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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Literatura potiguar: Autores de literatura no Rio Grande Norte




As manifestações literárias no Rio Grande do Norte, do final do século XIX até o 1º quartel do século XX, revelam nomes como Ferreira Itajubá e Auta de Souza.
Antonio Marinho, em 1898, na revista A Tribuna, analisou esta literatura. Citamos aqui o poeta Segundo Wanderley, um dos pioneiros na dramaturgia da província (algumas peças: Amar e Ciúme(1901); A Providência (1904); Brasileiros e portugueses (1905); As Três Datas, Noiva em Leilão, A Pulga (comédias), Entre o céu e a Terra, em homenagem à memória de Augusto Severo). Destaque também para o poeta Lourival Açucena (1827-1907), primeiro grande poeta potiguar, da linha clássica e romântica à oralidade e dicção popular, também autor de modinhas. Em 1921, Luís da Câmara Cascudo esboça Alma patrícia, sobre literatura no Rio Grande do Norte. No ano seguinte, Ezequiel Wanderley lança Poetas do Rio Grande do Norte, uma antologia. A seguir é a vez de Armando Seabra trazer a público seus Ensaios de crítica e literatura, 1923.
Há que se destacar também o nome de  André de Albuquerque Maranhão, e muito tempo depois, outro descendente famoso, Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, da oligarquia Albuquerque em Natal, Juvenal Lamartine, ocupa a presidência na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Populariza-se o Teatro num arremedo de Belle Époque. Vale a pena pesquisar nos periódicos A República e na revista cultural Oásis. Outro destaque é Henrique Castriciano (1874-1947). Saiu o volume Mãe, e, apenas em 1903, ele publicou o livro Vibrações. Após esta obra, Castriciano não voltou a publicar livros de poesia, fato que decorreu possivelmente da sua múltipla atividade como político e animador cultural. Da família dele, Auta de Souza (1876-1901) foi poeta que extrapolou os limites do Rio Grande. Seu único livro Horto (1900) recebeu menções de Otto Maria Carpeaux e Tristão de Athayde e seus versos eram recitados (e cantados) pelas ruas de Natal(cunho romãntico- simbolista),
Ferreira Itajubá (1876-1912) e Palmira Wanderley (1894-1978) são precursores do modernismo (Itajubá não viu sua obra publicada em livro, só nos jornais); já Palmira tem sua poesia considerada como um momento de transição para o século XX.
Renato Caldas (1902-1991) é tido como grande representante da poesia rural. Devemos mencionar também  Juvenal Antunes (1883-1941), com a composição do poema “Elogio da preguiça”.
Anos 20, século XX: Câmara Cascudo e o poeta Jorge Fernandes (elogiado por Mário de Andrade), sedimentam o segundo momento da literatura. Surge a obra Os brutos, do “ciclo do algodão”, de José Bezerra Gomes(1911-1982), o mais importante romance do modernismo local, na esteira do romance de 30, RN também teve Polycarpo Feitosa (1867-1955) e Aurélio Pinheiro (1882-1938) como representantes.
O modernista Jorge Fernandes atingiu o nível nacional, com apoio de Mário de Andrade e Antônio de Alcântara Machado.
Mas Luís da Câmara Cascudo, cultura invejável com traquejo do sertão à Academia, pesquisador incansável e autor de um estilo próprio de análise do texto literário, é estrela com destaque na cultura potiguar, sua obra é bem estudada, passsemo a outros.
Nos anos 70 e 80 do século XX, poetas se destacaram mimeografando seus poemas em (im)pura(?) resistência cultural. Um exemplo potiguar: Antonio Ronaldo. Citemos Adriano de Sousa que escrevia e fazia música.
Moacy Cirne é poeta norte riograndense do Seridó, artista visual e professor-aposentado do Departamento de Comunicação Social da UFF, sendo considerado o maior estudioso brasileiro das HQs, tendo escrito inúmeros livros sobre o assunto, além de ter sido um dos fundadores do poema processo. Em 1967 participou do lançamento do poema/processo e considerava, em 1968, que "A poesia não poderia ficar presa ao jogo fácil das palavras, que puxam palavras – associações paranomásticas que não mais funcionam" numa referência direta à teoria da Poesia concreta "nem a falsa engenharia estrutural / que termina na mais pura esterilidade", acrescentando que "A crise da poesia é simplesmente a crise da palavra (no poema)". De teoria bastante complexa, o poema/processo, na visão de Moacy, deseja criar um poema dialógico obra aberta, permitindo "várias leituras, a partir de um ponto dado, inicial ou não”. Por outro lado, conforme o manifesto do poema/processo, de 1967, assinado por Moacy Cirne, entre outros, "nem todo poema de processo, embora sempre concrecionando a linguagem, é concreto, no sentido empregado pelo grupo noigandres, mas todo poema concreto, para ser realmente válido, precisa encerrar um processo”. Dessa forma, mantendo-se fiel ao projeto inicial do poema/processo, quando este faz uso da palavra, nem sempre é possível distinguir um poema/processo de um poema concreto na obra de Moacy Cirne. Antenado com os movimentos literários no eixo Rio-São Paulo, o jovem Francisco Alves da Silva percebeu a transição poética que estava acontecendo e, juntando-se a Moacyr Cirne, Nei Leandro de Castro, Marcos Silva, Anchieta Fernandes e Dailôr Varela fizeram uma Exposição de Poemas Processos simultânea em Natal e no Rio de Janeiro, em 1967, criando uma nova forma de ver a poesia. Durante a época do desenvolvimento do Poema Processo em Natal, Falves Silva, J. Medeiros, Anchieta Fernandes e Alexis Gurgel criaram a revista “DÊS” para que seus poemas circulassem entre os meios culturais. O grupo participou de várias exposições itinerantes por Recife, João Pessoa, Fortaleza e Rio de Janeiro (trecho retirado da Wikipedia).

