Carrego pra onde vou
O peso do meu som
Lotando minha bagagem
o Meu maracatu pesa uma tonelada de surdez
E pede passagem
O peso do meu som
Lotando minha bagagem
o Meu maracatu pesa uma tonelada de surdez
E pede passagem
o Meu maracatu pesa uma tonelada...
Sempre foi atômico
Agora biônico, e eletron-sansônico
Alterando as batidas
No azougue pesado
Em ritmo crônico
Tropa de todos os baques existentes
De longe tremendo e rachando os batentes
Mutante até lá adiante
Pois a zoada se escuta distante
Levando o baque do trovão
Sempre certo na contramão
Alterando as batidas
No azougue pesado
Em ritmo crônico
Tropa de todos os baques existentes
De longe tremendo e rachando os batentes
Mutante até lá adiante
Pois a zoada se escuta distante
Levando o baque do trovão
Sempre certo na contramão
Carrego pra onde vou
O peso do meu som
Lotando minha bagagem
o Meu maracatu pesa uma tonelada de surdez
E pede passagem
O peso do meu som
Lotando minha bagagem
o Meu maracatu pesa uma tonelada de surdez
E pede passagem
o Meu maracatu pesa uma tonelada
(Nação Zumbi)
(Nação Zumbi)
É CARNAVAL!
O Carnaval do Recife é festa que
vem do Brasil Colônia (portugueses trouxeram a Pernambuco a tradição européia:
entrudo), um vale-tudo antes do período da quaresma. Em três dias tudo não
permitido durante a quaresma. Haja mela-mela. A presença dos negros na colônia
(senzala) trouxe novos ritmos. Na ausência de regras os escravos trouxeram para
as ruas manifestações religiosas e profanas da África, que eram proibidas em
condições normais na vida colonial. E aproveitavam a festa também para ironizar
de todas as formas os costumes de seus senhores, pintando os rostos de branco e
vestindo-se como eles. Daí o maracatu e da necessidade das damas e cavalheiros
apreciarem o entrudo, o Carnaval, protegidos, surgiram os primeiros blocos e na
época do Império, o costume francês e italiano dos bailes carnavalescos, com
representantes das classes mais altas usando máscaras e roupas elegantes. Outras
heranças européias foram as fantasias e os bonecos gigantes. Com o tempo o
Carnaval de rua usou o automóvel: os corsos onde a família desfilava suas
fantasias e jogavam água por onde passavam, no trajeto que incluía a Rua Nova e
a Rua da Imperatriz, entre outras. Os corsos duraram até a segunda metade do
século XX.
Uma tradição originária da
Europa, mais especificamente da Itália, é a la ursa chegou ao Brasil
trazida por ciganos que vinham apresentar performances circenses no país e
colocavam os animais para dançar. Atualmente, as apresentações contam com a
presença de um caçador e um italiano, além da fantasia de urso, todos com o
mesmo objetivo: lucrar. É como diz a música de cantada pelos grupos: “A laursa quer dinheiro/ quem não der é
pirangueiro”.
Os caboclinhos surgiram no final
do século XIX quando o estivador Antônio da Costa fundou o primeiro grupo, mas
já era praticado pelos índios bem antes, incentivado pelo catolicismo, como uma
forma de catequese (fazer com que os índios acreditassem em conceitos como
ressurreição e vida após a morte) para issoeram criadas e encenadas histórias
que invariavelmente tratavam de guerras entre tribos, morte e ressurreição dos
guerreiros. Nas apresentações atuais, o costume é mantido pelo casal de
caciques, que conduz a narrativa, acompanhados pelo porta-estandarte, à sua
frente e seguidos por dois cordões de ‘índios’, vestidos com fantasias feitas
de pena de ema. Bastante coloridas, as roupas são compostas de tanga (e bustiê,
para as meninas), atacas nos braços e pernas, além de grandes cocares adornando
a cabeça. Nas mãos, os bailarinos carregam machadinhos e preacas de madeira,
que marcam o rumo. Há também os caboclos de baque, que formam a banda, tocando
flauta, tarol, surdos, chocalhos, caracaxá e zabumba.
Já o afoxé está ligado ao
Candomblé da nação gueto, que até as décadas de 70 e 80 do século XX não tinha
muita força em Pernambuco. Traz bailarinos vestindo roupas que lembram tribos
africanas e também de santos e entidades cultuadas pela religião, além de uma
banda composta quase que exclusivamente por percussão (atabaques).
Várias outras manifestações, de
cunho religioso ou não, aproveitaram a folia generalizada dos dias momescos
para sair, às ruas. Foi o caso, por exemplo, do bumba meu boi e dos pastoris,
típicos do período natalino.
Misturando reunindo música, dança
e encenação, o maracatu é originário dos rituais de coroação dos reis negros,
tradição mantida pelos escravos durante o período colonial. Alguns
historiadores acreditam que esse ritual, ao contrário de vários outros da
cultura africana, era estimulado pela Igreja Católica e pelos senhores de
então, para evitar que os negros se rebelassem. Depois da abolição, a coroação
dos reis negros, realizada no ciclo de festejos de Nossa Senhora do Rosário,
perdeu força. Mas não os desfiles, que acabaram ganhando o nome de maracatu,
termo pejorativo criado pelos senhores e pela polícia da época que significava
“reunião de pretos”.
A tradição não se perdeu com o
tempo, mas se dividiu em duas correntes: a de baque solto ou rural e a de baque
virado ou nação. A principal diferença entre as duas é a batida. A figura mais
importante do maracatu de baque solto é o caboclo de lança, cuja missão é abrir
caminho no meio da multidão. Eles vestem pesadas roupas bordadas manualmente
com lantejoulas de todas as cores, chapéus com tiras de tecido ou plástico
coloridas e carregam pesadas lanças também decoradas, além de chocalhos e
badalos presos às costas. Muitos levam também uma flor presa na boca e, para
agüentar o ‘rojão’ das apresentações e (alguns) bebem uma mistura explosiva
feita à base de cana e pólvora. Outras figuras que aparecem nesse maracatu são
os caboclos de pena, as baianas, a dama da boneca e o mestre, a quem cabe puxar
versos de improviso durante o desfile.
Já no maracatu nação há uma
representação da corte africana, com rei, rainha, vassalos, delegado, capitão,
baianas e lanceiros. A percussão é mais pesada, com tambores e agogô. Entre os
grupos mais antigos em atividade no Estado estão o rural Cruzeiro do Forte, de 1929, e os de baque virado Leão Coroado, com
150 anos, e Estrela Brilhante, de Igarassu, criado em 1824.
O frevo nasceu das marchinhas de
Carnaval do século XIX, surgiu nas ruas quando a disputa entre as agremiações e
a animação dos foliões fizeram com que o compasso das marchas executadas nos
desfiles fosse acelerado. A origem do nome teria vindo justamente daí, da
efervescência da multidão. Com a contribuição de compositores como Capiba, o
ritmo acabou ganhando, melodias mais elaboradas e letras inesquecíveis. Ganhou
também as ruas e os bailes de Carnaval, além de muitas variações de rua,
canção, de bloco.
As disputas entre as agremiações
originou também os passos de frevo. Era comum os blocos contratarem capoeiras
para irem à frente, abrindo caminho e o frevo completou cem anos em 2007.
por Moisés Neto
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