Prof.
Dr. Moisés Monteiro de Melo Neto
UNEAL
e UPE
A vida que eu
levava não era a minha. Eu tentava fazer com que se tornasse minha, essa era a
minha luta (Karl
Ove Knausgärd)
As
biografias são como a interpretação de uma peça musical. As pessoas confiam
muito no retrato, mas é apenas uma maneira de contar, é a minha forma, minha
história, e não a própria pessoa (Benjamin Moser)
.
Literatura para mim é
paz e êxtase, dor extrema, perdição e redenção. É um caminho longo para quem
está só. Minha vida sempre me pareceu que estava escrita numa potencial euforia
de um desejo não correspondido. Agora, que estou bem entrado no século XXI, concluindo
o primeiro quarteirão, mutação cultural tão acelerada, no processo de pandemia e o que ele permitiu que
fizéssemos de nós mesmos, resta-me definir a literatura hoje, de modo essencial e intemporal e isto significa
estar ligado à história literária, autores, obras, contexto, manuais que tratam
disto. Resta a quem é professor a prática pedagógica através do diálogo. No
caso da literatura enquanto reflexo do fator social, do que tratarei agora, é
preciso, talvez, distanciá-lo sem o prejuízo da forma, cabe à literariedade
e seus variados vieses, adentrar veredas ainda mais complexas, da história e da
vida, por mais aparentemente simples que pareça ou até a mais grandiosa delas.
Hoje, quando gênero, etnocentrismo, movimentos sociais dão lugar a uma nova
prosa de ficção. Impressos ou on-line os livros de agora trazem novas
tendências? E se pensarmos Homero como fundador de literatura europeia e Goethe
como o último autor universal, estaremos ainda como prisioneiros do cânone?
Devemos aqui pensar como Derrida e
transgredir, transformar, investigar desconstruindo tais formas discursivas
(mesmo as canonizadas)? A vida só é
possível reinventada? Como alguns
escritores transformaram história e vida comum em ficção? Esta experiência
entre fundo e forma, ainda parece um tanto amarga, chocante? A banalização da
literatura? Pensemos com Sartre, que passou anos estudando a vida de Gustave
Flaubert, ou Proust na ânsia de revelar a sociedade à clef na sua Busca do Tempo
perdido. Lembremos que quando se
trata da arte literária: falar é agir, toda coisa nomeada já não
é exatamente a mesma. Será que o real se revelava à contemplação e transcrição
em forma literária? Podemos fazer da vida real, até da nossa, uma obra de
ficção, como fizeram autores como Jack
Kerouac, um beatnik?
Penso na literatura como
um generoso pacto entre o autor e o leitor, mas acredito que escrever é
transformar o real, num mundo que pode passar bem sem a literatura e melhor
ainda (risos e sisos) sem o homem. Que civilização é esta que nós alimentamos
direta ou indiretamente? Lembro Blanchot ao afirmar que livros
correspondem às coisas para as quais ainda não temos nomes. Literatura não pode
imobilizar o futuro na tradição das velhas estruturas quando estamos
assistindo, vivenciando, o fim da arte pós-moderna.
Roland Barthes sugeriu até a morte
da literatura. Mas a pela literatura como mito vivo estaria em vias de morrer,
naqueles anos 70? Será que agora neste portal do século XXI, mais viva do que
nunca? Iuri Tynianov, em 1923 a destrinchar o fato literário e sua
heterogeneidade, em constante evolução dialética, por etapas: diante de
uma construção automatizada, outra oposta, se delineia (dialeticamente), lembra que o “novo” pode ser repetitivo,
principalmente dentro da arte mais comum, hoje, a arte industrializada,
consumida vorazmente, não que eu seja tão ortodoxo quanto Horkheimer e Adorno, mas tenho ojeriza ao modo como se dá a mistificação das massas
para glória da unificação de gosto para
os consumidores acústicos do atual sistema capitalista.
A indústria de
entretenimentos apela para o consumo fácil, e o livro está (ainda bem?) no rol
das coisas que “vendem” (às vezes) bem. Longe vão os dias em que Kant anunciou
que o juízo estético é um juízo particular que almeja à universalidade. Os
novos autores privilegiarão cada vez mais o eu e suas experiências, mesmo as
menores e farão sucesso com isso, como é o caso, agora mesmo, de Patti Smith e suas autobiografias instantâneas (mutação de gêneros e subgêneros?). O
futuro nos absorva e absolva, pois nossa herança literária ainda nos intima à
fidelidade.
