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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Recife, jovens artistas & anos 80

A GERAÇÃO 80 RECIFE, assim nomeada pelo saudoso Eneas Álvares, autor do estatuto inicial do grupo Ilusionistas, tem como representantes autores como Douglas Tabosa (romance Saudade do Futuro), Henrique Amaral (peças teatrais, poemas, roteiros e direção teatral/cinematográfica), Marco Hanois (cinema, teatro, artes plásticas, performance, happening), Moisés Neto (dramaturgo, professor, pesquisador, poeta, diretor teatral), Miriam Juvino (atriz, produtora), Luci Alcântara (atriz, diretora de cinema), Gê Domingues (músico, artista plástico, performer), Simone Figueiredo (atriz, arte-educadora, produtora, gestora cultural), Augusta Ferraz, Magdale Alves (atrizes), Mozart Guerra (artista plástico), Vavá Paulino, Henrique Celibi (atores, performers), Ricardo Valença (jornalista, músico e crítico), João Falcão (autor, diretor), Adeilson Amorim (fotógrafo), Aramis Trindade (ator, produtor), Mísia Coutinho (atriz, produtora), Bruno Garcia (ator), Heitor Dhália (ator, diretor de cinema), Paulo Smith (músico), Paulo Barros (ator, poeta, profissional do cinema e TV), Felipe Botelho (dramaturgo), Paulo Falcão (ator, poeta, designer, diretor, publicitário), Carlos Sales (ator, diretor especialista em teatro de rua), Ana Célia Bandeira, Manuel Constantino (ator, diretor, poeta, romancista), Rivaldo Casado (ator), José Manuel Sobrinho (diretor, ator), João Júnior (produtor de cinema), Vladmir Combre de Sena (ator, autor, designer, produtor), João Augusto Lira (ator, professor), Black Escobar (dança, teatro, professor, produtor), Paulo Caldas e Cláudio Assis (cineastas) dentre outros.





A característica maior desta geração é um faça você mesmo, muito irreverente e... iconoclasta. Seu signo-mor; o paradoxo. Suas influências vão de Andy Warhol (pop arte), Nelson Rodrigues, Glauber Rocha, Drummond, Fernando Pessoa, cinema expressionista alemão, Jomard Muniz de Britto (pop filosofia?), ciclo de cinema de Recife, Tropicália, Roland Barthes, Beatnik, BRock, Ionesco, Jazz, Clarice Lispector, Artaud, Peter Brook, Antunes Filho, Orson Welles, o carnaval, Tennesse Williams, Millor Fernades, Qorpo Santo até várias outras tendências.
O musical MUITO PELO CONTRÁRIO,de João Falcão,  anos 1980, mudou o teatro em Recife, ficando em cartaz durante anos lotando casas como o teatro de Santa Isabel. Amaral é um dos artistas da "Geração 80" que ao lado de Moisés Neto reinventaram a cena pernambucana com o grupo ILUSIONISTAS.


parte do elenco de MUITO PELO CONTRÁRIO, durante turnê

 No elenco Suzana Costa, Paulo Falcão, Sandra Mascarenhas, Moisés Neto, Augusta Ferraz (elenco original), Magdale Alves, Rutílio Oliveira, Ivonete Melo, dentre outros. Elaborado por um grupo de jovens artistas recifenses, o espetáculo mostra o olhar de uma geração sobre sua cultura e sua realidade, e busca desconstruir, com humor e ironia, ideias e imagens cristalizadas a respeito da Região Nordeste, frequentemente associada à seca, à fome e ao folclore. Segundo seu autor, Muito pelo Contrário fala "das raízes um tanto deterioradas e do folclore de uma região, que se prende a estas coisas como meio de sobrevivência de suas artes. Porém, o espetáculo não é um lamento, é uma viagem ao avesso do cartão-postal, ou melhor, a uma realidade que transcende o colorido das festas populares e a virtuosa e heroica imagem da miséria nordestina".

 

Magdale Alves, Augusta Ferraz, Paulo Falcão e Rutílio de Oliveira,Moisés Neto na primeira montagem da peça de João Falcão "Muito Pelo Contrário"



O crítico carioca Macksen Luiz explicita que isso se dá paulatinamente ao longo da apresentação, firmando-se "a partir da visita da socióloga a Olinda, quando é assediada pelos garotos-guias [...]. E, ao se iniciar o quadro da família de classe média de Caruaru, que resolve assumir toda imagem estereotipada do nordestino para ganhar um concurso da família típica, o público já está definitivamente conquistado". Em segunda temporada no Rio de Janeiro, em 1982, o crítico Yan Michalski louva em Muito pelo Contrário aquilo que o diferencia do panorama teatral carioca e paulista, especialmente sua instigante vitalidade: "O texto procede à demonstração proposta com inteligente e contundente espírito crítico e com atraente senso de humor. O espetáculo através do qual a ideia é cenicamente traduzida é singelo e sem maiores lances de inventividade, mas charmoso e envolvente, e interpretado com simpática mordacidade pelo elenco, cuja protagonista, Suzana Costa, destaca-se pela sua presença elegante e maliciosa. A música, cantada com apreciável competência, desempenha um papel de grande importância na realização: por um lado, ela contribui para reforçar, com suas características, a carga crítica do texto; por outro, constitui-se no principal trunfo estético de um trabalho cujas qualidades, de uma maneira geral, situam-se no plano da ideia, mais do que da estética".

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