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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

SOBRE VEREDA DA SALVAÇÃO (PEÇA DE JORGE ANDRADE)


E estas personagens, hein? Se o autor chega até o âmago ou desliza em viés sociológico imantando certo  realismo problemático a ponto de descambar quase na sugestão de um enigmático expressionismo, caberia assim ao diretor, com o seu ponto de vista, conseguir a unidade e o equilíbrio necessários para uma encenação segura ao  reproduzir o texto no palco, enfrentando o contraste com o óbvio panfletarismo (que neste caso parece kamikasi). A fronteira do incesto, RELIGIÃO E POLÍTICA FAMÍLIA, associações explosivas para detonar  rotina e acomodação. É possível mostrar o poético, a ansiedade de qualquer direção cênica de materializar todas as hipóteses que poder ser sugeridas por um  trabalho engajado nessa hora tão complicada de bancadas ruralista ganhando direito ao trabalho escravo no Brasil, em troca de votos aos corruptos que tomaram o Brasil de assalto (!)com a febre política que deveria dominar também o teatro (que está entorpecido por AUXÍLIOS GOVERNAMENTAIS, dos editais (amordaçadores ) da cultura?  o teatro Como secar texto e trabalhar a veracidade humana dessa peça?  nessa presença de gente no palco.usar Stanislavski (como actor´s studio norte-americano);  buscar “naturalidade” desconstruir visão marxista ingênua com propósitos utilitaristas da arte; analisar acirramentos de posições ideológicas da vida brasileira, agora e de então (anos 50) (como um todo)  ; traçar estratégias de autodefesa diante de cobranças extra-artísticas, hoje e sempre; procurar expressão cênica própria do CIT, intuir o processo; se a violência policial é pouco mostrada realmente no palco durante a peça: isso vai ser ampliado ou o drama tem outro foco? Isso é “ defeito”; como trabalhar aí o realismo sabendo que o palco é tudo(?) (im)pura  convenção, como “representar” o que a realidade inspirou? Incitar os intérpretes a um verismo absoluto, na criação de uma atmosfera tensa  entre palco e plateia ? ameaçar a plateia tendo em vista a situação de pré-fundamentalismo e retrocesso mental que se espalha pelo Brasil/ Mundo? Erguer-se contra as misérias do cotidiano? E esse massacre pela polícia de um grupo de trabalhadores  rurais; comemoração da Semana Santa, conduzido pelo líder messiânico (Joaquim)... (?)
Cabe Jerzy Grotovski, Peter Brook, Artaud, no meio de alegorias entrançadas e destroçadas nas mãos de um dramaturgo que via o GRITO munchiano de forma tão corrosiva? Podemos falar assim para representar Dolor?
As regiões da memória do paulista Jorge Andrade , ao enfocar rastros da nossa cultura do meio rural traz dos grotões da terra uma força descomunal e ao mesmo tempo fraca em suas restrições fanáticas, mergulha-as em estranho primitivismo que as universaliza sem cristalizá-las, mantendo-as em fricção de terror e êxtase (como na Santa Tereza de Bernini);  estudar suas profundas observações nos faz lembrar a  maior parte de suas criações, inclusive quando o foco é gente de dinheiro, em ruína  (ou não) como em  A moratória  (que aborda a ruína de uma família proprietária de cafezais no interior do estado de São Paulo, em decorrência da crise financeira e da produção cafeeira, por volta dos anos de trânsito da década de 1920 para a 1930)

(Manoel), (Artuliana), (Ana),(Geraldo), (Onofre), (Durvalina), (Conceição), (Germana), (Pedro), (Daluz): um xadrez que vai se resolvendo dramaturgicamente...

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