Como a geração digital trata
o entrelaçamento da literatura com a história? A obra literária sempre será uma
pergunta ao mundo. Estaria a literatura, agora, nesta segunda década do
terceiro milênio, num barco no centro de um mar terrível? Literatura seria nave resistente comparada às
insignificâncias que assombram a História contemporânea?
Precisamos ler
enfrentando lutas, como quem domestica irracionais voluntariosos, se for
necessário. Não há literatura sem umas boas doses de sacrifício. Quem reescreve
o presente ou investiga o passado, dá voz ao futuro? O poder decisivo de uma
obra singular é o chamado à ação. E não falo apenas em termos de critérios
estéticos universalizantes: não acredito que o estudo da literatura, hoje, está
se acabando, porque poderia ser politicamente incorreto analisar, em termos
técnicos, uma literatura que tem apenas função política (politicamente
correta).
Busco sempre os efeitos
sociais e culturais do literário e não só o que é estético e linguístico na literariedade.
Literatura está no eixo principal da experiência humana, por isso acho
interessante, quando há reflexos biográficos numa obra literária, tendo eu
mesmo escrito peças teatrais sobre Padre Cícero, Bento Teixeira, Delmiro
Gouveia, dentre outros personagens históricos.
Ou será que Literatura e História só podem ser salvas por elas mesmas? A
fusão das duas pode ser uma faca de dois gumes, mas, de certo modo, útil,
facilita o girar dos prazeres (sem fetichizar
base teórica e a terminologia específica, nem a esquecer). Dar sentido à vida
parece uma tarefa cada vez mais supérflua no processo da transmodernidade líquida, sólida ou gasosa que nos abate em números
avassaladores. Presos a smartphones,
vivemos num mundo de siglas, códigos, novidades que nos cerceiam e alucinam com
sua velocidade inessencial. Há muito tempo que não adianta ser realista. Penso
aqui, também, nas distopias de Orwell,
no horror kafkiano, nas revoltas de J. D.
Salinger, no erotismo
intelectualizado (e até biográfico) de Marguerite
yourcenar (Memórias de Adriano).
Parece que a ficção está
no mundo para as pessoas que querem uma vida diferente da que vivem. Em toda obra literária lateja um desejo
insatisfeito. Seria a literatura um sonho lúcido? Provavelmente não. Uma
fantasia sobre existência? Lembrando
aqui que os meios audiovisuais não podem substituir a literatura, no que se
trata das possibilidades que a língua escrita oferece no sentido de ampliação lexical,
por exemplo (a exceção seria a literatura oral de alto nível). E aqui não
estamos nos referindo ao livro de papel. Para ser político um escritor só
precisa mostrar bem uma situação e deixar que o leitor reflita sobre ela. O
escritor tem que resistir ao desencanto?
Possivelmente.
As novas tendências como a autoficção
pululam (vide Karl Oven Knäusgard).
A que conclusão eu chego? A arte é o absoluto mais possível e ela não tem que
ser engajada, o mesmo em meio a esta época de desprezo e esquecimento e à
literatura cabe suprir o que não é dito pelos outros textos. Ela não precisa mostrar o mundo e nem acrescentar algo a ele. O que a literatura pode é fazer saber que não há verdade absoluta
e sim verdades relativas (que se
contradizem recheadas de incertezas em meio a alucinação coletiva produto da
cultura de massa da indústria cultural etc.), só aí é que a literatura pode ser
crítica e resistência, trazendo, se necessário for, a História para dentro
de si, desconstruir o “não pensamento” das ideias recebidas nos smartphones e
computadores, quando ela tentar esmagar o pensamento original e individual.
