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domingo, 1 de março de 2020

Os Poemas de Moisés Monteiro de Melo Neto pelo escritor e filósofo Ednaldo Isidoro



Moisés Monteiro de Melo Neto, sua literatura – música dançante no cinema da vida – esculpe a pintura da própria essência retratada no teatro de sua história. Moisés é Literatura: ela sendo ele é sua senhora. Querem a prova? Então vejam quando ele resolveu abandoná-la. Não conseguiu. Ele estava lá escrevendo as palavras da renúncia, debruçado sobre o papel com a sua caneta. Pronto! A Literatura se fazia presente na carta. A vida dele, registrada nesta Passagem  em poemas e contos, faz-nos – à medida que vamos andando pelos poemas – participantes dela. Transeuntes nesta obra, Moisés nos dá dois mandamentos para que possamos compreendê-la: abre bem os Teus Olhos e fique atento até chegar “A Hora e o Lugar” – princípio e fim de uma autobiografia inovadora: vida através da poesia. Ao posicionar os poemas na linearidade do tempo, vamos flagramos o autor criança, adolescente, jovem e  adulto através de suas análises da realidade e de sua introspecção.



 “Teus Olhos” e “Lobos” constituem a infância de Moisés. O primeiro mostra-nos o momento de encontro com o amor  e a decepção que veio tão cedo, mas tão urgente. Tudo isso resumido nas características explícitas do ser que o aprisiona e o faz verter forças, loucura e fome, em penumbra gradiente, êxtase suprimido, faminto,  à mercê de calmos lobos soltos que têm apetite pelos seus olhos, todos os lobos. Quem são estes lobos? E por que eles só comeram os seus olhos? Nós mesmos os animais que lemos Moisés Neto. O autor quer revelar o dualismo na arte. O radical ‘calm’ está presente nos dois poemas que, como já falei, denotam a infância do autor. Assim, formando palavras com este núcleo semântico, Moisés faz-nos conhecer que a seu desejo de permanecer calmo não é atingido.
O autor ao quebrar as regras, cria uma nova regra e por isso, ele continua o ciclo selvagem do poema agora arrancando os olhos dos lobos, que outrora comeram os seus.
 “Canto Liso”:  como na história sagrada do Moisés Libertador, que vê a situação dos hebreus escravos no Egito, o Moisés Neto Criador em sua história viva também observa a vida dos esquecidos e vivos súditos pernambucanos do eleito Sidarta Tudo em “Canto Liso” é começo. Chuva – água, vapor – ar, ruas – terra, sol – fogo, mulheres e crias – o homem, anjos (demônio) – pecado, líquido pastoso e ventres férteis (sexo) – a queda, não morriam – a expulsão do Paraíso e ao invés da mítica folha cobrindo os sexos, o cheiro de cravo no corpo.
Eis como é a narração da queda na Passagem de Moisés Neto, que também reflete o seu afastamento do Paraíso em “Um Momento que se Perde” – lembrança do rosto que se tornou Deus. E essa divindade tem anatomia humana. Não! Não! Não é nenhum deus grego. É o rosto brasileiro da essência (amor, prazer  e medo). Medo de se entregar à loucura (o “suor frio” expresso no corpo e “suando frio” pelo rosto daquele cujos ossos que o sustentam não foram capazes de deixá-lo ereto). Moises caiu. Sucumbiu ao veneno da tarântula.
Pseudônimo da paixão, “Tarântula!” é a personificação concreta da face oculta do poeta. Ora ele envenena deixando febre e delírio, ora ele veste a armadura e monta no seu cavalo voador, Pégaso,  para juntar e recompor os seus próprios sonhos – quando diz que é “neblina do sonho de alguém” – que foi despejado.
Isso se comprova em “Plenitude”, quando vemos a relação entre os versos “...que voa despreocupado em sue galope...” e “...parece um galope...”. Mas aqui o desejo de estar com sua “musa” está na ‘montanha’, pois ao que parece ele percebeu que duas montanhas poderiam (?) permanecer eternamente lado a lado. Entretanto, elas nunca poderão se juntar enquanto uma das duas não ceder, morrer. Ele relacionou os fenômenos da natureza: só a ação do vento, do sol e das águas é que pode uni-los. Pois, a morte leve... traz o néctar nascente da esperança.
Palavra-chave do “Licor”: Delírio – A luz branca e efervescente de que relata o poema não ilumina, ofusca e faz cair ou ainda só ilumina uma parte da lua – inspiração para os amantes. Desespero -  Luz branca... o ar extraía luz/ a forte luz.../ Licor. Metáforas da mesma coisa silenciadas nas palavras e transmitidas em silêncio que migraram para o poema seguinte.
