Moisés Monteiro de Melo Neto, sua literatura – música
dançante no cinema da vida – esculpe a pintura da própria essência retratada no
teatro de sua história. Moisés é Literatura: ela sendo ele é sua senhora.
Querem a prova? Então vejam quando ele resolveu abandoná-la. Não conseguiu. Ele
estava lá escrevendo as palavras da renúncia, debruçado sobre o papel com a sua
caneta. Pronto! A Literatura se fazia presente na carta. A vida dele,
registrada nesta Passagem em poemas e contos, faz-nos –
à medida que vamos andando pelos poemas – participantes dela. Transeuntes nesta
obra, Moisés nos dá dois mandamentos para que possamos compreendê-la: abre bem
os “Teus Olhos” e fique atento até chegar “A Hora e o
Lugar” – princípio e fim de uma autobiografia inovadora: vida através
da poesia. Ao posicionar os poemas na linearidade do tempo, vamos flagramos o
autor criança, adolescente, jovem e
adulto através de suas análises da realidade e de sua introspecção.
“Teus
Olhos” e “Lobos” constituem a infância de Moisés. O
primeiro mostra-nos o momento de encontro com o amor e a decepção que veio tão cedo, mas tão
urgente. Tudo isso resumido nas características explícitas do ser que o aprisiona e o faz verter
forças, loucura e fome, em penumbra gradiente, êxtase suprimido, faminto, à mercê de calmos lobos soltos que têm
apetite pelos seus olhos, todos os lobos. Quem são estes lobos? E por
que eles só comeram os seus olhos? Nós mesmos os animais que lemos Moisés Neto.
O autor quer revelar o dualismo na arte. O radical ‘calm’ está presente
nos dois poemas que, como já falei, denotam a infância do autor. Assim,
formando palavras com este núcleo semântico, Moisés faz-nos conhecer que a seu
desejo de permanecer calmo não é atingido.
O autor ao quebrar as regras, cria uma nova regra e
por isso, ele continua o ciclo selvagem do poema agora arrancando os
olhos dos lobos, que outrora comeram os seus.
“Canto
Liso”: como na história sagrada
do Moisés Libertador, que vê a situação dos hebreus escravos no Egito, o
Moisés Neto Criador em sua história viva também observa a vida dos esquecidos e
vivos súditos pernambucanos do eleito Sidarta Tudo em “Canto
Liso” é começo. Chuva – água, vapor – ar, ruas –
terra, sol – fogo, mulheres e crias – o homem, anjos
(demônio) – pecado, líquido pastoso e ventres férteis (sexo) – a queda, não
morriam – a expulsão do Paraíso e ao invés da mítica folha cobrindo os
sexos, o cheiro de cravo no corpo.
Eis como é a narração da queda na Passagem de
Moisés Neto, que também reflete o seu afastamento do Paraíso em “Um
Momento que se Perde” – lembrança do rosto que se tornou Deus. E essa
divindade tem anatomia humana. Não! Não! Não é nenhum deus grego. É o rosto
brasileiro da essência (amor, prazer e
medo). Medo de se entregar à loucura (o “suor frio” expresso no corpo e “suando
frio” pelo rosto daquele cujos ossos que o sustentam não foram capazes de
deixá-lo ereto). Moises caiu. Sucumbiu ao veneno da tarântula.
Pseudônimo da paixão, “Tarântula!” é a
personificação concreta da face oculta do poeta. Ora ele envenena deixando
febre e delírio, ora ele veste a armadura e monta no seu cavalo voador,
Pégaso, para juntar e recompor os seus
próprios sonhos – quando diz que é “neblina do sonho de alguém” – que foi
despejado.
Isso se comprova em “Plenitude”, quando
vemos a relação entre os versos “...que voa despreocupado em sue galope...”
e “...parece um galope...”. Mas aqui o desejo de estar com sua “musa”
está na ‘montanha’, pois ao que parece ele percebeu que duas montanhas poderiam
(?) permanecer eternamente lado a lado. Entretanto, elas nunca poderão se
juntar enquanto uma das duas não ceder, morrer. Ele relacionou os fenômenos da
natureza: só a ação do vento, do sol e das águas é que pode uni-los. Pois, a
morte leve... traz o néctar nascente da esperança.