Como continuarmos humanos diante dos mais terríveis
verdades sobre nós num mundo múltiplo que a literatura tenta abarcar e onde a
ontologia, política, religiosidade, moral estão a girar numa espiral caótica de
tantos textos digitais? Mesmo assim a literatura, no que trata da sua produção
e consumo, caminha pelo século 21: apesar de tantas incertezas e da
fragmentação excessiva do saber, e trabalha a autobiografia ficcional ou
autoficção, metaficção, que os grandes autores da literatura fizeram,
Cervantes, Machado de Assis, Julia Kristeva
criou o termo intertextualidade a partir dos conceitos de polifonia e
dialogismo, de Mikhail Bakhtin
(1920). Hoje, talvez estejamos ligados a uma grave crise ontológica. O racismo exposto na morte do negro americano George Floyd, desencadeando a maior
onda de protestos de os anos 60; a COVID 19 e suas consequências nos mostram
também que todo escritor é um leitor que escreve e isso pode incluir
resistência ética. Se os professores de literatura e história perguntarem a si
mesmos se devem cultuar radicalismos trágicos, eles deverão levar em
consideração o alto grau de cabotinismo de quem se aproveita de tais coisas
para se projetar numa sociedade cada vez mais artificial. Entre a informação e
a invenção irá uma parte a lembrar que nunca haverá a palavra final.
E há o
caso do autor como personagem de sua obra ficcional, e isto é quase certo,
teremos aí a autoficção, a metaderivação,
autorreferência, aí sugere-se a
bioficção, mas a literatura estará ali, se multiplicando à custa de si mesma,
indefinidamente; não será explorando espíritos desmesurados que a humanidade
vai saber como lidar com sua medida extrema. Os escritores transformam-se em
personagens centrais da ficção, em outros casos. Usarão autores famosos como Saramago fez em O ano de morte de Ricardo Reis (1984) e
Ana Miranda o fez em Boca do Inferno
(1989), com Gregório de Matos e seu contexto histórico. O que difere estes
livros de uma biografia é a sua mistura com a ficção.
Mas
o que seria a autoficção, desdobramentos de um autor, num pacto com o leitor?
Que espécie de proposta narrativa é esta, uma autobiografia
ficcionalizada? É o caso literatura
séria? Quais são os limites deste gênero? Quais são os limites desta criação?
Na autoficcionalidade o escritor constrói um personagem de si mesmo, com traços
que podem lhe identificar e que lhe servem para construir livros, artigos. São
como autorreferências de um eu desassossegado, confessional. Em seu livro sobre
Clarice Lispector, Benjamin Moser
insinua que a autora colocava sua vida nos romances e contos, a partir dos
romances Perto do Coração Selvagem, O
Lustre, A cidade Sitiada e A Paixão
segundo G.H., ela teria colocado neles algo das suas raízes judaicas e suas
inquietações existenciais particulares. Embora a autora não quisesse ser
autobiográfica intencionalmente.
Em Água viva (o título sugere uma medusa
marinha, algo invertebrado e flutuante) ela escreve, introspectivamente, sobre
sua mundividência de um modo que transforma sua experiência numa poesia
universal. A propósito: o cantor e compositor Cazuza, afirmou que leu este
pequeno (grandioso) livro mais de cem vezes. O livro que com cerca de 80
páginas em corpo grande tem na sua brevidade uma aparente simplicidade que
mascara vários anos de luta (chamava-se inicialmente Através do Pensamento: monólogo com a vida e também Objeto Gritante até ganhar o seu nome
definitivo), traz a tentativa de capturar sua voz cotidiana não lapidada por
recursos ficcionais ou literários. São reminiscências, por exemplo: na gênese
do livro ela fala sobre um cachorro seu que ela teve que abandonar, Dilermano,
que ela foi obrigada a abandonar quando saiu de Nápoles; fala também das suas
preferências em relação às flores (aí ela cita o local em que nasceu numa visão
pessoal, sugere que o girassol é ucraniano). Quando lemos sobre a feitura deste
livro um tom informal. Não há nele um enredo. Parece uma brainstorm sem filtro. Ela fala da sua falta de dinheiro, do
conserto do toca-disco e de como tem que trabalhar para ter as coisas que
precisa. Diz que sua casa não é metafísica, palavra que ficou grudado à autora
e novamente traz seu leitmotiv: a discussão sobre Deus. Talvez Clarice não
gostasse tanto da “verdade” e tentasse retoca-la numa luta corpo a corpo, de
modo um tanto culpado, com a ficcionalização,
num projeto de despersonalização da experiência pessoal, num esforço hesitante,
lembrando que arte é mais libertação do que liberdade. É como se a escritora,
que se dizia pernambucana, pois morou cerca de doze anos (sua infância e início
da adolescência) no Recife, os reinos incomunicáveis do seu espírito, onde o
sonho e o devaneio se tornam pensamento, como se quisesse fotografar o perfume,
reproduzir em palavras sua vida interior, em dissonância harmoniosa, como se os
seus dias fossem um só clímax. Neste livro percebemos a fragmentação do
pensamento dela própria, seu cotidiano dialeticamente tratado num caminho que
vai das raízes ao cómico.
