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quarta-feira, 27 de junho de 2018

Concluindo estudo sobre "As Rosas Inglesas", livro infantojuvenil de Madonna


As Rosas Inglesas

Livro infantojuvenil de Madonna
http://revistaepoca.globo.com/EditoraGlobo/img/transp.gif
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Você já ouviu falar em Rosas Inglesas?

Eis o que elas não são:
Uma caixa de bombons,
Um time de futebol,
Flores brotando no jardim,

Elas são o seguinte:
Quatro garotas que se chamam
Nicole, Amy, Charlotte e Grace,

Eis algumas coisas que você precisa saber a respeito delas:
Estudam na mesma escola e vivem no mesmo bairro.
Gostam das mesmas brincadeiras,
lêem os mesmos livros e gostam dos mesmos garotos,

No verão fazem piqueniques, no inverno patinam
no gelo, são praticamente grudadas na
cintura uma da outra,

Mais que tudo, porém, adoram dançar...

Tudo parecia perfeito, divertido e agradável.
E, em vários aspectos, era mesmo. Havia, no entanto,
um problema. Elas sentiam um pouco de
ciúmes de uma outra garota do bairro.

O nome dela era Binah, e eis algumas coisas
que você precisa saber a respeito dela:
Era muito, muito bonita,
Tinha longos cabelos sedosos
e a pele parecia feita de leite e mel.
Era ótima aluna e muito boa em esportes.
Era sempre gentil com as pessoas.
Era especial.

Mas era triste. Porque apesar de ser a garota
mais bonita que já se viu, era também muito solitária.
Não tinha amigos e, por onde ia, estava sempre sozinha, 
As Rosas Inglesas, de Madonna
http://revistaepoca.globo.com/EditoraGlobo/img/transp.gif
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Você já ouviu falar em Rosas Inglesas?

Eis o que elas não são:
Uma caixa de bombons,
Um time de futebol,
Flores brotando no jardim,

Elas são o seguinte:
Quatro garotas que se chamam
Nicole, Amy, Charlotte e Grace,

Eis algumas coisas que você precisa saber a respeito delas:
Estudam na mesma escola e vivem no mesmo bairro.
Gostam das mesmas brincadeiras,
lêem os mesmos livros e gostam dos mesmos garotos,

No verão fazem piqueniques, no inverno patinam
no gelo, são praticamente grudadas na
cintura uma da outra,

Mais que tudo, porém, adoram dançar...

Tudo parecia perfeito, divertido e agradável.
E, em vários aspectos, era mesmo. Havia, no entanto,
um problema. Elas sentiam um pouco de
ciúmes de uma outra garota do bairro.

O nome dela era Binah, e eis algumas coisas
que você precisa saber a respeito dela:
Era muito, muito bonita,
Tinha longos cabelos sedosos
e a pele parecia feita de leite e mel.
Era ótima aluna e muito boa em esportes.
Era sempre gentil com as pessoas.
Era especial.

Mas era triste. Porque apesar de ser a garota
mais bonita que já se viu, era também muito solitária.
Não tinha amigos e, por onde ia, estava sempre sozinha, 
Certa noite, quando as garotas foram dormir na
casa de Nicole, sua mãe apareceu na porta e perguntou:
- Vocês se incomodam se eu entrar para ter
uma conversinha com as quatro?

- Não se preocupe, mãe, nós já vamos dormir -
disse Nicole, - Deixa só a gente terminar nossa
guerra de travesseiro!

- Não, é por isso que eu vim aqui - respondeu a mae,
- Quero conversar com vocês sobre Binah. Ela mora
na mesma rua, estuda na mesma escola, gosta de fazer
as mesmas coisas que vocês, e ainda assim vocês
nunca a convidam para brincar ou fazem qualquer
esforço para se tornarem amigas dela.

Houve uma longa pausa,

As Rosas Inglesas se entreolharam,
Amy foi a primeira a falar,
- Ela pensa que é uma dádiva dos céus
só porque é bonita.

- É isso aí, por que deveríamos convidá-la? Ela já
recebe atenção demais - acrescentou Charlotte,

- Não é que a gente não goste dela - disse
Nicole. - É que ela deve ser metida.
Garotas bonitas costumam ser assim.

A mãe de Nicole refletiu por um momento,
e então disse:
- Vocês, meninas, estão sendo injustas. É claro
que Binah precisa muito de amigos. E vocês nem
sequer conversaram com ela. Como podem saber
que tipo de pessoa ela é? Vocês iriam gostar
se os outros decidissem ser legais ou não
com vocês por conta da aparência?