Palavra-chave do “Licor”: Delírio – A
luz branca e efervescente de que relata o poema não ilumina, ofusca e faz
cair ou ainda só ilumina uma parte da lua – inspiração para os amantes.
Desespero - Luz branca... o ar
extraía luz/ a forte luz.../ Licor. Metáforas da mesma coisa silenciadas
nas palavras e transmitidas em silêncio que migraram para o poema seguinte.
A inquietação pela necessidade de amar e por não amar
veio-lhe como um turbilhão de questionamentos sobre a sua existência. Pura
filosofia que desvendou o mistério da iniqüidade quando provou que o dinheiro
de sua carteira não foi parar nas mãos estendidas do pedinte. Moisés Neto aqui
vive a sua criação. Não era um súdito, era o próprio príncipe da Índia que
largou seu palácio e foi viver como mendigo que procurava amor. Pois teve
muitos amores, mas agora não é amado. O semblante da musa desapareceu naquela
que “Era Uma Tarde Quente de Verão e Coca-Cola”. Porém, o
recifense atingiu o ápice da purificação ao escrever que “cada passo é a prova de que ainda vivemos”.
Em “A Mais Doce Alucinação”, como se fosse um poema continuado,
Moisés Neto vai reclamando a paixão não
correspondida ao lembrar as tentativas de sedução e revelando as mesmas
inquietações somadas às alucinações do outro – projeção do seu mistério. Moisés
Neto, vive uma descrença? Talvez essa dúvida inspirada pela “Trindade”,
que quer confundir e deixar bem claro que os “os três parados” não é a tríade
cristã, faz com que ele fale da Trindade
num tom inquietante – “à espera de um Deus” – para salientar a imparcialidade
divina, que não se sensibiliza com os vermes do Mundo Complicado.
Divindades e Deidades esquecidas, ele volta ao mundo dos
mortais que amam solitários. Mas não por muito tempo, pois o amor está sempre
de volta cada vez que a mente, pelo simples ato de pensar, torna o que está
distante em presença. E com ele vem a sua atmosfera, aquela mesma lua com sua
cor de Platina. Esta imagem da lua que mais uma vez aparece nos poemas
de Moisés torna perceptível que os momentos românticos de sua vida são mais
intensos à noite – tempo bom pra romances. Com isso, a comparação entre o canto
do amado que o afaga e o gorgolejar das corujas era inevitável. Nisto, como não
sentir o silêncio gritante da escura saudade, que o faz relutar (“registro
sinistro”) e debruçar-se sobre os corpos espalhados da lembrança?
Lembrança de “Dois Corpos” que se tornou
real. O amor enfim chegou na vida do jovem. Aquilo que ele tanto esperava está
com ele. Não há mais lamentações. Os perigos de amar devolvem-lhe a vida. Jovem
realizado. Todavia, esta alegria não durou muito. Em “Imagem Noturna”,
um conto em versos, o amor vai embora em lágrimas e bebedeiras. O amor que quis
procurar outros afagos. Que o realizassem mais. Levando o outro à exaustão da
vida.
Visitando a antiga casa abandonada, transformada em
ruínas, o passeio pelo poema “Sem Gente” dá ao leitor a suposição
que o nosso poeta está nas andanças da vida para revitalizar suas forças. Mas,
não seria a casa velha sobre a montanha o seu próprio ser? E o entrar nela, a
sua introspecção?
Uma viagem
solitária. Ninguém o acompanha. É crise decisiva para tentar dissipar a
frustração que o persegue, que lhe rouba a vida ao deixar tudo em preto e
branco no “Furta-Cor”.
Transição. Esta é a palavra que marca “Para
Dormir no Escuro”. Pois “o laço frouxo – esperança” do “Furta-Cor”
realiza-se na mudança feita por quem observava a nova moradia. Entretanto,
também fica explícito que ele se ainda não adquiriu a nova casa – queria se esquecer da velha casa “Sem Gente” –
haveria de transformar o seu casulo barroco para poder dormir em paz. “Mormaço”,
traduzindo “Os Pássaros” para o significado real: os sonhos. Assim, fazendo a
ligação pássaros / sonhos, vemos que os sonhos de Moisés Neto, no poema, estão
se acabando à medida que os pássaros não voam. Então ele perpetua-os, renova-os,
transforma-os não em simples pássaros, mas em metáforas de Fênix.
