O
livro O Percurso do estágio Atrelado à
Pesquisa: formando profissionais
vem proporcionar aos leitores o acesso aos conhecimentos adquiridos nas
pesquisas efetuadas pelos autores em diversas áreas, com enfoque especial para
as licenciaturas, das Instituições de Ensino Superior pesquisadas. Nesse
pensar, a teia de ideias pesquisadas nesta obra incorpora, de forma gradual, as
várias reflexões construídas pelos autores, que expressam uma cuidadosa maneira
de pensar e compreender a educação em sua integridade. Em seus capítulos se
encontra uma diversidade de discussões sobre complexa temática dos estágios,
cuja oferta, em sua integridade, será sempre um desafio para o campo
educacional e acadêmico.
As
pesquisas apresentadas sobre as diversas experiências relatadas pelos docentes
e pelos estagiários apontam as habilidades e competências profissionais
vivenciadas em diferentes panoramas sobre o processo do estágio curricular
supervisionado.
As
reflexões sobre o que desvelam os capítulos dessas pesquisas primam pelos
relatos das vivências dos envolvidos em sua relação com a apreensão das teorias
e o desenvolvimento de uma práxis humanizadora. A preparação desta obra não
seria possível sem a interação entre os profissionais das IES, os professores
das escolas de Educação básica e os estagiários que, com dedicação e com o uso
de conhecimentos e recursos apropriados, colaboraram/colaboram para a
valorização da educação, por meio do compartilhamento de seus conhecimentos.
Entendemos,
portanto, que o estágio curricular supervisionado, como alma do curso, volta-se
para um não pensar de maneira leve; trata-se de pensar o estágio como um
desafio para formar o profissional articulado à pesquisa nos cursos
universitários, sejam estes de licenciatura ou de bacharelado, cuja finalidade
seja fomentar contribuições para uma formação de seres humanos conscientes
rumos à cidadania. E, nessa perspectiva, referenciamos o estágio supervisionado
como um componente curricular obrigatório e indispensável ao processo de
formação dos estudantes e dos profissionais, conforme preconiza a Lei 11.788/2008.
Paulo
Freire (1996) nos faz pensar como ensinar exige uma reflexão crítica sobre a
prática de hoje, ou de ontem, para que se possa melhorar a próxima prática.
Assim, o autor deixa claro que, ao se fazer reflexões, tanto as teorias quanto
às práticas fornecem subsídios aos envolvidos no processo. E, dessa forma, a
apreensão dos conhecimentos desencadeia competências e habilidades necessárias
aos estagiários para produzirem novas ações, como futuros profissionais.
Portanto, convém ressaltar que aquele que investe na formação
dos futuros profissionais têm diante de si o desafio de definir e redefinir
suas metas através da tríade: ensino, pesquisa e extensão, mas sempre seguindo as informações de maneira
espontânea e com autonomia. Pensando assim, é preciso crer nos jovens,
oferecer-lhes setas para os caminhos a serem seguidos. Logo, “as exigências e
desafios que a realidade social coloca, são expectativas de formação dos alunos
para que possam atuar na sociedade de forma crítica e criadora” (LIBÂNEO, 2017,
p.164).
Nesse
pensamento, as pesquisas, aqui apresentadas, atêm-se a concepções que possam
resgatar uma convivência envolvente e prazerosa. Foi preciso buscar estudos
para resgatar a importância do estágio supervisionado nas universidades, pois
as transformações técnico-científicas resultam da ação humana concreta sobre as
experiências vivenciadas na práxis do estágio. (PIMENTA; SEVERINO, 2011).
Foi
pensando nessa relação de ideias que incorpora os estudos metodológicos de um
processo científico organizado através de movimentos planejados e efetuados,
envolvendo sujeitos reflexivos e decisivos, bem como, estudos concretos
construídos pelos autores de novos conhecimentos, que se formou esta obra
coletiva. Que sua leitura se torne agradável aos olhos de quem revisitá-la.
Inalda
Maria Duarte de Freitas
Professora
Titular - Uneal
REFERÊNCIAS
BRASIL, Presidência da
República. Lei Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Diário
oficial da União. Brasília: 26 de setembro de 2008.
FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2017.
PIMENTA, Selma Garrido;
SEVERINO, Antônio Joaquim. (coor.). Questões
de método na construção da pesquisa em educação. São Paulo: Cortez, 2008.