As garotas sabiam que ela havia tocado
numa questão importante, mas não queriam
admitir isso. De repente, perderam a vontade
de continuar com a guerra de travesseiro.

- Por favor, pensem sobre o que eu falei -
disse a mãe de Nicole, que se levantou e deu
beijos de boa-noite em todas.

Quando sua mãe saiu, Nicole apagou a luz,
As garotas ficaram acordadas no escuro por
um tempo, pensando no que haviam acabado
de ouvir, Nenhuma delas falou, até que todas
caíram no sono. 
Certa noite, quando as garotas foram dormir na
casa de Nicole, sua mãe apareceu na porta e perguntou:
- Vocês se incomodam se eu entrar para ter
uma conversinha com as quatro?

- Não se preocupe, mãe, nós já vamos dormir -
disse Nicole, - Deixa só a gente terminar nossa
guerra de travesseiro!

- Não, é por isso que eu vim aqui - respondeu a mae,
- Quero conversar com vocês sobre Binah. Ela mora
na mesma rua, estuda na mesma escola, gosta de fazer
as mesmas coisas que vocês, e ainda assim vocês
nunca a convidam para brincar ou fazem qualquer
esforço para se tornarem amigas dela.

Houve uma longa pausa,

As Rosas Inglesas se entreolharam,
Amy foi a primeira a falar,
- Ela pensa que é uma dádiva dos céus
só porque é bonita.

- É isso aí, por que deveríamos convidá-la? Ela já
recebe atenção demais - acrescentou Charlotte,

- Não é que a gente não goste dela - disse
Nicole. - É que ela deve ser metida.
Garotas bonitas costumam ser assim.

A mãe de Nicole refletiu por um momento,
e então disse:
- Vocês, meninas, estão sendo injustas. É claro
que Binah precisa muito de amigos. E vocês nem
sequer conversaram com ela. Como podem saber
que tipo de pessoa ela é? Vocês iriam gostar
se os outros decidissem ser legais ou não
com vocês por conta da aparência?

As garotas sabiam que ela havia tocado
numa questão importante, mas não queriam
admitir isso. De repente, perderam a vontade
de continuar com a guerra de travesseiro.

- Por favor, pensem sobre o que eu falei -
disse a mãe de Nicole, que se levantou e deu
beijos de boa-noite em todas.

Quando sua mãe saiu, Nicole apagou a luz,
As garotas ficaram acordadas no escuro por
um tempo, pensando no que haviam acabado
de ouvir, Nenhuma delas falou, até que todas
caíram no sono. 
As garotas apenas se sentaram sem dizer nada, coisa que
não costumava acontecer, posso garantir a você.

- Bem, meninas, não fiquem aí sentadas se empanturrando -
impacientou-se a fada, enquanto enchia as próprias bochechas
de biscoitos. - Meu tempo é muitíssimo valioso.

As garotas fizeram uma roda e cochicharam por um tempo,
Decidiram que, apesar de a fada ter pego seus biscoitos sem
pedir licença, ela parecia inofensiva. Além do que, não
poderiam perder a chance de espionar Binah sem que ela
soubesse que estavam Iá.

Então, pediram para ser encantadas com
o pó mágico e voaram para a casa de Binah.

De uma hora para outra se viram sentadas em
torno da mesa na cozinha de Binah. E lá estava
a menina, de joelhos, esfregando o chão. Suor pingava
de sua testa, e ela parecia muito cansada.

De repente, o pai dela entrou na cozinha e disse:
- Está ficando tarde, Binah. Quando terminar de
limpar o chão, acho que deveria começar a fazer o
jantar. Vou Iá fora consertar o carro.

- Sim, papai - disse Binah com um sorriso.

Em seguida, ele saiu.

Binah continuou a executar um montão de tarefas.
Quando terminou de esfregar o chão...

ela descascou batatas...
ela picou cebolas...
ela pôs a mesa...
ela limpou o peixe...
ela lavou...
e passou roupa... 
e, para terminar,
levou o lixo para fora.

As Rosas Inglesas não conseguiam acreditar em seus
próprios olhos. Nunca em suas vidas haviam visto
uma garota trabalhar tanto,
- Ela me lembra a Cinderela - disse Amy.

- Parece que não penteia o cabelo há uma semana -
observou Charlotte.

- Onde está a mãe dela? - perguntou Nicole.