Porque o autor desta Passagem por um instante se esquece de suas três
identidades concêntricas. Ele em “A Breve Imagem de Um Homem” faz
da ficção uma verdade ou será o inverso? Na sua poética o eu-lírico sente muita
vontade de rir da própria desgraça denotativamente deixa visível que não deseja
ver as suas mazelas. Eis porque ali, querendo rir e já com um riso reprimido,
ele põe a máscara do profissional, do artista.
A esta altura
todos já se deram conta de que a Passagem de Moisés Neto remete-nos ao
nosso próprio passado e presente nas nossas inquietações – também presente no
poema “Heaven”.
Nele a solidão se expressa fortemente: o jovem errante
transmuta-se no silêncio, na companhia de alguém. os “Lobos” que
comeram os seus olhos o vêem n no divã. Fazem-no um regresso à uma infância mítica.
trazem loucuras. Poderiam dizer “Teus Olhos”? Seriam mesmo jovens
comportados? Mesmo com o quebrado juramento de ser um jovem comportado
quebrado, o trem percorre os trilhos das ilusões em “Vagão - I”,
cheio de superficialidades odiadas, falsas juras de amor, iguais às coisas e às
pessoas. Vida: vagão com paredes de
vidro incolor como cristal. O cristal como metáfora da personalidade do
autor.
“A Imagem
do Silêncio”: introspecção profunda, que retrabalha
sofrimento ao descobrir que dentro de si mesmo as fases da sua existência
navegam entre a busca do equilíbrio na sua tumultuada lira. O poeta queria
livra-se das lembranças que o atormentavam principalmente quando ele homologava
em frente ao espelho.
Faz da poesia seu espelho e como Picasso fragmenta o
que vê e o que pressente: Deus, o Universo, a Terra, a Vida, o Homem, a si
mesmo como numa caça ao tesouro. O sonho de um desejo antigo que perdura por
toda a sua juventude e que está batendo a porta de sua vida buscando, como no
poema “Bar”, o hall de acesso à uma nova fase .
Os três poemas – “Revolução”, “O Monstro” e “Balada no
Janga” – são respectivamente o encontro com algo novo, uma luta
desigual e uma suposta vitória conta o monstro que está no centro de tudo.
Em “Revolução” o eu- poético vai ao encontro
da esperança, ao que parece, mas desperdiça tudo: sonhos, trabalho, pessoas. A
revolução o faz fugir da realidade. E ele é o filho inesperado, o estopim da
alegria ou melancolia. Quer o êxtase que ela lhe proporcionava. Refúgio para
uns, sonhos pelo chão para outros. Aborto, casamento, goles e gozos. Deste
modo, “O Monstro” (imagem selvagem de sua natureza que é
manipulada por alguém), abre a jaula do monstro que é o espinho na carne do
autor – ele não queria tê-lo nem sê-lo. Mas este monstro que nasceu com ele,
desenvolveu-se e continua
atormentando-lhe especialmente na intimidade de sua casa. Por esta razão, Moisés
nos apresenta a fase de suas viagens pelo mundo. Parece que ele desejava deixar
o monstro no seu país. Mas o tal indesejado acompanhante é sua própria sombra e
por isso ele vai abrir as fronteiras das paixões ardentes como um intercâmbio
de sensações.
As viagens apenas o levaram para perto de outras
realidades: concreto e razão – e esta última por sua vez o lançou contra a
muralha de sua consciência. Longe, o nosso turista é o filho pródigo da norma
culta. Deseja voltar para casa parece implorar: “Quero voltar ao meu Marco
Zero onde o mundo começa no Recife”. Recife seu primeiro e último mundo.
