfrentam a exposição fria da impressão.
Quando um texto se torna um clássico? Isso envolve um juízo de valor. Tanto podem ter sido criados para uma elite como podem ter a tingido o povo, como o teatro grego, ou o de Shakespeare. Já o neoclassicismo foi elitista.
E um texto de teatro? Deve virar livro?
Quando a literatura popularizou-se? Romantismo.
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Sintam: “E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e de minha solidão, agora ela vai seminua e tímida entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes do seu coração- ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor- esses dois raios luminosos do coração de Deus.” (Álvares de Azevedo)


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