- Ela não tem mãe - respondeu a fada-madrinha, -
Vive só com o pai, e ele trabalha o dia todo. Então,
quando volta da escola, tem de limpar a casa,
lavar as roupas e fazer o jantar,

Então Grace perguntou:
- Quer dizer que ela faz tudo isso sozinha?

- Sim, suas bobas - respondeu a fada. - Acabei de dizer que
ela vive sozinha com o pai.

- Mas o que aconteceu com a mãe? - perguntou Nicole.

- Morreu há muito tempo. Pobrezinha... - suspirou a fada. -
E, como vocês sabem, Binah não tem amigos, por isso fica o
tempo todo sozinha.

- Bem, venham comigo, garotas, vocês gostariam de ver como
é o quarto dela?
As Rosas Inglesas se levantaram para ir, mas se sentiram mal
por deixar Binah para trás com todo aquele trabalho.

- Oh, não enrolem, mocinhas. Tenho lugares para ir e pessoas
a encontrar - disse a fada, impaciente.

Em seguida, as meninas foram
ver se o quarto de Binah era do
gosto delas.

As Rosas Inglesas não estavam preparadas
para o que viram:
Um quarto simples com uma cama de solteiro.
Uma cômoda com gavetas.
Uma estante cheia de livros.
Havia, claro, uma boneca.
Mas só uma, você acredita nisso?
Bem, é melhor acreditar, porque eu estou Ihe contando.

Havia um porta-retrato na mesa-de-cabeceira, e todas
as garotas pararam em volta para ver de quem era a
foto. Era um lindo retrato da mãe de Binah. Os olhos
de Nicole começaram a se encher de lágrimas.
- Eu estou tão triste - disse Nicole.

- Deve ser horrível nã ter mãe. Ela deve se sentir
muito sozinha - disse Charlotte. - E nós não temos
sido muito boas para ela.

- Bem, o que vocês me dizem? - interrompeu a fada-
madrinha. - Alguém quer trocar de lugar?

Houve uma pausa muito longa,

As Rosas Inglesas se olharam. Era tanto silêncio
que você poderia ouvir um alfinete cair ao chão,
- Acho que cometemos um erro terrível - disse Grace.
- Eu não consigo imaginar a vida sem minha mãe.

- Não quero ter tantas tarefas - disse Amy. - Além do
mais, não sei cozinhar nada.

- Bem, há alguma outra pessoa que vocês gostariam de
ser? - perguntou a fada-madrinha. - Talvez em outro
bairro? Em outra cidade? Ou até em outro país? Tenho
certeza que posso arranjar isso.

- Por favor, nos deixe ir para casa, para as nossas camas
quentinhas e para as nossas famílias, que nós amamos -
implorou Nicole.

- Sim, queremos ir para casa - gritaram as outras.

- Como quiserem - disse a fada. - Mas, no futuro,
pensem duas vezes antes de reclamar que alguém
tem uma vida melhor que as suas. Como eu já
disse, sou uma mulher muitíssimo ocupada!

Num piscar de olhos, as Rosas Inglesas estavam
de volta à cama, caindo logo no sono.
Quando chegou a manhã, as garotas
acordaram, aliviadas ao ver que ainda
eram as mesmas. Conversaram sobre o sonho
e prometeram que, dali em diante, seriam
mais gentis com Binah e não reclamariam
da vida que levavam.

Primeiro convidaram Binah para tomar chá, depois
começaram a andar com ela a caminho da escola, e não
demorou muito para que todas estivessem fazendo
o dever de casa juntas. Binah até lhes ensinou como
fazer torta de maçã. Logo descobriram que gostar
de Binah era mesmo muito fácil.

Aos poucos começaram a amá-la como a uma irmã e
muitas vezes iam até sua casa ajudá-la em suas tarefas.

O tempo passou, e logo, a uqlaqier lugar que as
Rosas Inglesas fossem, Binah ia junto. E você não
Vai acreditar, mas as pessoas no bairro começaram
A falar delas.

E eis o que diziam:
- Essas Rosas Inglesas são mesmo especiais.
- Que garotas bonitas!
- Quando crescerem, vão se tornar mulheres incríveis.

E sabe do que mais?
Foi isso mesmo que aconteceu.

Se você não acredita em mim,
Então vá até lá e veja com seus próprios olhos.
Eu não inventei nada.