O monstro está espremido em dimensões geográficas e
espirituais. Nem no teatro Moisés conseguiu escapar. O personagem sorri para o
nosso viajante. Porém, ele encontrou uma saída: transformar o monstro em
inocente. Não conseguiu e teve a satisfação. Mas o dominado está desesperado e
tenta justificar a sua fragilidade ao diminuir a credibilidade das
interpretações que a sua escrita possibilita. Tarde demais. O seu monstro é
sexo. Está agora na outra pessoa, na matéria, na sua frente.
A sua felicidade desde a concepção, parece ligada à sua
própria caverna e não há abismo que o elimine, poema que o acabe, arma que o
mate. Se o Monstro for mesmo invencível enquanto Moisés viver travará o bom
combate, disso parece não haver como escapar. Resta-lhe resistir, chamar a
Literatura.
“Balada no Janga” é a narração da
vitória mosaica contra aquele que o atormentava. Mas esta vitória não significa
morte e sim domínio. O poeta se arrisca e os seus aliados se manifestam.
Estavam do lado dele. É assim que termina a fase do jovem adulto.
“Graça”, a lira da morte, parece-nos o
nascimento do homem que lida com a crueldade e insensibilidade humana mesmo
quando não há mais palavras para descrevê-las e ele pede ao leitor que, como
Graça, suspire, transpire, respire, se vire. Sua poesia é dura demais.
E a arte? A perversa: é o “Gato Preto em Céu Azul”
– soneto que salienta a inocente
armadilha do desejo.
Em “Folhetim” pressuponho ébrio uma miscigenação
da cultura pernambucana ou até simplesmente final de um romance proibido. É verdade. A arte imita a
vida. Quase que eu engolia essa de ficção como verdade.
Já em “Roma”, o elo que este dramaturgo usa é
o próprio amor, que na contradição da cidade imortal, ele se vê dentro da
história da arte e deste modo parece viver num eterno barroco. A sedutora e
charmosa Roma lhe faz esperar a hora tão triste. É a história do passado de
Moisés, cuja família veio da Itália no final do século XIX: os Belli. Impérios,
jogos, monumentos, basílicas, praças, religião, catolicismo, Vaticano, Deus.
Moisés é tudo isso enquanto passeava
pelo jardim do amoR a procura da mais perfeita criação. Ele não
encontra. E vai sem vergonha de ter cometido um crime contra os céus. O Neto do
verdadeiro Moisés está perdido. É estrangeiro na terra da própria família, das
suas raízes. Ele não teme seu momento de êxtase, tal qual santa Terezinha do
Menino Jesus. Mas teve o seu breve instante. Ímpar. Sem igual. A vida lhe deu o
roteiro. Seu filme estava na tela do cinema mundial que todos os cegos puderam
ver. RomA não era mais a mesma. O seu amoR não era um simples amar.
Ah! Dolce Vita, deste ao transeunte a Passagem para o beijo tão
esperado.
“Ode ao Livro”.
Que livro? O livro da sua vida, história contada para si mesmo por não poder
contá-la a ninguém. Ninguém merece ouvi-la. E é gozado, não é? Perguntas também
permeiam este irmão de “Lobos”. O que está por traz do vinho
escuro, de Deus e das maravilhas no quarto? E crucificam,
perigo, serpente e sangue na sala? É aquele mesmo monstro
que o perseguiu. Ele está querendo voltar ao comando. O livro restaurou as suas
forças e fez parte dele quando sentiu sem lê-lo. Ficou dentro das páginas para
que o outro também pudesse tê-lo. E assim, sendo um verme rasteiro, o leitor
seria o veneno e o soro para a ficção de Moisés Neto, que aqui revela outra
categoria para os seus lobos – suas
paixões compulsivas e desordenadas, típica característica do jovem eterno.
“Agnus Castus”
– um poema-personagem de Moisés Neto que inspira outra ficção. E como em um
oficio eclesiástico, traduzo aqui: um jovem descobre sua vocação sacerdotal e
se tranca no mundo do seminário. E já renunciando ao sexo, ele resiste às
tentações da carne. O seu poder está no mar divino, onde ele busca pelo barco
da oração e do altruísmo-caridade a força de manter-se seguro na tempestade que
o Mestre acalma.