Não
se trata de fluxo de consciência apenas (Clarice fazia terapia psicanalítica
cinco vezes por semana) mas da concretização dos seus pensamentos: luz, sombra
e descobertas numa lógica que não é imediatamente evidente, mas é real. Ela
queria capturar o tempo e pará-lo ali, num livro sem começo nem fim, que
poderia ser iniciado em qualquer uma das páginas, de forma pulsante,
fragmentária: transmitir a experiência real de estar viva, movendo-se pelo
tempo. Como se fosse um estranho historiador investigando
e interpretando, não criticamente, percepção de acontecimentos, resgatando a
memória da humanidade, ampliando a compreensão da nossa condição humana. Selecionando,
relacionando os dados do objeto gritante no cosmos, encadeando percepções em
aparente desordem, tal um profeta, uma sacerdotisa, mas este, também falando
sobre como as coisas podem vir a ser. Numa espécie de história à prova de
tempo, onde os fatos passam a não ser tanta importância quanto a vivência
interior, sem a visão universal acontecimentos. Registro de memória nonsense? Tentativa de resgate do
sentido e busca de um novo sentido? Atravessar a trajetória da existência como
se fosse um espírito fugindo de qualquer sentido pluralizante? Se é que uma das
tarefas do historiador seria fazer o passado deixar de parecer uma coisa que se
desdobra no presente, o presente desta autora é a indeterminação da sensibilidade
Sabemos
que a partir dos anos oitenta aumentou os gêneros autobiográficos nas
narrativa. As escritas do eu como,
por exemplo, diários autobiografias, memórias, correspondências adquiriram
força, mas era algo que vinha sendo praticado havia muito tempo como expressão
individual, busca de si mesmo. Isabel
Allende com seu trabalho em A casa
dos Espíritos tornou-se best-seller.
Que espécie de epistemologia encontramos num texto deste quilate? Algo que já vinha de muito séculos antes?
Como o indivíduo trabalha a autobiográfica de como trata a “verdade num espaço
literário não ficcional projetando
novas especulações narrativas, no qual incluímos a autoficção reforça a questão
da representação do Eu do autor, mesmo que com certo distanciamento que, de
certo modo, seria passar pela história para narrá-la. O que diferiria das obras
de cunho puramente (auto)biográfico numa espécie de romance não preso à ficção,
simplesmente, isto é, ao mundo criativo de personagens e paisagens.
O
“romancista” na bioficção fala de si mesmo e das pessoas com quem conviveu
descaradamente e não à clef, como se
fazia antes. Karl Oven Knausgärd recebeu alguns processos por gente que não
gostou de ser retratada daquele modo.
Caberia ao leitor acreditar ou não numa riqueza de detalhes impossível
para a memória. O polêmico Fernando
Gabeira, quando voltou do exílio em 1979 lançou O que é isso, companheiro, O crepúsculo do macho e Entradas e Bandeiras,
livros onde relata suas experiências políticas com a esquerda, dita terrorista,
por uma direita assassina, boa parte dos livros se utiliza de gêneros da ficção
para prender o leitor, como numa espécie de enredo, diferenciando as suas obras
dos simples diários pessoais e até da ficção do real, numa jornada
autobiográfica própria. A história e a teoria literária que este veio híbrido
de realidade e ficção próximo ao triunfo da persona do autor, do eu, na corda
bamba entre autoficção e autobiografia, que remete “claramente” ao autor, diante
da complexidade do mundo. Nestes termo é muito interessante ler algumas
biografias sobre Clarice e perceber quando falham ao tratar da sua trajetória,
que inclui mais o caminho etéreo do que o físico.
Quando
fui convidado a escrever uma biografia do Mágico nordestino Alakazam, que também é empresário de
circo em Pernambuco, não tive tanto tempo para a inspiração, inspirado ou não,
a gente escreve, pois o cálculo e o jorro criativo são processos distintos.