Fim

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Com a estrela de Amores de Chumbo: Augusta Ferraz. Cinema São Luiz, no Recife, brilha mais




Com a estrela de Amores de Chumbo. Minha ex-sócia Augusta Ferraz,numa interpretação para lá de notável, voz, expressão, postura, fundamos a Ilusionistas, ao lado aparecem produtora Misia Coutinho, estávamos na Ilusionistas, também, e o astro Paulo Doca. Decidi ir a esta sessão na última hora, estava com o Ser e o Nada, de Sartre e O Godot, de Beckett. Valeu. O filme está no Cinema São Luiz. Indicado! Foto: Marcos Pergentino. Professor em final de semestre! O FILME? Em “Amores de chumbo”, a diretora Tuca Siqueira aborda o reencontro entre Miguel e Maria Eugênia, que se distanciaram décadas antes, durante o período da ditadura, quando ele foi preso e ela migrou para o exílio na França. A longa parceria não se restringe ao plano ficcional. Seus intérpretes, Aderbal Freire-Filho e Juliana Carneiro da Cunha, também têm conexão antiga. Basta dizer que Aderbal dirigiu Juliana numa montagem de “Mão na luva”, de Oduvaldo Vianna Filho, em 1984. Como sua personagem nesse filme, Juliana foi viver na França, mas por razões totalmente diferentes — a atriz passou a integrar o Théâtre du Soleil —, e, há alguns anos, voltou a participar de trabalhos no Brasil. A companhia conduzida por Ariane Mnouchkine, inclusive, é evocada em “Amores de chumbo” por meio da aparição do ator Maurice Durozier. 



O retorno de Maria Eugênia ao Brasil — mais exatamente a Recife, onde a história acontece — abala o casamento de Miguel e Lúcia (Augusta Ferraz), ainda mais diante da descoberta do comprometimento da última na separação dos dois primeiros. O destaque a personagens que tiveram suas trajetórias alteradas pelo regime militar é oportuno. O conflito entre eles, porém, soa pouco original no roteiro da cineasta e de Renata Mizrahi. Em todo caso, o texto suscita reflexões fundamentais, como a importância de não esquecer as arbitrariedades cometidas no passado, o que não significa perder de vista a necessidade de seguir em frente. Além disso, o filme conta com belas sequências sem falas. No elenco, Aderbal, Juliana e Rodrigo Riszla (como Ernesto, filho de Miguel e Lúcia) merecem elogios.
AUGUSTA FERRAZ ESTÁ BRILHANTE!






sexta-feira, 8 de junho de 2018

O pintor José Cláudio e a peça teatral de Hermilo Borba Filho: intersemiose interessante




Quadro do pintor José Cláudio sobre peça teatral de Hermilo Borba Filho: A DONZELA JOANA, o drama da D´ Arc transposto para o Brasil das invasões holandesas.

Curto.


A DONZELA JOANA, escrita em 1966, tem como tema a expulsão dos holandeses de Pernambuco, transferindo para o Nordeste os feitos da donzela de Orléans, Joana D’Arc, recriada moça humilde do interior de Pernambuco, com a missão de expulsar os holandeses, libertar Olinda e coroar João Fernandes Vieira.Se aconteceu na França, por que não poderia acontecer em Pernambuco?Hermilo, que não chegou a ver esse espetáculo, queria, no palco, personagens humanas contracenando com bonecos de mamulengo, figuras do bumba-meu-boi, pastoras do pastoril.Retomando espetáculos e folguedos populares, deu espaço para a contenda entre cantadores


sábado, 2 de junho de 2018

ALGUÉM PRA FUGIR COMIGO

Encontro maravilhoso com gente que amo. Rose Quirino, Daniela Câmara, Telma Virgínia, Esli. Para assistir ALGUÉM PRA FUGIR COMIGO. (Moisés Neto)


ALGUÉM PRA FUGIR COMIGO? Não se trata de uma narrativa com começo, meio e fim, mas de vários fragmentos que têm como elo o olhar sobre a sociedade. É um trabalho não linear, que traz relatos de fatos verídicos e imaginários, ocorridos recentemente ou há décadas, no Brasil de hoje e na Europa do Séc. XIX, colocando no palco situações cotidianas – como a corrupção, o trabalho escravo, as vidas nas grandes cidades, a solidão, a discriminação.
“É um espetáculo sobre não ter lugar certo, sobre o massacre sofrido a cada novo dia, as injustiças, a democracia de fachada, a liberdade ferida, os séculos de escravidão perpétua. É sobre fugas e sonhos desejados. Sobre o poder de subversão do corpo, da voz, da vida que se nega a ceder aos ditames das oligarquias. Isso tudo com humor e coragem. Sem panfletos”, explica Quiercles Santana, que assina a encenação ao lado de Analice Croccia.
Histórico: A estreia no 23° Janeiro de Grandes Espetáculos, onde levou 5 prêmios APACEPE, incluindo Melhor Espetáculo de Teatro Adulto, foi o pontapé de uma longa jornada para o Alguém pra fugir comigo, do Resta 1 Coletivo de Teatro. De janeiro de 2017 até agora já foram três temporadas, participação em dois festivais internacionais, seleção para ocupação em dois teatros públicos, adaptação do espetáculo para teatro em casa, apresentação para comunidades quilombolas no agreste pernambucano e muitas trocas pelo caminho.