Prefácio
Estágio, pesquisa e formação de
profissionais – um
percurso instigante ainda que haja inúmeros desafios
A organização de um livro
feito a muitas mãos não é uma tarefa fácil para professores universitários que
lidam, diariamente, com um público tão diversificado como são os professores e
os estudantes da educação básica – público-alvo do objeto de estudo desta
coletânea. Contudo, convém destacar que esta obra também alcança outros
públicos – aqueles que se interessam pela educação, de forma geral, e, principalmente,
para os que lidam com as questões de formação iniciada e continuada. Os
desafios aumentam, progressivamente, quando o livro objetiva falar sobre a
formação de professores em cursos de graduação, a partir das temáticas
relacionadas à oferta do Estágio Curricular Supervisionado.
Como se trata de uma
produção coletiva e direcionada às comunidades escolares e acadêmicas, retomo a
um passado longínquo para relembrar as condições de sobrevivência tão adversas,
que o ser humano precisou enfrentar. Faz-se necessário enfatizar que, nossos
ancestrais desenvolveram o trabalho (transformação da natureza), atividade
coletiva que possibilitou o desenvolvimento desse ser, individual e, sobretudo,
coletivamente e garantindo sua sobrevivência. A vida em comunidade era/é a
razão da existência pois, sem o outro, nossa vida seria perdida ainda mais
rápido. O tempo de existência diante das dificuldades era pequeno, por isso
urgia a tomada imediata de ações. As condições concretas daquela vida levaram o
ser humano a viver em bandos, o que hoje chamamos de comunidades. Destacamos
esses aspectos para entendermos a importância da coletividade para a existência
e sobrevivência humanas.
Este livro destaca o
desenvolvimento de elementos fundamentais para nossa existência: o trabalho e a
linguagem. O primeiro elemento cumpre o papel de transformar a natureza para
atender as necessidades mais vitais; enquanto o segundo elemento busca a
comunicação, para assim, perpetuar as aprendizagens experienciadas. Não fosse a
linguagem, registrando as descobertas e socializando-as, teríamos que recomeçar
todos os dias, o que seria um empecilho para o nosso desenvolvimento.
A produção deste livro, O Percurso do estágio Atrelado à Pesquisa:
formando profissionais, organizado por Edel Guilherme Silva Pontes, Inalda
Maria Duarte de Freitas e Rosária Cristina Costa Ribeiro, encaixa-se nessa
linha histórica descrita acima. Quando associamos a busca de outrora de nossos
ancestrais com a pesquisa, em sua aplicação teórica e prática, percebemos o
quanto os organizadores utilizaram a linguagem como ferramenta primordial para
articular a oferta dos estágios nos cursos de graduação associando os conceitos
teóricos à prática, aspecto fundamental deste trabalho.
Sendo assim, dissociar
esses dois elementos constituintes da existência humana é um equívoco, pois sem
a prática não podemos conhecer a realidade; sem os registros desta prática,
precisaríamos começar sempre do zero. E, o mais importante está posto quando
observamos que tudo partiu de um grande desafio que nos acompanha: necessidade
e relevância do trabalho coletivo. Com a leitura dos capítulos fica inegável a
importância da linguagem quando a associamos ao trabalho, principalmente quando
o assunto é a pesquisa e prática de ações que versam sobre formação inicial dos
profissionais, em todas as suas diversidades e especificidades, como acontece
nas IES quando o debate gira em torno do estágio como componente curricular –
obrigatório ou não, conforme percebemos nos títulos que compõem a obra.
Rosária Cristina Costa
Ribeiro, Will Dágansú da Conceição de Souza e Kall Lyws Barroso Sales assinam o
capítulo que abre esta coletânea, “A diversidade em sala de aula de língua
francesa: o papel do estágio supervisionado e a representação da francofonia na
formação de professores”. Este trio
de autores faz uma abordagem sobre o apagamento da língua francesa e do
plurilinguismo dos currículos da escolaridade básica e o relaciona aos métodos
utilizados no processo de ensino e aprendizado da língua francesa, fato que desencadeia
a falta de valorização do exercício da docência como profissionalização.
No segundo capítulo,
Rosangela Nunes de Lima discorre sobre sua experiência enquanto pesquisadora,
com cursos de formação continuada e os reflexos destes na atuação de professoras
de língua inglesa, no ensino fundamental II. Lima destaca a importância do
trabalho coletivo embasado nas pesquisas, cujo foco é levar os professores a
analisar as próprias práticas desde o período de observação até o momento da
avaliação.
“A
pesquisa no estágio supervisionado curricular na formação de professores da
Licenciatura em Física” é o assunto do terceiro capítulo. Edel Guilherme Silva
Pontes e Jeovanna Costa Floriano fazem um relato dinâmico sobre o curso de
licenciatura em Física e destacam a importância do estágio curricular para a
formação e qualificação do futuro professor de uma área ainda carregada de
estigmas. O diferencial centra-se em dois pontos básicos: primeiro - a turma
selecionada para esta análise foi a primeira do curso no Campus; e segundo – a estagiária realizou suas atividades de
estágio em escolas de categorias diferentes – uma escola da rede pública, e
outra da rede particular. Os resultados, com realidades distintas, favoreceram
a colheita de bons frutos e um excelente material para estudos e reflexão.