A inquietação pela necessidade de amar e por não amar veio-lhe como um turbilhão de questionamentos sobre a sua existência. Pura filosofia que desvendou o mistério da iniqüidade quando provou que o dinheiro de sua carteira não foi parar nas mãos estendidas do pedinte. Moisés Neto aqui vive a sua criação. Não era um súdito, era o próprio príncipe da Índia que largou seu palácio e foi viver como mendigo que procurava amor. Pois teve muitos amores, mas agora não é amado. O semblante da musa desapareceu naquela que “Era Uma Tarde Quente de Verão e Coca-Cola”. Porém, o recifense atingiu o ápice da purificação ao escrever que  cada passo é a prova de que ainda vivemos”. Em “A Mais Doce Alucinação”, como se fosse um poema continuado, Moisés Neto vai  reclamando a paixão não correspondida ao lembrar as tentativas de sedução e revelando as mesmas inquietações somadas às alucinações do outro – projeção do seu mistério. Moisés Neto, vive uma descrença? Talvez essa dúvida inspirada pela “Trindade”, que quer confundir e deixar bem claro que os “os três parados” não é a tríade cristã, faz  com que ele fale da Trindade num tom inquietante – “à espera de um Deus” – para salientar a imparcialidade divina, que não se sensibiliza com os vermes do Mundo Complicado.
Divindades e Deidades esquecidas, ele volta ao mundo dos mortais que amam solitários. Mas não por muito tempo, pois o amor está sempre de volta cada vez que a mente, pelo simples ato de pensar, torna o que está distante em presença. E com ele vem a sua atmosfera, aquela mesma lua com sua cor de Platina. Esta imagem da lua que mais uma vez aparece nos poemas de Moisés torna perceptível que os momentos românticos de sua vida são mais intensos à noite – tempo bom pra romances. Com isso, a comparação entre o canto do amado que o afaga e o gorgolejar das corujas era inevitável. Nisto, como não sentir o silêncio gritante da escura saudade, que o faz relutar (“registro sinistro”) e debruçar-se sobre os corpos espalhados da lembrança?
Lembrança de “Dois Corpos” que se tornou real. O amor enfim chegou na vida do jovem. Aquilo que ele tanto esperava está com ele. Não há mais lamentações. Os perigos de amar devolvem-lhe a vida. Jovem realizado. Todavia, esta alegria não durou muito. Em “Imagem Noturna”, um conto em versos, o amor vai embora em lágrimas e bebedeiras. O amor que quis procurar outros afagos. Que o realizassem mais. Levando o outro à exaustão da vida.
Visitando a antiga casa abandonada, transformada em ruínas, o passeio pelo poema “Sem Gente” dá ao leitor a suposição que o nosso poeta está nas andanças da vida para revitalizar suas forças. Mas, não seria a casa velha sobre a montanha o seu próprio ser? E o entrar nela, a sua introspecção?
Uma viagem  solitária. Ninguém o acompanha. É crise decisiva para tentar dissipar a frustração que o persegue, que lhe rouba a vida ao deixar tudo em preto e branco no “Furta-Cor”.
Transição. Esta é a palavra que marca “Para Dormir no Escuro”. Pois “o laço frouxo – esperança” do “Furta-Cor” realiza-se na mudança feita por quem observava a nova moradia. Entretanto, também fica explícito que ele se ainda não adquiriu a nova casa – queria se esquecer da velha casa “Sem Gente” – haveria de transformar o seu casulo barroco para poder dormir em paz. “Mormaço”, traduzindo “Os Pássaros” para o significado real: os sonhos. Assim, fazendo a ligação pássaros / sonhos, vemos que os sonhos de Moisés Neto, no poema, estão se acabando à medida que os pássaros não voam. Então ele perpetua-os, renova-os, transforma-os não em simples pássaros, mas em metáforas de Fênix.
Porque o autor desta Passagem  por um instante se esquece de suas três identidades concêntricas. Ele em “A Breve Imagem de Um Homem” faz da ficção uma verdade ou será o inverso? Na sua poética o eu-lírico sente muita vontade de rir da própria desgraça denotativamente deixa visível que não deseja ver as suas mazelas. Eis porque ali, querendo rir e já com um riso reprimido, ele põe a máscara do profissional, do artista.
 A esta altura todos já se deram conta de que a Passagem de Moisés Neto remete-nos ao nosso próprio passado e presente nas nossas inquietações – também presente no poema “Heaven”.
Nele a solidão se expressa fortemente: o jovem errante transmuta-se no silêncio, na companhia de alguém. os “Lobos” que comeram os seus olhos o vêem n no divã. Fazem-no um regresso à uma infância mítica. trazem loucuras. Poderiam dizer “Teus Olhos”? Seriam mesmo jovens comportados? Mesmo com o quebrado juramento de ser um jovem comportado quebrado, o trem percorre os trilhos das ilusões em “Vagão - I”, cheio de superficialidades odiadas, falsas juras de amor, iguais às coisas e às pessoas. Vida: vagão com paredes de  vidro incolor como cristal. O cristal como metáfora da personalidade do autor.
 “A Imagem do Silêncio”: introspecção profunda, que  retrabalha sofrimento ao descobrir que dentro de si mesmo as fases da sua existência navegam entre a busca do equilíbrio na sua tumultuada lira. O poeta queria livra-se das lembranças que o atormentavam principalmente quando ele homologava em frente ao espelho.
Faz da poesia seu espelho e como Picasso fragmenta o que vê e o que pressente: Deus, o Universo, a Terra, a Vida, o Homem, a si mesmo como numa caça ao tesouro. O sonho de um desejo antigo que perdura por toda a sua juventude e que está batendo a porta de sua vida buscando, como no poema “Bar”, o hall de acesso à uma nova fase .