Nesta primeira metade de 2018, o Resta 1 tem se dedicado aos intercâmbios criativos com outros grupos, com vistas à pesquisa continuada e montagem de outros trabalhos, sempre em processo colaborativo. O primeiro deles, com o grupo português Gambuzinos com 1 pé de fora, resultou na montagem do segundo espetáculo do jovem coletivo recifense, intitulado A Mula, inspirado no Auto da Mula de Padre, texto de Hermilo Borba Filho, e também no convite para apresentar o Alguém pra fugir comigo em Portugal, no encerramento do Ao Teatro! 2018, com solicitação de sessão extra, tamanho interesse despertado. Logo no desembarque em Recife, outra troca, agora com o grupo mineiro Quatroloscinco Teatro do Comum, a convite do Festival Palco Giratório, cujo diálogo foi instigante e inspirador.



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Literatura potiguar: Autores de literatura no Rio Grande Norte




As manifestações literárias no Rio Grande do Norte, do final do século XIX até o 1º quartel do século XX, revelam nomes como Ferreira Itajubá e Auta de Souza.
Antonio Marinho, em 1898, na revista A Tribuna, analisou esta literatura. Citamos aqui o poeta Segundo Wanderley, um dos pioneiros na dramaturgia da província (algumas peças: Amar e Ciúme(1901); A Providência (1904); Brasileiros e portugueses (1905); As Três Datas, Noiva em Leilão, A Pulga (comédias), Entre o céu e a Terra, em homenagem à memória de Augusto Severo). Destaque também para o poeta Lourival Açucena (1827-1907), primeiro grande poeta potiguar, da linha clássica e romântica à oralidade e dicção popular, também autor de modinhas. Em 1921, Luís da Câmara Cascudo esboça Alma patrícia, sobre literatura no Rio Grande do Norte. No ano seguinte, Ezequiel Wanderley lança Poetas do Rio Grande do Norte, uma antologia. A seguir é a vez de Armando Seabra trazer a público seus Ensaios de crítica e literatura, 1923.
Há que se destacar também o nome de  André de Albuquerque Maranhão, e muito tempo depois, outro descendente famoso, Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, da oligarquia Albuquerque em Natal, Juvenal Lamartine, ocupa a presidência na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Populariza-se o Teatro num arremedo de Belle Époque. Vale a pena pesquisar nos periódicos A República e na revista cultural Oásis. Outro destaque é Henrique Castriciano (1874-1947). Saiu o volume Mãe, e, apenas em 1903, ele publicou o livro Vibrações. Após esta obra, Castriciano não voltou a publicar livros de poesia, fato que decorreu possivelmente da sua múltipla atividade como político e animador cultural. Da família dele, Auta de Souza (1876-1901) foi poeta que extrapolou os limites do Rio Grande. Seu único livro Horto (1900) recebeu menções de Otto Maria Carpeaux e Tristão de Athayde e seus versos eram recitados (e cantados) pelas ruas de Natal(cunho romãntico- simbolista),
Ferreira Itajubá (1876-1912) e Palmira Wanderley (1894-1978) são precursores do modernismo (Itajubá não viu sua obra publicada em livro, só nos jornais); já Palmira tem sua poesia considerada como um momento de transição para o século XX.
