GUARANIS
(texto de caráter infantojuvenil; autor: Moisés Monteiro de Melo Neto)
CENA 1
ISABEL –
Peri Queria lhe dizer algo
PERI– Diga, Isabel.
ISABEL – Aposte-se da casa
de Cecília enquanto pode.
PERI – Mas você,
Isabel, dizer algo assim logo você que
tem o sangue deles nas veias.
ISABEL – Sangue indígena com
sangue azul – nem branca nem índia.
Afaste-se. Antônio foi amaldiçoado pelo padre Loredano. Ele
agora é um...
PERI – A força e a fé que tenho tudo vencerão.
ISABEL – Eles dizem que querem lhe batizar. N]ao é?
PERI – Sim. Foi o que lhe
impuseram como condição para levar Ceci.
ISABEL – Eles vão lhe
morder. Cuidado.
PERI – O fato da
família Mariz ter sido vampirizada por...
Loredano, não me amedronta. Os aimorés,
sim.
ISABEL – A única coisa que
pode destiná-los é o fogo. Por isso queimaram Loredano... e a
estaca no coração...
PERI – Os aimorés sabem
disso. Por que D. Antônio não parte.
ISABEL – Ele acha que pode
vencer os aimoré.
PERI – Será que é isso?
ISABEL – Os aimorés dominam
o segredo da Selva. Há uma guerra física e espiritual em ação. Eles não perdoam o irmão de Cecília por ter matando uma
índia querida.
PERI – E quanto a você? Você também é uma...
ISABEL – Não
completamente... Mas eu já estou
perdida de qualquer forma.
PERI – Não diga isso.
ISABEL – Mas eu conseguirei
pelo menos lutar ao lado do homem
que ama... Álvaro! Durante a batalha ele estará do meu lado. Então terei
forças para enfrentar qualquer coisa.
PERI – Eu tenho que afastar
Cecília, ela não pode se transformar
numa, bem, você sabe.
ISABEL – Cuidado, Peri. Esse é um assunto muito delicado. D.
Antônio continua tingindo que a índia é
um cristão, mas você sabe...
PERI – é difícil de acreditar! E a esposa dele, a mãe de Ceci?
ISABEL – Dona Lauriana foi enganada.
PERI – Oh, não. E agora?
Como escaparemos?
ISABEL – A única chance é
você levar Cecília até a idade de São Sebastião.
PERI – É o que pretendo, mas o que será de mim? Ficar
sem Ceci é morrer.
ISABEL – Não seja tolo.
Perigo maior você contar aqui. Fuja! No meio do caminho você e Cecília podem se
entender e aí, quem sabe? Não é?
PERI – Entendo.
ISABEL – Entendo um
plano. Siga-me.
PERI – Obrigado, Isabel.
CENA
2
PERI – Afirmo que os poderes
da selva triunfarão.
CECI – Corta essa, Peri. Algo
muito estranho está acontecendo lá em casa e eu não acredito nessas crendices.
PERI – Ceci não deveria
duvidar, Peri tem sangue do povo da
selva. Há algo misterioso.
CECI – Pare. Já não basta?
PERI – Devo confessar: quando
era criança fui atacado por um estranho felino e desde então acontecem
coisas que eu não sei explicar.
Uma espécie de mudança em certos momentos.
CECI – O que você quer dizer
com isso? Oh, meu Deus!
PERI – Não precisa se
assustar. Só não gosto que duvide do que
não conhece. Ceci corre grande perigo.
CECI – Todos da minha
família. O que faremos?
PERI – Isabel tem um plano.
CECI – E por que ela não
conversou comigo?
PERI – Por medo. E um plano
muito ousado.
CECI – Conte-me tudo.
PERI – Por enquanto não
posso.
CECI – Como não pode? Eu lhe ordeno! Fale, já! Isso tem a ver com Álvaro, não é?
Ele anda esquisito e vive de cochichos com Isabel.
PERI – Não posso dizer nada,
por enquanto é para o próprio bem de
Ceci, acredite.
CENA
3
CECI – Isso não faz sentido.
Morrer assim... ser destruído tão
inutilmente!
ISABEL – Não será em vão...
o plano...
CECI – Do que se trata?
Diga, Isabel! Estou ficando nervosa.
ISABEL – Peri tomará veneno
poderoso e milhares morrerão envenenados quando
beberem o seu sangue... comerem
sua carne! Leopardos e vampiros...
CECI – Que horror! Que coisa bárbara! Não vou deixar que isso aconteça.
ISABEL – E como você pode
impedir?
CECI – Álvaro! Pedirei a Álvaro que ele vá a aldeia dos aimorés e resgate Peri.
ISABEL – É muito arriscado.
CECI – Peri é guerreiro
importante. Meu pai vai concordar. Vamos!
Temos que nos apressar.
ISABEL – Talvez você tenha
razão. O meu plano talvez não tenha sido bom.
CECI – Esqueça este plano.
Apresse-se. Temos que encontrar papai e
Álvaro.
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