Os três poemas – “Revolução”, “O Monstro” e “Balada no Janga” – são respectivamente o encontro com algo novo, uma luta desigual e uma suposta vitória conta o monstro que está no centro de tudo.
Em “Revolução” o eu- poético vai ao encontro da esperança, ao que parece, mas desperdiça tudo: sonhos, trabalho, pessoas. A revolução o faz fugir da realidade. E ele é o filho inesperado, o estopim da alegria ou melancolia. Quer o êxtase que ela lhe proporcionava. Refúgio para uns, sonhos pelo chão para outros. Aborto, casamento, goles e gozos. Deste modo, “O Monstro” (imagem selvagem de sua natureza que é manipulada por alguém), abre a jaula do monstro que é o espinho na carne do autor – ele não queria tê-lo nem sê-lo. Mas este monstro que nasceu com ele, desenvolveu-se  e continua atormentando-lhe especialmente na intimidade de sua casa. Por esta razão, Moisés nos apresenta a fase de suas viagens pelo mundo. Parece que ele desejava deixar o monstro no seu país. Mas o tal indesejado acompanhante é sua própria sombra e por isso ele vai abrir as fronteiras das paixões ardentes como um intercâmbio de sensações.
As viagens apenas o levaram para perto de outras realidades: concreto e razão – e esta última por sua vez o lançou contra a muralha de sua consciência. Longe, o nosso turista é o filho pródigo da norma culta. Deseja voltar para casa parece implorar: “Quero voltar ao meu Marco Zero onde o mundo começa no Recife”. Recife  seu primeiro e último mundo.
O monstro está espremido em dimensões geográficas e espirituais. Nem no teatro Moisés conseguiu escapar. O personagem sorri para o nosso viajante. Porém, ele encontrou uma saída: transformar o monstro em inocente. Não conseguiu e teve a satisfação. Mas o dominado está desesperado e tenta justificar a sua fragilidade ao diminuir a credibilidade das interpretações que a sua escrita possibilita. Tarde demais. O seu monstro é sexo. Está agora na outra pessoa, na matéria, na sua frente.
A sua felicidade desde a concepção, parece ligada à sua própria caverna e não há abismo que o elimine, poema que o acabe, arma que o mate. Se o Monstro for mesmo invencível enquanto Moisés viver travará o bom combate, disso parece não haver como escapar. Resta-lhe resistir, chamar a Literatura.
“Balada no Janga” é a narração da vitória mosaica contra aquele que o atormentava. Mas esta vitória não significa morte e sim domínio. O poeta se arrisca e os seus aliados se manifestam. Estavam do lado dele. É assim que termina a fase do jovem adulto.
Graça”, a lira da morte, parece-nos o nascimento do homem que lida com a crueldade e insensibilidade humana mesmo quando não há mais palavras para descrevê-las e ele pede ao leitor que, como Graça, suspire, transpire, respire, se vire. Sua poesia é dura demais.
E a arte? A perversa: é o “Gato Preto em Céu Azul” – soneto que salienta a  inocente armadilha do desejo.
Em “Folhetim” pressuponho ébrio uma miscigenação da cultura pernambucana ou até simplesmente final de um romance proibido. É verdade. A arte imita a vida. Quase que eu engolia essa de ficção como verdade.
Já em “Roma”, o elo que este dramaturgo usa é o próprio amor, que na contradição da cidade imortal, ele se vê dentro da história da arte e deste modo parece viver num eterno barroco. A sedutora e charmosa Roma lhe faz esperar a hora tão triste. É a história do passado de Moisés, cuja família veio da Itália no final do século XIX: os Belli. Impérios, jogos, monumentos, basílicas, praças, religião, catolicismo, Vaticano, Deus. Moisés é  tudo isso enquanto passeava pelo jardim do amoR a procura da mais perfeita criação. Ele não encontra. E vai sem vergonha de ter cometido um crime contra os céus. O Neto do verdadeiro Moisés está perdido. É estrangeiro na terra da própria família, das suas raízes. Ele não teme seu momento de êxtase, tal qual santa Terezinha do Menino Jesus. Mas teve o seu breve instante. Ímpar. Sem igual. A vida lhe deu o roteiro. Seu filme estava na tela do cinema mundial que todos os cegos puderam ver. RomA não era mais a mesma. O seu amoR não era um simples amar. Ah! Dolce Vita, deste ao transeunte a Passagem para o beijo tão esperado.
