Quando falamos de multiculturalismo e responsabilidade do poder público nos estudos dos casos em questão, por exemplo, não vemos a necessidade de uma mestiçagem cultural, porém
a observação de casos onde há situações nas quais o poder cultural seria assimétrico.
As tradições artísticas dominantes dependem, bem sabemos do sistema das
galerias, dos museus, e das publicações, inclusive das grifes cibernéticas, que
as sustentam sempre. Hibridização aqui teria a ver com o atraso para adotar uma
estética, por parte daqueles que estão à margem das tradições ditas dominantes,
o que poder até ser vantajoso, pois “traduz” a linguagem que estava no poder.
Estes trabalhos “híbridos” seriam mais, digamos assim, desafiadores. Mas como
anda a representação da nossa Literatura nos manuais que a estudam?
Temos, por exemplo, no Rio Grande do Norte os poetas Lourival
Açucena (1827-1907), André de Albuquerque Maranhão, Pedro Velho, Juvenal
Lamartine, Henrique Castriciano (1874-1947), Auta de Souza (1876-1901),
Ferreira Itajubá (1876-1912), Palmira Wanderley (1894-1978), Renato Caldas
(1902-1991), Juvenal Antunes (1883-1941), Câmara Cascudo, Jorge Fernandes ou romances como Os brutos, do “ciclo do algodão”, de José Bezerra
Gomes (1911-1982), do modernismo local, na esteira do romance de 30, ou ainda
autores como Polycarpo Feitosa (1867-1955) e Aurélio Pinheiro (1882-1938) e até
nos anos 70 e 80 do século XX, poetas da resistência cultural ou ainda Antonio
Ronaldo e Adriano de Sousa (escritor e músico) ou também Moacy Cirne, poeta norte riograndense do Seridó, um
dos fundadores do poema processo (em 1967 participou do lançamento do poema/processo) e Falves Silva, J. Medeiros,
Anchieta Fernandes e Alexis Gurgel (que criaram a revista “DÊS” para que seus
poemas circulassem entre os meios culturais em Natal conectado ao resto do
país, cujo grupo participou de várias exposições itinerantes por Recife, João
Pessoa, Fortaleza e Rio de Janeiro), como podemos não trabalhar isto melhor com nossos alunos do ensino médio? Por
que temos sempre que ficar presos às mesmas páginas? Por que não diversificá-las? Neste contexto é bom lembrar que em
2001, Tarcísio Gurgel publica Informação da literatura potiguar,
livro-base sobre uma literatura que se faz a cada dia mais forte.
Para nós a iminência (das poéticas)
seria isso: entender e lembrar boas obras de arte. Um grande ato de cidadania
cultural poderia ser moldar um momento na arte, permitir máxima liberdade ao
artista ao mesmo tempo em que se propõe a escrever uma história do presente na
arte. Alguns argumentam que não temos mais
nações, mas um estado de transnacionalidade
(ideia de padronização ou tentativa de enxergar certa neutralidade transnacional?); será que seria correto pensar que
tradições regionais amalgamaram-se numa espécie de linguagem universal
cosmopolita?
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