Renato Caldas (1902-1991) é tido como grande representante da poesia rural. Devemos mencionar também  Juvenal Antunes (1883-1941), com a composição do poema “Elogio da preguiça”.
Anos 20, século XX: Câmara Cascudo e o poeta Jorge Fernandes (elogiado por Mário de Andrade), sedimentam o segundo momento da literatura. Surge a obra Os brutos, do “ciclo do algodão”, de José Bezerra Gomes(1911-1982), o mais importante romance do modernismo local, na esteira do romance de 30, RN também teve Polycarpo Feitosa (1867-1955) e Aurélio Pinheiro (1882-1938) como representantes.
O modernista Jorge Fernandes atingiu o nível nacional, com apoio de Mário de Andrade e Antônio de Alcântara Machado.
Mas Luís da Câmara Cascudo, cultura invejável com traquejo do sertão à Academia, pesquisador incansável e autor de um estilo próprio de análise do texto literário, é estrela com destaque na cultura potiguar, sua obra é bem estudada, passsemo a outros.
Nos anos 70 e 80 do século XX, poetas se destacaram mimeografando seus poemas em (im)pura(?) resistência cultural. Um exemplo potiguar: Antonio Ronaldo. Citemos Adriano de Sousa que escrevia e fazia música.
Moacy Cirne é poeta norte riograndense do Seridó, artista visual e professor-aposentado do Departamento de Comunicação Social da UFF, sendo considerado o maior estudioso brasileiro das HQs, tendo escrito inúmeros livros sobre o assunto, além de ter sido um dos fundadores do poema processo. Em 1967 participou do lançamento do poema/processo e considerava, em 1968, que "A poesia não poderia ficar presa ao jogo fácil das palavras, que puxam palavras – associações paranomásticas que não mais funcionam" numa referência direta à teoria da Poesia concreta "nem a falsa engenharia estrutural / que termina na mais pura esterilidade", acrescentando que "A crise da poesia é simplesmente a crise da palavra (no poema)". De teoria bastante complexa, o poema/processo, na visão de Moacy, deseja criar um poema dialógico obra aberta, permitindo "várias leituras, a partir de um ponto dado, inicial ou não”. Por outro lado, conforme o manifesto do poema/processo, de 1967, assinado por Moacy Cirne, entre outros, "nem todo poema de processo, embora sempre concrecionando a linguagem, é concreto, no sentido empregado pelo grupo noigandres, mas todo poema concreto, para ser realmente válido, precisa encerrar um processo”. Dessa forma, mantendo-se fiel ao projeto inicial do poema/processo, quando este faz uso da palavra, nem sempre é possível distinguir um poema/processo de um poema concreto na obra de Moacy Cirne. Antenado com os movimentos literários no eixo Rio-São Paulo, o jovem Francisco Alves da Silva percebeu a transição poética que estava acontecendo e, juntando-se a Moacyr Cirne, Nei Leandro de Castro, Marcos Silva, Anchieta Fernandes e Dailôr Varela fizeram uma Exposição de Poemas Processos simultânea em Natal e no Rio de Janeiro, em 1967, criando uma nova forma de ver a poesia. Durante a época do desenvolvimento do Poema Processo em Natal, Falves Silva, J. Medeiros, Anchieta Fernandes e Alexis Gurgel criaram a revista “DÊS” para que seus poemas circulassem entre os meios culturais. O grupo participou de várias exposições itinerantes por Recife, João Pessoa, Fortaleza e Rio de Janeiro (trecho retirado da Wikipedia).