 Ode ao Livro”. Que livro? O livro da sua vida, história contada para si mesmo por não poder contá-la a ninguém. Ninguém merece ouvi-la. E é gozado, não é? Perguntas também permeiam este irmão de “Lobos”. O que está por traz do vinho escuro, de Deus e das maravilhas no quarto? E crucificam, perigo, serpente e sangue na sala? É aquele mesmo monstro que o perseguiu. Ele está querendo voltar ao comando. O livro restaurou as suas forças e fez parte dele quando sentiu sem lê-lo. Ficou dentro das páginas para que o outro também pudesse tê-lo. E assim, sendo um verme rasteiro, o leitor seria o veneno e o soro para a ficção de Moisés Neto, que aqui revela outra categoria para os seus lobos –  suas paixões compulsivas e desordenadas, típica característica do jovem eterno.
 Agnus Castus” – um poema-personagem de Moisés Neto que inspira outra ficção. E como em um oficio eclesiástico, traduzo aqui: um jovem descobre sua vocação sacerdotal e se tranca no mundo do seminário. E já renunciando ao sexo, ele resiste às tentações da carne. O seu poder está no mar divino, onde ele busca pelo barco da oração e do altruísmo-caridade a força de manter-se seguro na tempestade que o Mestre acalma.
Ele, casto cordeiro, nascido numa família pobre. E  por ter esta condição, o medo de estar seguindo o caminho errado que o atormentou: ‘Será que estou querendo ser padre pra livrar minha família da miséria?’ E a resposta só veio quando ele visitou seus pais e viu a realidade: ‘Eu sei que fui chamado e sou chamado por Deus. O povo está precisando. Escutei a voz divina através do clamor do povo. Eu sou o Moisés do meu tempo.’
Foi após essa conclusão que o seminarista seguiu na companhia do Cordeiro de Deus. E assim ele foi ordenado padre, tornou-se um referencial para os outros presbíteros, modelo para os jovens e doutor da Igreja – quando foi eleito e consagrado bispo. Assim, ele chega ao episcopado como exemplo de vocação. Tão humilde ele era, que deu a sua comunidade o privilegio de ser conhecida por todos quando ele foi escolhido para ser o Sumo Pontífice em Roma. Deste modo, o antepenúltimo verso se concretiza. Deus sabia que ele chegaria até o fim.
“A Hora e o Lugar” é a sinopse da vida deste literato. Pois neste poema flashes de toda a sua história foi registrada fazendo dos momentos e das palavras decifradas as chaves de sua literatura. Aqui ele procurou ninguém e achou o monstro, encontrou uma paixão e a perdeu, encontrou outras e mesmo assim continuou só. Este poema também é uma carta. Uma carta ao ninguém de Odisseu. Pois ninguém quis conhecê-lo. Ninguém lhe revelou ficção, apenas verdades. Mas ele não quis entender e planejou a sua própria morte. Mas não perdeu; não morreu. Ninguém perdeu.
Foi assim, nesta guerra sem vencedores, que a arte superou a vida e a ficção, a realidade. Constrói. Destrói. Reconstrói. Tudo é verdade. E ela proporciona que a autor viva em seu livro. Os personagens estão vivos nas páginas da ficção. Só ali ela é verdade. É isso que Moisés nos mostra, apesar de relutar consigo mesmo. Ele tem a revelação e sabe que a ficção da arte é verdade.
E para fazer jus a esta afirmação, já que vocês estão na fronteira do mundo de Moisés Neto, virem a página e andem lentamente para perceber as maravilhas da vida dele exposta aqui em Passagem.
Boa Viagem!