Ele, casto cordeiro, nascido numa família pobre. E por ter esta condição, o medo de estar
seguindo o caminho errado que o atormentou: ‘Será que estou querendo ser padre
pra livrar minha família da miséria?’ E a resposta só veio quando ele visitou
seus pais e viu a realidade: ‘Eu sei que fui chamado e sou chamado por Deus. O
povo está precisando. Escutei a voz divina através do clamor do povo. Eu sou o
Moisés do meu tempo.’
Foi após essa conclusão que o seminarista seguiu na
companhia do Cordeiro de Deus. E assim ele foi ordenado padre, tornou-se um
referencial para os outros presbíteros, modelo para os jovens e doutor da
Igreja – quando foi eleito e consagrado bispo. Assim, ele chega ao episcopado
como exemplo de vocação. Tão humilde ele era, que deu a sua comunidade o
privilegio de ser conhecida por todos quando ele foi escolhido para ser o Sumo
Pontífice em Roma. Deste modo, o antepenúltimo verso se concretiza. Deus sabia
que ele chegaria até o fim.
“A Hora e o Lugar” é a sinopse da vida deste
literato. Pois neste poema flashes de toda a sua história foi registrada
fazendo dos momentos e das palavras decifradas as chaves de sua literatura.
Aqui ele procurou ninguém e achou o monstro, encontrou uma paixão e a perdeu,
encontrou outras e mesmo assim continuou só. Este poema também é uma carta. Uma
carta ao ninguém de Odisseu. Pois ninguém quis conhecê-lo. Ninguém lhe revelou
ficção, apenas verdades. Mas ele não quis entender e planejou a sua própria
morte. Mas não perdeu; não morreu. Ninguém perdeu.
Foi assim, nesta guerra sem vencedores, que a arte superou a
vida e a ficção, a realidade. Constrói. Destrói. Reconstrói. Tudo é verdade. E
ela proporciona que a autor viva em seu livro. Os personagens estão vivos nas
páginas da ficção. Só ali ela é verdade. É isso que Moisés nos mostra, apesar
de relutar consigo mesmo. Ele tem a revelação e sabe que a ficção da arte é
verdade.
E para fazer jus a esta afirmação, já que vocês estão na
fronteira do mundo de Moisés Neto, virem a página e andem lentamente para
perceber as maravilhas da vida dele exposta aqui em Passagem.
Boa Viagem!
Ednaldo Isidoro, durante seu doutorado, Paris
Tudo em Todos
Poema de Maximus Ventura
Para o Livro Passagem de Moisés Monteiro de Melo Neto
Como
é possível
Transitar
por este mundo
Sem
deixar uma contribuição?
Tudo
é um ciclo visível
Do
sentido mais profundo
Da
morte – vida, criação.
Uma
Gaia, esfera
Concêntricas
identidades
Centelhas
do cósmico corpo.
Partícula
da força – uma espera
Onde
tudo é uma só verdade
Na
pedra, no cavalo e no corvo.
Enigmas
da Revelação
Ela
é tudo em todos
Assim
desde o primeiro instante
No
seio da Terra - a fecundação
A
água, o ar e o fogo
Na
vida de um ser radiante
Eles
não eram superiores
Nem
os primeiros nem os últimos
Mas
agora são aqueles
Que
possuem simplesmente
Um
corpo, uma alma, uma mente
Constituindo
um vírus
Que
a cada dia evolui
Sem
se dar conta
Que
sua evolução
Ao
matar o hospedeiro
Também
o levará à destruição.
Será
um novo começo?
Início
retrogrado?
Não
se sabe.
Mas
a Terra Mãe se defende
Desmatamento
– Aids
Poluição
– Câncer
Homem
– Saúde.
E
tudo isso vai perdurar
Até
que se tenha consciência
De
que na Lei Sagrada da Vida
Há
respeito e responsabilidade
E
quando os olhos
Do
Homo Sapro Contemporâneo
Souber
enxergar
Que
o direito e o dever
De
fazer o que for
Desde
que não prejudique
A
nada nem a ninguém,
Vivendo
e deixando vier,
Lhe
devolverá a conexão.
Só
assim ele fará
Desta
sua Passagem
Pelo
Ventre da Grande Natureza
Um
instante de Fecundação.
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