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sábado, 18 de agosto de 2018

NOVA BRANCA DE NEVE, no Engenho Massangana, hoje. Parte do público que assistiu à nossa pré-estreia da peça Nova Branca de Neve, Engenho Massangana.Texto de Moisés Monteiro de Melo Neto. Encenação: José Francisco Filho

                                       



A concepção de José Francisco Filho em relação aos textos meus que ele já encenou me traz prazer estético. Ele é um homem que sabe o que quer e não se atrela a modismos ou falsas simplicidades à base de luzes natalinas ou pequenas travessias de barquinhos ou feiras artificiais, falsamente de raiz. O afogamento de assistente da Rainha, em NOVA BRANCA DE NEVE, a visão performática do anão que fica ao lado da monarquia e do povo, operário sobre o muro, astucioso como um Macunaíma recifense, a interpretação bem dirigida da personagem feminina jovem atrevida sob a capa de um romantismo pós-retrô-vintage que o diretor iluminou para a interpretação de Ana Pereira, atriz tem tudo para causar na Nova Cena Teatral Recifense, tudo isso me dá prazer, ver Ricardo Vendramini, com seus olhares marcantes, sua voz metálica, suas atitudes/ gestual de nobre déspota em meio a corrupção de um reino em decadência, o jogo cênico de Flávio Freire Filho e Dênis Silva, ao lado do Mestre Buarque que (re)criou não só a personagem que fiz da Rainha Má, mas também seu figurino (Uau! Uma aula para certos neófitos que pensam que artista/ ator é só no palco; Mestre Buarque faz da vida uma extensão das suas ideias sobre o contexto sócio-hist´rico - cultural), isso me traz à voz vontade de pedir atenção à esta Montagem: José Francisco Filho, adorei! Ivonete Melo trabalhou corpo e coreografias, HC Matheus trouxe o auxílio luxuoso da sua música.
Resumindo? NOVA BRANCA DE NEVE, de forma tão orgânica que tudo se junta num jogo que une tradição e rupturas nas questões de gênero, identidade, rasurando fronteiras e mangando de quem se acha atual, simplesmente.






Texto de Moisés Monteiro de Melo Neto.
Encenação: José Francisco Filho
Cenário/ Direção de Arte: Buarque de Aquino
Elenco: Ana Pereira, Buarque de Aquino,Flávio Freire Filho, Ricardo Vendramini, Dênis Silva.
Música: Matheus HC Marques e Coreografias de Ivonete Melo
Assistente De Produção- Soni Silva.
Assistente . Direção - Ricardo Vendramini





Partitura de uma das canções da peça NOVA BRANCA DE NEVE


ensaios da peça NOVA BRANCA DE NEVE




Rever o mito de Branca de Neve e escrever uma peça a partir dele, não é tarefa fácil, principalmente quando o diretor / encenador é o premiado professor da UFPE José Francisco Filho, com décadas de experiência no teatro para público infantojuvenil. Trata-se, originalmente de um conto de fadas (quando dizemos que não acreditamos em fadas, uma delas morre, insinua James Barrie, em Peter Pan) que está presente em muitos países europeus foi trabalhado pelos irmãos Grimm. Trata-se de uma jovem princesa, "a mais bela de todas", em sua inocência, não consegue ver qualquer um dos males do mundo. Isso a torna mais vulnerável a madrasta ciumenta que deseja ser a mais bela na terra, no entanto, a bondade inerente de Branca e pureza inspiram seus amigos, os animais da floresta e os Sete Anões para protegê-la. Trouxe o mito para os jovens de hoje, com pressa de viver, premidos pelas redes virtuais, escravos, muitos deles do estilo selfie. 


Buarque de Aquino, Ricardo Vendramini, Ana Pereira, José Francisco Filho. Dênis Silva, Flávio Freire Filho e Moisés Monteiro de Melo Neto, na pré-estreia do espetáculo Nova Branca de Neve; Engenho Massangana, 18 de agosto de 2018



