O
Seminário Morte e Vida Severina
acontecerá no dia 27 de outubro no auditório e trará muito enriquecimento para
a UNEAL campus III. Arte e conhecimento acadêmico andando juntamente.
Certificados de 10 horas extracurriculares serão entregues aos inscritos. Faz
parte das atividades do Grupo TUPI
(Teatro Universitário em Palmeira dos Índios), Grupo de Extensão e o GPLITPOP (Grupo de Pesquisa em
Literatura Popular), ambos coordenados pelo Prof. Dr. Moisés Monteiro de Melo
Neto*, do Campus III, Palmeira dos Índios. A coordenação do evento também está a
cargo do Conselho Estudantil da UNEAL (C. E.U.)
O
evento será iniciado por um sarau com discentes da instituição. Uma chance de
mostrarem sua sensibilidade artística. Seguidamente, uma palestra com o
professor Prof. Dr. Moisés de Monteiro de Melo Neto sobre a obra de João Cabral
de Melo Neto. Outra palestra, proferida pelo Prof. Luciano José Barbosa da Rocha tratará do célebre autor
e também fará um confronto com o pensamento do filósofo franco-argelino Albert
Camus, especificamente no que trata da sua visão sobre o Mito de Sísifo, em
cotejo com o estigma do sertanejo retirante.
A seguir o graduando em Geografia João Victor Fernandes, UNEAL Campus
III, falará sobre a geografia humana e a filosofia em MORTE E VIDA SEVERINA, Auto de Natal Pernambucano. Após isso, o
espetáculo "Morte e Vida Severina", estrelado por universitários da
UNEAL, será apresentado ao público.
O
centenário do recifense João Cabral de Melo Neto foi em 2020, mas a pandemia
adiou nosso evento, que acontece agora, de modo presencial, exclusivamente, no
Campus III da Uneal.
Nas palestras sentido da morte no poema “Morte
e vida severina”: reflete a difícil vida dos sertanejos, principalmente os que
habitam o sertão nordestino, além de apresentar para os leitores a figura de
Severino, sujeito pobre e sofredor, que tem sua vida marcada pela miséria e
pela dificuldade. Refletiremos sobre o fim da vida, discutindo teoricamente
algumas definições e mostrando algumas hipóteses sobre o porquê do espanto
demonstrado pelos indivíduos quando a morte é tema de alguma conversa,
destacando as principais características que tornam o poeta João Cabral um
engenheiro no campo das palavras. Falaremos também dos estigmas e estereótipos
que cercam as representações da classe dos menos favorecidos, dentre esses
fatores pode-se destacar o sofrimento, a pobreza e a miséria.
Na
parte da noite, a peça "Caetés", inspirada no primeiro romance de
Graciliano Ramos (1933), com dramaturgismo Prof. Moisés Monteiro. A romance original
que retrata como era Palmeira dos Índios há 90 anos, pela visão do Mestre
Graça. abrilhantará o evento. Após a apresentação, uma breve roda de conversa
encerrará a noite.
Eis
um trecho da peça CAETÉS, quando o personagem-narrador expressa sua visão de
mundo:
O
tempo passou e eu continuei na firma como se nada tivesse acontecido, com os
amigos de sempre, em Palmeira dos Índios, na mesma pensão. Uma tarde, girando
por estas ruas, parei na beira do açude, lembrei-me da estrela vermelha que
contemplamos, eu e Luísa Como aquilo ia longe! Passeei pela cidade numa onda de
recordações. Parei na calçada da igreja. Da paisagem admirável apenas se
divisavam massas confusas de serras cobertas de sombras. A estrela vermelha
brilhava à esquerda. Pareceu-me pequena, como as outras, uma estrela comum.
Comum, como as outras. E estive um dia muito tempo a contemplá-la com respeito
supersticioso, contando-lhe cá de baixo os segredos do meu coração. E lamentei
não ser um índio, como os do livro que eu queria escrever, para colocá-la entre
os meus deuses e adorá-la. Ah! Não ser selvagem! Que sou eu senão um
selvagem com verniz por fora? Quatrocentos anos de civilização, outras raças,
outros costumes. E eu disse que não sabia o que se passava na alma de um
índio caeté! Provavelmente o que se passa na minha, com algumas diferenças. Um
caeté branco que sabe contabilidade e lê jornais, ouve missas. Ou pensam
que sou ateu? Engano. Não há ninguém mais crédulo que eu. Ateu! Não é verdade. Tenho
passado a vida a criar deuses que morrem logo, ídolos que depois derrubo —
uma estrela no céu, algumas mulheres na terra...