O dramaturgo potiguar João Denys Araújo Leite, ao lado dos autores  Moisés Monteiro de Melo Neto e Rubem Rocha Filho, encontro em NAtal, Rio Grande do Norte


Na dramaturgia, a partir do final do século XX, citaríamos os nomes de dois potiguares: Racine Santos, Cláudia Magalhães, Sandoval Wanderley, Meira Pires, Jaime Wanderley, autores ligados ao grupo Clowns de Shakespeare e João Denys Araújo Leite.

Em 2001, Tarcísio Gurgel publica Informação da literatura potiguar, livro-base sobre uma literatura que se faz a cada dia mais forte.

Com a peça Jacy, o Grupo Carmin (RN) passou os últimos cinco anos em circulação pelo País. Uma das afirmações que os artistas ouviram com frequência no Sul e Sudeste (sempre com choque) foi a de que o trabalho era tão bom “que nem parecia ser do Nordeste”. A sensação de estranhamento foi acentuada após as eleições de 2014, quando Dilma Rousseff foi eleita democraticamente e comentários em meios de comunicação e na internet atribuíram (pejorativamente) a vitória ao Nordeste. A inquietação com o preconceito voltado à região motivou o grupo a desenvolver a peça A Invenção do Nordeste, destaque do dia 1 de junho, do Trema! Festival. A sessão acontece às 21h, no Teatro Apolo.“Nós não identificávamos com o Nordeste que esperavam de nós, com tons ocres, de um indivíduo caricatural, sofrido e movido pela ideia de superação das adversidades. Ao verem que usamos tecnologia nas nossas peças, era um choque. Mas por quê? Depois da eleição de Dilma, ouvimos muito que ‘a culpa foi do Nordeste’, que não sabíamos votar, éramos ignorantes. Se você vai ver os dados, São Paulo é o estado onde há mais solicitações pelo Bolsa Família e, em 2014, Minas Gerais foi o estado decisivo para a vitória de Dilma. Essa imagem que o resto do país tem de nós é cheia de preconceito”, explica a diretora Quitéria Kelly, que provocou o grupo a debater sobre o assunto. A montagem leva o nome do livro do pesquisador Durval Muniz de Albuquerque Jr. Na obra, ele disseca a construção da identidade da região a partir de dados históricos que revelam como o que entendemos como Nordeste é fruto de um projeto de manutenção do poder por parte da elite financeira, política e também intelectual. Durval, inclusive, participou da montagem como consultor intelectual.A peça tem dramaturgia de Henrique Fontes, que também está em cena, e Pablo Capistrano e conta a história de dois atores – interpretados por Mateus Cardoso e Robson Medeiros – disputando o papel “de um nordestino”. Ambos provenientes da região, cada um precisa provar que é mais adequado para o personagem baseado em quem teria mais “a cara”, ou melhor, “o sotaque” local. Entre os questionamentos que o grupo lança está justamente o de quais seriam essas pretensas características em comum que tornam nove estados diferentes, com culturas próprias, em uma coisa só.“A gente optou por fazer uma autoficção – tanto eu, que faço o diretor, quanto os atores usamos nossos nomes em cena – porque a gente não queria só apontar o dedo para o outro, mas também tentar descobrir em que medida também não somos responsáveis por perpetuar certos estereótipos. O Nordeste é também uma construção que adotamos como real”, reflete Fontes.A pesquisa de Durval Muniz investiga os aspectos históricos – por exemplo, como a região foi se formando politicamente ao longo das décadas – e como obras culturais ajudaram a moldar essa ideia de Nordeste e desconstrói trabalhos de Euclides da Cunha (Os Sertões), Rachel de Queiroz (O Quinze), o cineasta Glauber Rocha, Gilberto Freyre, entre outros. Para Quitéria Kelly, o grupo Carmin tem caminhado cada vez com mais consciência para um espaço de contestação do status quo em seus trabalhos a partir do uso das potências do teatro.“Ainda permanece a ideia do nordestino como homem eticamente frágil, engraçado, desprovido de intelectualidade. Quantos artistas já não foram fazer teste para a televisão e ouviram para ‘carregar mais no sotaque’?. Está na hora de tomarmos o discurso e reescrever a nossa história. A gente quer fazer isso cada vez mais e sabemos que vamos pagar por isso”, reforça.

O espectro de Shakespeare, mais de 400 anos depois



por Moisés Monteiro de Melo Neto*

Tenho dez anos, acabei de cruzar a ponte de ferro (feita com trilhos de trem?) que liga a rua da Imperatriz à rua Nova, Recife. É uma tarde chuvosa e eu venho do dentista, como recompensa me levaram à minha sorveteria favorita: Confiança (que também era uma fábrica de biscoitos, na rua da Imperatriz); ao dobrar à esquerda em direção à Praça Joaquim Nabuco, onde tomaríamos o ônibus para Boa Viagem, onde eu morava, paramos numa banca de revista; enquanto a pessoa que estava comigo escolhia uma revista eu fixei meu olhar sobre um livro com capa verde limão, havia seis letras douradas que me chamaram a atenção. Abri-o. 