No elenco Buarque dá uma aula de teatro e maturidade cênica, um artista múltiplo, ímpar. Um elenco afiado defende texto e direção com garra, intensidade dramática e uma verve que tantalizou o público presente de modo que recebeu intenso aplauso. Coloquei somente um anão, um príncipe decadente e interesseiro, um ministro que representa os interesses internacionais. Mas não esqueci que uma história deve empolgar e fiz da bruxa um ser diferente do convencional. É uma aventura para todas as idades, porém mira o anseio de teatro que nasce no coração das crianças quando lhe é ofertada uma trama interessante e dinâmica.
Conheci José Francisco Filho (que agora completa 50 anos de vida teatral!) nos anos 80. Sobre ele pairavam muitas lendas. Era uma espécie de ícone da cena teatral recifense (cena que eu adentrava com ousadia de jovem estudante de teatro, meu primeiro mestre fora Luiz Maurício Carvalheira, amigo dele). Zé, como nós o chamamos, já um diretor consagrado e professor renomado. As montagens de Hipólito, Prometeu Acorrentado e a primeira versão da peça Suplício de Frei Caneca, de Cláudio Aguiar ou a de Os Escolhidos, de Hilda Hilst,eram motivos de acirradas discussões nos locais frequentados pela classe. Eu andava com o pessoal do TUBA (Teatro Universitário Boca Aberta), que ensaiava no antigo DCE da rua do Hospício, eles estavam montando O Guarani com Coca-Cola, com direção de Fernando Limoeiro, na sala ao lado João Falcão trabalhava com o grupo Balaio de Gatos. Fiquei encantado com a possibilidade de trabalhar com Zé, pois a maneira que ele abordava os textos teatrais tinha muito a ver com a minha visão de mundo. Sua desavença com Ariano Suassuna, pela transgressão na montagem de um texto do paraibano, inflamou ainda mis a minha curiosidade. Zé estava também no comando do Festival de Inverno da UNICAP, que eu frequentava. Eu sabia que ele participou do Teatro Popular do Nordeste (TPN). Nossos pontos de contato, revistos hoje, são muitos: ele gradua-se, em Comunicação Social, na Escola Superior de Relações Públicas (Esurp), onde fui professor duas décadas depois. Eu conhecia algumas pessoas do Teatro da Universidade Católica de Pernambuco (com o qual ele montara Torturas de um Coração ou Em Boca Fechada Não Entra Mosquito). Lembro, quando era criança de ver na TV o comercial de A Revolta dos Brinquedos e achar tudo aquilo um barato (foi a primeira vez que fui ao teatro). Na UFPE conheci Buarque de Aquino, um dos astros do espetáculo A Barca d'Ajuda, de Benjamin Santos, que teve direção magistral de Zé. Outro ponto em comum me unia ao diretor: eu e ele trabalhamos para as Irmãs Doroteias. Tive acesso então a fotos, programas e histórias de bastidores de espetáculos como o badalado Como Revisar o Marido Oscar. Curtia muito leitura engajada de Zezinho e soube que ele ia remontar O Suplício de Frei Caneca, e dei um jeito de me aproximar mais dele, fiz parte da equipe que circulou por várias cidades do Nordeste e me tornei amigo dele. O mergulho naquela encenação modificaria a minha vida definitivamente.



Moisés Monteiro de Melo Neto e parte do público que assistiu à pré-estreia do espetáculo (texto seu, direção José Francisco Filho) Nova Branca de Neve; Engenho Massangana, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco18 de agosto de 2018


O modo como ele trata o dramático, o burlesco, o trágico o cômico, o épico, fascinou-me. E foi uma honra quando ele dirigiu textos meus como Anjos de Fogo e Gelo (sobre Arthur Rimbaud); estabeleceríamos posteriormente várias parcerias como a leitura da minha peça Bento Teixeira (com Germano Haiut, Stella Maris Saldanha e George Meireles), fiz também, ao lado de Mísia Coutinho, a produção executiva de uma das remontagens de A Revolta dos Brinquedos (sucesso retumbante). Assisti (e participei dos bastidores) de A Viola do Diabo e Cordélia Brasil (que teve como protagonista uma atriz com a qual eu logo dividiria a cena: minha querida Suzana Costa). Isso me fez largar a UFPE e seguir a carreira teatral. A Circus Produções Artísticas (produtora que José fundou nos anos 80), produziu minha estreia no teatro infanto-juvenil: Dona Patinha vai ser Miss. José Francisco dirigiu também Vamos Jogar o Jogo do Jogo, Hoje a Banda Não Sai, O Macaco Misterioso, Patética.
Sua montagem de O Beijo da Mulher Aranha, de Manuel Puig, é um marco no teatro pernambucano, tendo como estrela (elogiado pelo autor do original) Valdi Coutinho. Também assinou a direção de Há Vagas para Moças de Fino Trato, O Deus Nos Acuda, Viva a Rainha do Rádio, Salto Alto, Castro Alves do Brasil, Apareceu a Margarida. Em 2015, Trabalhei com ele na encenação de A Última Noite de Kafka (que se apresentou em Recife e fez curta temporada no Rio de Janeiro).



 

Ensaios do espetáculo teatral pernambucano NOVA BRANCA DE NEVE

Coreografias de Ivonete Melo (ela também é presidente de Sated-PE)


José Francisco Filho declarou:“Quando comecei a fazer teatro nos anos 60, eu não tinha exatamente um motivo; pensei apenas: por que não? Fui convidado, do nada, por Fred Francisci, que fazia teatro infantojuvenil em escolas, ao lado de Daniel Maia; ele era, intuitivamente, ator, dramaturgo e diretor de grande sucesso na área em que atuava, só havia ele neste setor, eram dezenas e dezenas de escolas, um público imenso. Fred era ousado, interessado, ele tinha isso como um meio de vida durante anos. Ele pagava um bom cachê. Através dos anos trabalhei com atores como Buarque de Aquino, Manoel Constantino e mais recentemente com Diogo Barbosa e Ricardo Vendramini, que representam bem o meu, digamos assim, método. Das peças que encenei? Gosto muito de Prometeu Acorrentado, naquele momento político em que foi montado, naquela hora,os anos 70. Gosto de Barca d´Ajuda; Salto Alto, não só pelo sucesso, nunca faço nada pensando em sucesso, mas nesta última peça citada eu tive um elenco com comunicação de palco muito legal, escolhi este texto por causa da maneira como ele aborda o fazer teatral. Quanto ao teatro para infância e juventude? Eu me sinto mais importante neste trato com os pequenos, mais engajado. Sinto hoje que o Teatro no Recife está se soerguendo, depois de uma espécie de ‘caída’ violenta de mais de dez anos, talvez por causa de modo como as pessoas usam as leis de incentivo à cultura, que limitam certos grupos e produtores a cerca de 12 espetáculos, depois disso acabam-se as verbas e fica difícil manter a produção. Para mim é um prazer dirigir NOVA BRANCA DE NEVE, tenho revisto certos conceitos artísticos e estou sempre aberto a novas experiências.