Ednaldo Isidoro, durante seu doutorado, Paris



Tudo em Todos




Poema de Maximus Ventura
Para o Livro Passagem de Moisés Monteiro de Melo Neto






Como é possível
Transitar por este mundo
Sem deixar uma contribuição?
Tudo é um ciclo visível
Do sentido mais profundo
Da morte – vida, criação.
Uma Gaia, esfera
Concêntricas identidades
Centelhas do cósmico corpo.
Partícula da força – uma espera
Onde tudo é uma só verdade
Na pedra, no cavalo e no corvo.
Enigmas da Revelação
Ela é tudo em todos
Assim desde o primeiro instante
No seio da Terra -  a fecundação
A água, o ar e  o fogo
Na vida de um ser radiante
Eles não eram superiores
Nem os primeiros nem os últimos
Mas agora são aqueles
Que possuem simplesmente
Um corpo, uma alma, uma mente
Constituindo um vírus
Que a cada dia evolui
Sem se dar conta
Que sua evolução
Ao matar o hospedeiro
Também o levará à destruição.
Será um novo começo?
Início retrogrado?
Não se sabe.
Mas a Terra Mãe se defende
Desmatamento – Aids
Poluição – Câncer
Homem – Saúde.
E tudo isso vai perdurar
Até que se tenha consciência
De que na Lei Sagrada da Vida
Há respeito e responsabilidade
E quando os olhos
Do Homo Sapro Contemporâneo
Souber enxergar
Que o direito e o dever
De fazer o que for
Desde que não prejudique
A nada nem a ninguém,
Vivendo e deixando vier,
Lhe devolverá a conexão.
Só assim ele fará
Desta sua Passagem
Pelo Ventre da Grande Natureza
Um instante de Fecundação.




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