Moisés Monteiro de Melo Neto, como Hamlet



Li a palavra ESPECTRO, perguntei o que significava e me disseram: fantasma. Pedi o livro e a pessoa que estava comigo comprou para mim. Começou assim o meu envolvimento com Shakespeare. A peça era HAMLET, que eu interpretaria durante dois anos, algum tempo depois, dirigido por Paulo Falcão e pelo argentino Alberto Gieco. Tragédia maior, em vários sentidos. Sonho de uma noite de verão foi outra peça que acompanhei uma montagem luxuosa bem de perto; dirigida por Antônio Cadengue, tendo Susana Costa como Titânia, Buarque de Aquino como Oberon e Augusta Ferraz como Puck (na época fazíamos parte do grupo Ilusionistas). Também interpretei Mercúcio, personagem de Romeu e Julieta (numa adaptação de Rubem Rocha Filho, dirigida por José Francisco Filho). Aos quinze anos ganhei a obra completa de Shakespeare, presente de um primo mais velho, da nossa família, os Belli. Com prazer devorei peça por peça. Depois desta maratona eu nunca mais fui o mesmo. Faz 400 anos que William Shakespeare morreu, mas continua a perseguir com carinho todos os atores, diretores e muitos autores. Nascido na bucólica Strattford-upon-Avon, em 1564, antes de expressar-se através da criação literária, foi ator (um crítico o chamou de “corvo arrogante”, ao tratar de uma interpretação sua no palco; lembro aqui do conselho de Hamlet aos atores: “que a discrição te sirva de guia; acomoda o gesto à palavra e a palavra ao gesto, tendo sempre em mira não ultrapassar a modéstia da natureza, porque o exagero é contrário aos propósitos da representação, cuja finalidade sempre foi, e continuará sendo, como que apresentar o espelho à natureza, mostrar à virtude suas próprias feições, à ignomínia sua imagem e ao corpo e idade do tempo a impressão de sua forma”)  e a seguir   o mais influente dramaturgo do mundo, cujas  38 peças são exemplo quase ímpar da capacidade humana na escrita. Seu pai, John Shakespeare, afirma-se que era um comerciante chegou a prefeito da sua cidade natal. Sua mãe, Mary Arden, vem de uma família de proprietários de terras. Teve sete irmãos. Criou-se católico, mas só em um soneto ou dois ele ousa defender, ou pelo menos citar, os companheiro sufocados pela rigidez da Igreja Anglicana. Casou-se com Anne Hathaway e geraram: Susanna e dois filhos gêmeos, um chamava-se Hamnet (quase Hamlet, teve má sorte, morreu aos 11, longe do pai que estava em Londres). Parece, especulações novamente, que o jovem artista, fugiu com uma trupe de teatro (muitos deles visitavam a cidade de Shakespeare); Quando em 1592, fecharam os teatros, por causa da peste, ele se dedicou  aos poemas líricos Vênus e Adônis e O Rapto de Lucrécia. Logo depois construiu o Globe Theatre (sucesso por 15 anos, mas em 1613, na peça Henrique VIII, pegou fogo e virou cinzas; foi reconstruído, mas depois foi demolido em 1644. Em 1997, o projeto do americano Sam Wanamaker (morreu em 1993), de reconstrução dessa famosa casa de espetáculos, perto do lugar onde ficava o primeiro Globe, trouxe de volta um pouco do antigo fascínio deste Teatro. Além de ator e escritor, ele foi sócio da Lord Chamberlain´s Men (ou King´s Men, o que já dá o tom da sua gratidão aos nobres que o apoiavam, não é?). 


Moisés Monteiro de Melo Neto como Ricardo III, de Shakespeare


Sobre sua vida sabemos pouco, embora haja uma enxurrada de livros sobre sua produção e até a lenda sobre a autoria de parte dos seus textos. Estudou até os 7, retornou até os 11. Conheceu , ainda adolescente o teatro e se apaixonou, foi para Londres e cavou seu caminho quase até o topo. Christopher Marlowe (teria sido ele, que forjara a própria morte e escrevia tudo de Shakespeare?) estava no seu caminho; Thomas Kyd e outros protegidos da rainha. Mas ele chegou até Elizabeth; o resto se mistura com lenda, o que é ótimo, para quem curte a produção deste bardo.  Suas comédias, dramas históricos, tragédias (Macbeth, Rei Lear, Otelo) são jóias de valor incalculável. Da sua forte herança latina brotaram as tragicomédias ou romances. Teve a glória em vida, mas acho que nem no sonho mais louco imaginou até aonde iriam as projeções da sua sombra e da sua luz. O Mercador de Veneza, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por nada, Noite de reis, Medida por medida, Conto do Inverno, Cimbelino, Megera Domada, A Tempestade, Tito Andrônico, Romeu e Julieta, Julio César, Antônio e Cleópatra, Coriolano, Timon de Atenas, Henrique IV, Ricardo III, Henrique V e outras peças como Henrique VIII, fascinam com sua genialidade enigmática sublime; 400 anos depois do desaparecimento físico do misterioso bardo inglês, que tratou tão apropriadamente temas tão fortes, com um colorido (forma e conteúdo) tão cheio de som, riso, siso e fúria da alma humana, ainda dá muito o que falar. Uma vez, em Londres, eu parei diante da estátua dele no Museu de cera de Madame Tussaud e me perguntei: qual seria a figura exata de Shakespeare? Há tantas representações diferentes dele. Voltei no tempo, ao dia em que ganhei aquele Hamlet, e o li numa noite cheia de chuva, relâmpagos, trovões, ventos uivantes, próximo ao mar de Boa Viagem.



*O recifense Moisés Neto é doutor em Letras, escritor, pesquisador e professor