Ensaios do espetáculo teatral pernambucano NOVA BRANCA DE NEVEMúsica: Matheus HC Marques

 O encenador, professor da UFPE,  José Francisco Filho, declara: "Poderia fazer também uma ode a Moisés Monteiro de Melo Neto... que conheci ainda garoto mas sempre curioso, sugando com o olhar tudo o que lhe circundava, mas prefiro a praticidade da ação, mergulhar nos seus textos, virá-los de ponta/cabeça, sob suas bênçãos e cumplicidade, distribuir e receber saberes e fazeres será sempre minha meta. O barco apenas começou a navegar. "

Peça premiada dá início à 1ª Mostra Cultural do Jaboatão dos Guararapes


Nesta terça-feira (16), o Cine Teatro Samuel Campelo abriu as portas para a 1ª Mostra Cultural do Jaboatão dos Guararapes. O evento, promovido pela prefeitura, por meio da Secretaria Executiva de Turismo, Cultura, Esportes e Lazer (Setcel), recebeu em seu primeiro dia o premiado espetáculo “Um Minuto Para Dizer Que Te Amo”. Com uma abordagem poética, a peça retrata a via crúcis de uma família atormentada pelo Mal de Alzheimer.
Produzida pelo coletivo pernambucano Matraca Grupo de Teatro, do Sesc Piedade, a montagem tem direção de Rudimar Constâncio, texto de Luiz Navarro e dramaturgismo de Moisés Monteiro de Melo Neto. “É revigorante ver que, em um momento tão difícil para o nosso País, a Prefeitura do Jaboatão se propõe a abrir um novo edital e dá espaço e voz aos artistas locais. Desejamos que este seja um projeto que viva por muito tempo”, comentou o diretor Rudimar Constâncio.
Durante a abertura oficial do evento, a organização prestou homenagem ao ator e diretor José Pimentel. Coube a Hemerson Moura, ator que substituiu Pimentel na edição de 2018 da Paixão de Cristo do Recife, receber a homenagem. “José Pimentel representa a resistência artística e o próprio Teatro Samuel Campelo tem uma história de resistência, então representá-lo nesse momento, em que a prefeitura toma as rédeas para incentivar a cultura, é muito gratificante”, pontuou Hemerson. O festival ainda rendeu homenagem à atriz Cira Ramos e à Associação de Teatro do Jaboatão dos Guararapes.
A 1ª Mostra Cultural do Jaboatão dos Guararapes continua nesta quarta-feira (17), às 15h, com apresentação da peça infantil “Peter Pan”, de Nina Fernandes. A montagem acontece no Cine Teatro Samuel Campelo. Às 19h30, a Casa da Cultura Nobre de Lacerda abre as portas para a apresentação de “Congresso do Kaos”, de Rodrigo Hermínio. As entradas são gratuitas.
Confira a programação completa:
17/10 (quarta-feira)15h – “Peter Pan”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
19h30 – “Congresso do Kaos”
Local: Casa da Cultura Nobre de Lacerda
18/10 (quinta-feira)
1
5h – “Assim Me Contaram, Assim Vou Contar”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
19h30 – “Ana de Ferro: A Rainha Dos Tanoeiros do Recife”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
19/10 (sexta-feira)10h – “As Aventuras de Uma Viúva Alucinada”
Local: Escola Municipal Cecília Brandão – Curado IV
19h30 – “Elas Contam Tudo”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
20/10 (sábado)15h – “Chico Cobra e Lazarino”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
19h30 – “Agora Eu Sou Uma Estrela”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
21/10 (domingo)15h – “Era Uma Vez No Fundo do Mar”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
19h30 – “Cangaceiras”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
22/10 (segunda-feira)18h – “Sobre a Morte e o Morrer”
Local: Casa da Cultura Nobre de Lacerda
19h30 – “A Podridão Que Há em Mim”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
23/10 (terça-feira)18h – “O Mascate, a Pé Rapado e os Forasteiros”
Local: Centro Cultural Miguel Arraes
19h30 – “Tango em Trapos”
Local: Viaduto Geraldo Melo/PECOM
24/10 (quarta-feira)15h – “Revoada: O Eu Feminino Construindo Outras Histórias”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo
19h30 – “O Misterioso Encantado”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo

25/10 (quinta-feira)15h – “Nova Branca de Neve”
Local: Cine Teatro Samuel Campelo

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