No
quarto capítulo, Josefa Eleusa da Rocha refere-se às ciências biológicas, em
que destaca a importância de haver um estreitamento entre as teorias e as
discussões vivenciadas pelo aluno, em sua formação inicial nos cursos de
Ciências Biológicas e a prática docente da sala de aula, na Educação Básica, de
forma que haja uma conexão entre o licenciando, a universidade e a escola.
No
quinto capítulo “Estágio Supervisionado, axiologia e práxis: Posicionalidades,
Espacialidades e Localidades”, Antônio José Rodrigues Xavier discute sobre a atuação dos sujeitos na perspectiva do
“estágio como pesquisa da prática e da prática da pesquisa no estágio”. Xavier
propõe a construção de um mapeamento axiológico que deve partir da análise dos
valores instituídos pela base legal e que servirá de fio condutor capaz de
configurar a práxis epistemológica nos estágios.
No sexto capítulo,
Jenaice Israel Ferro e Renan Antônio da Silva apontam a ausência de políticas
públicas voltadas para a Educação de Jovens e Adultos, fato que mobilizou
professores da EJA do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e
Cultura (ProDIC), da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) a estimular
alunos a estudarem e trabalharem nesta perspectiva, desmistificando a forma
pragmática e pontual como foi tratada, proporcionando-lhe a abordagem devida:
ser exercida por profissionais da educação e com foco nas políticas públicas de
Estado.
No
sétimo capítulo, Bruno Rogério Duarte da Silva traz a performance como uma
prática pedagógica que faz todo o diferencial nas ações planejadas para o
estágio. Este autor apresenta as concepções sobre o estágio curricular
supervisionado como uma prática pedagógico-performativa, destacando conceitos,
importância e teorias. Ao longo do capítulo, Silva faz a socialização das
atividades desenvolvidas no curso de Letras-Campus
IV e apresenta práticas educacionais lúdicas, poéticas e interculturais que
podem ser desenvolvidas nos estágios.
A
seguir, no capítulo oito, o grupo formado por quatro estagiárias e liderado por
Maria Betânia da Rocha de Oliveira traz o relato de uma experiência de estágio
vivenciada em uma escola pública, durante o período da pandemia Covid-19.
Achineider Ferreira dos Santos, Daniela Messias Nobre, Janiquele da Silva Lima
e Maria Alice da Rocha registram os desafios, os sabores e os dissabores que
experimentaram quando da oferta do estágio na modalidade on-line e a necessidade de inserir os recursos digitais nas aulas
remotas de Língua Portuguesa.
No
nono capítulo, “O estágio de língua inglesa e a pedagogia dos multiletramentos:
uma experiência de educação linguística pluralista”, Maria Verônica Tavares Neves Cardoso (professora orientadora),
Fabiana Carvalho Santos e Larry da Silva Oliveira (estagiárias) trazem uma
temática ainda nova nos espaços das escolas da educação básica. O texto
apresenta questões sobre a pedagogia dos multiletramentos em duas vertentes: o
ensino de língua inglesa e os efeitos do estágio para a formação dos
professores.
No
capítulo dez, “O estágio não obrigatório atrelado à pesquisa: algumas
reflexões”, Inalda Maria Duarte de
Freitas e Eryca Virgínia da Silva Souza tecem comentários sobre as resoluções
que categorizam os estágios como obrigatório e não obrigatório e enfatizam que,
independentemente da modalidade, o estágio quando atrelado à pesquisa, favorece
a formação docente. Partindo das concepções gerais do estágio, o texto segue,
de forma ordenada, apresentando uma experiência de mentoria, classificada como
um estágio não obrigatório.
Fechando a coletânea, no
décimo primeiro capítulo, Adriana Cavalcanti, José Nogueira da Silva, Moisés
Monteiro de Melo Neto e Nedson Antônio Melo Nogueira relacionam o estágio
supervisionado às concepções de língua, texto e sujeito. Segundo os autores,
tais concepções orientam o processo de ensino e aprendizagem, compondo tanto as
práticas pedagógicas quanto o arsenal teórico-metodológico.
Fruto
de um trabalho de pesquisas alicerçado no plano coletivo, este livro carrega, a
muitas mãos, o vigor do processo inicial de todo curso de formação de
profissionais que desejam, inspirados nos espaços da linguagem, criar novos
sentidos para a educação universitária, sem deixar de expandir os referenciais
já existentes.
Professora Dra. Maria
Betânia da Rocha de Oliveira/Campus IV-UNEAL
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