O dramaturgo potiguar João Denys Araújo Leite, ao lado dos autores  Moisés Monteiro de Melo Neto e Rubem Rocha Filho, encontro em NAtal, Rio Grande do Norte


Na dramaturgia, a partir do final do século XX, citaríamos os nomes de dois potiguares: Racine Santos, Cláudia Magalhães, Sandoval Wanderley, Meira Pires, Jaime Wanderley, autores ligados ao grupo Clowns de Shakespeare e João Denys Araújo Leite.

Em 2001, Tarcísio Gurgel publica Informação da literatura potiguar, livro-base sobre uma literatura que se faz a cada dia mais forte.

Com a peça Jacy, o Grupo Carmin (RN) passou os últimos cinco anos em circulação pelo País. Uma das afirmações que os artistas ouviram com frequência no Sul e Sudeste (sempre com choque) foi a de que o trabalho era tão bom “que nem parecia ser do Nordeste”. A sensação de estranhamento foi acentuada após as eleições de 2014, quando Dilma Rousseff foi eleita democraticamente e comentários em meios de comunicação e na internet atribuíram (pejorativamente) a vitória ao Nordeste. A inquietação com o preconceito voltado à região motivou o grupo a desenvolver a peça A Invenção do Nordeste, destaque do dia 1 de junho, do Trema! Festival. A sessão acontece às 21h, no Teatro Apolo.“Nós não identificávamos com o Nordeste que esperavam de nós, com tons ocres, de um indivíduo caricatural, sofrido e movido pela ideia de superação das adversidades. Ao verem que usamos tecnologia nas nossas peças, era um choque. Mas por quê? Depois da eleição de Dilma, ouvimos muito que ‘a culpa foi do Nordeste’, que não sabíamos votar, éramos ignorantes. Se você vai ver os dados, São Paulo é o estado onde há mais solicitações pelo Bolsa Família e, em 2014, Minas Gerais foi o estado decisivo para a vitória de Dilma. Essa imagem que o resto do país tem de nós é cheia de preconceito”, explica a diretora Quitéria Kelly, que provocou o grupo a debater sobre o assunto. A montagem leva o nome do livro do pesquisador Durval Muniz de Albuquerque Jr. Na obra, ele disseca a construção da identidade da região a partir de dados históricos que revelam como o que entendemos como Nordeste é fruto de um projeto de manutenção do poder por parte da elite financeira, política e também intelectual. Durval, inclusive, participou da montagem como consultor intelectual.A peça tem dramaturgia de Henrique Fontes, que também está em cena, e Pablo Capistrano e conta a história de dois atores – interpretados por Mateus Cardoso e Robson Medeiros – disputando o papel “de um nordestino”. Ambos provenientes da região, cada um precisa provar que é mais adequado para o personagem baseado em quem teria mais “a cara”, ou melhor, “o sotaque” local. Entre os questionamentos que o grupo lança está justamente o de quais seriam essas pretensas características em comum que tornam nove estados diferentes, com culturas próprias, em uma coisa só.“A gente optou por fazer uma autoficção – tanto eu, que faço o diretor, quanto os atores usamos nossos nomes em cena – porque a gente não queria só apontar o dedo para o outro, mas também tentar descobrir em que medida também não somos responsáveis por perpetuar certos estereótipos. O Nordeste é também uma construção que adotamos como real”, reflete Fontes.A pesquisa de Durval Muniz investiga os aspectos históricos – por exemplo, como a região foi se formando politicamente ao longo das décadas – e como obras culturais ajudaram a moldar essa ideia de Nordeste e desconstrói trabalhos de Euclides da Cunha (Os Sertões), Rachel de Queiroz (O Quinze), o cineasta Glauber Rocha, Gilberto Freyre, entre outros. Para Quitéria Kelly, o grupo Carmin tem caminhado cada vez com mais consciência para um espaço de contestação do status quo em seus trabalhos a partir do uso das potências do teatro.“Ainda permanece a ideia do nordestino como homem eticamente frágil, engraçado, desprovido de intelectualidade. Quantos artistas já não foram fazer teste para a televisão e ouviram para ‘carregar mais no sotaque’?. Está na hora de tomarmos o discurso e reescrever a nossa história. A gente quer fazer isso cada vez mais e sabemos que vamos pagar por isso”, reforça.

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