*
Moisés Monteiro de Melo Neto possui graduação em Letras (1992), mestrado e
doutorado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (2011). É professor
da UNEAL (Universidade Estadual de Alagoas) e da UPE (Universidade Estadual de
Pernambuco). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura, nas
seguintes Áreas: Dramaturgia, Literatura Comparada, Estudos Culturais, Produção
Textual, Literaturas em Língua Portuguesa, Cordel, Literatura Indígena,
Representações dos Gêneros na Literatura, Bioficção, Literatura e História,
Literatura e Cinema. É professor desde 1992. Autor de vários livros, dentre os
quais: Abismos da Poeticidade, publicado pelo SESC, LITERATURA DE AUTORIA
INDÍGENA E A REPRESENTAÇÃO DO ÍNDIO EM OUTRAS LITERATURAS, CIRCO MÁGICO ALAKAZAM
(publicado pelo Governo de Pernambuco), Anticânone: literatura em Pernambuco,
Movimento Mangue: Chico Science e outros artistas (2021). Autor de peças
teatrais que receberam menções honrosas e prêmios, Foi dramaturgista da peça Um
minuto para dizer que te amo, vencedora de vários prêmios; atuou como
colaborador do Suplemento Literário do Jornal do Commercio, Recife, nos anos
1990. Está na Academia Palmeirense de Letras. É pesquisador no grupo de
pesquisa NEAB: Identidades culturais: preservação e transitoriedade na cultura
afro-brasileira, da Universidade de Pernambuco. Faz parte do Programa de
Mestrado em Letras (ProfLetras), oferecido em rede nacional, integra o Programa
de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Alagoas e também da Pós-Graduação
em História, na mesma Universidade. Em 2019 lançou o livro Shakespeare: um
ensaio dramático. Colaborou de 2018 a 2020 com os jornai O SÉCULO, A Gazeta,
dentre ouros. É membro da Academia Palmeirense de Letras, Ciências e Artes. Em
pesquisa e extensão: NÚCLEO DE ESTUDOS POLÍTICOS, ESTRATÉGICOS E FILOSÓFICOS:
NEPEF, É coordenador do GPLITPOP: Grupo de Pesquisa em Literatura Popular.
xperiência Profissional: 30 anos de Magistério. Líder do Projeto TUPI Formação
do Teatro Universitário em Palmeira dos Índios - Pesquisa e atuação: Teatro
como instrumento pedagógico na prática do ensino de Literatura. Lançou no final
de 2020 os livros 'Biografia, Autobiografia e Ficção: Literatura e História em
Entrelaçamentos Vivenciais', e "Literatura africana de língua portuguesa.
Tem participado de congressos, colóquios e encontros, mesmo durante a pandemia
nos anos 2020/ 2021. Publicou vários dos seus cordéis. Suas peças tem sido
transmitidas pela Rádio Folha de Pernambuco. Teve publicados artigos
científicos com os seus alunos. Ministrou o minicurso Literatura africana de
língua portuguesa, pela UNEAL, integrando forças com o projeto do Lepdic, pelo
Grupo. Professor no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
(PIBIC).Atua no Curso de Licenciatura Intercultural Indígena de
Alagoas/CLIND-AL. Vem apresentando trabalhos em encontros nacionais como o 5º
Congresso Nacional de Educação, junho de 2021. Sua peça Shakespeare e os Atores
ganhou versão no Youtube, com apoio da Lei Aldir Blanc, estreando dia 6 de junho
de 2021. Em julho de 2021 organizou o livro Literatura africana de língua
portuguesa: uma prática de ensino. Seus orientandos vêm defendendo seus
trabalhos através de plataformas digitais. A convite do IFPE ministrou palestra
Literatura Africana. Compôs Banca Avaliadora no VII CONGRESSO INTERNACIONAL
SESC DE EDUCAÇÃO (UFPE/SEBRAE)/2021
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