Sacudido na madrugada, atormentado na insônia, eu produzia. Eram pedaços de
papéis avulsos, escritos em qualquer lugar, por exemplo: dentro de um veículo.
Eu tinha feito pesquisas sobre ele e entrevistados pessoas. Sobrou um amontoado
de arquivos em busca da ideia que precisava se concretizar em menos de um ano.
Muito pouco num projeto deste porte, uma biografia
(era um desafio e que desafio, para mim, que já li tantas). Eu me sentia caindo
no abismo do que é uma vida de uma pessoa quando a gente vai falar sobre ela
num livro e vê toda a sua trajetória reconstruída, numa linha que divide fato e
reconstituição; os vapores do passado me envolveram, o biografado reluzia como
se me puxasse de um redemoinho.
Continuei a raspar a memória do meu
objeto de estudo: aquele mágico dono de circo, aquele pernambucano, tão
brasileiro quanto eu, ali, juntos, em profusão de imagens e palavras que eu ia
associando num frenesi quase orgasmático e sensível, como se numa cabala bem
particular nós nos comunicássemos (ainda
que isso divirja de afirmações que
fiz anteriormente sobre o ato da
escrita em mim).
Escrever é, para mim, algo intransparente. Selecionar imagens, além de produzir este texto, não foi tão fácil, eram centenas de fotos. Não pretendia edulcorar o meu objeto de estudo e tampouco queria tratá-lo de maneira fria e necessariamente objetiva. Trata-se de um ícone das artes no Brasil, um nordestino que vive da arte há muitas décadas e mesmo hoje, numa idade na qual muitos desejam aposentadoria ele segue adiante com invejável vigor, mesmo neste momento tão difícil que as artes atravessam, especialmente a arte circensense.
As entrevistas com Alakazam forma feitas no circo dele, no Sated PE e pelo Whatsapp.
Ele sempre se mostrou solícito, mesmo quando se tratava de um assunto de foro
íntimo. Utilizei-me de diversos livros sobre o circo também, além de
entrevistar alguns artistas circenses. Assisti a muitos vídeos de apresentações
dele, assim como acompanhei as apresentações do seu circo neste período no qual
escrevi a sua biografia. O prazo era curto e o material muito vasto. Foram 160
páginas em Word, Times New Roman, tamanho 12, no original, nos livros tivemos
uma variação de volume, obviamente, pela nova diagramação. Imprimi à pesquisa
um tom um tanto literário, quis tratar a trajetória de Wilson Ribeiro da Silva, seu nome oficial, numa visão artística.
Encontrei uma espinha dorsal: o texto teria o ponto
de vista de um espectador que estivesse diante de um espetáculo sobre um garoto
de 10 anos que fugiu de casa e muito depois inaugurou o seu próprio circo e
seguiu durante muito tempo se apresentando pelo Nordeste do Brasil encarando os
altos e baixos de uma carreira icônica. Ele já exerceu praticamente todas as
funções pelas quais um artista circense pode passar. É mágico, apresentador,
foi contorcionista, trapezista e domador de animais. É ainda um compositor com
mais de sessenta músicas gravadas e cerca de duzentas compostas. Além disso, já
publicou um livro em que conta, em forma de poesia, sua própria história,
experiências e a rica vivência de um artista que dedicou a vida ao circo
Foram seis meses de pesquisa e dois meses na
conclusão do texto escrito. O material que produzi envolveu a mão de obra de
vários outros profissionais: diagramadores, revisor, designers, dentre outros.
Alakazam,
como é conhecido, adotou este nome em 1968, quando leu uma história infantil
protagonizada por um mágico assim chamado. A fantasia da ficção transformou-se
em realidade através deste artista, que assim também nomeou o circo do qual é
dono desde 1974. O Circo Alakazam é dos mais conhecidos e respeitados do
Estado, onde se estabeleceu há vinte anos e, desde então, leva a arte milenar
do circo ao público pernambucano.
O livro
foi publicado com o Incentivo do FUNCULTURA, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo
de Pernambuco, sendo o primeiro do lançamento em 26/10/2019 no Instituto Histórico de Caruaru e foram
distribuído 250 exemplares. O Livro também, foi lançado na XII Encontro de Literatura Infantojuvenil da UNICAP, “Entre nós: Os
Livros”, Homenagem ao Circo Alakazam nos dias 28, 29 e 30 de outubro de 2019,
no Auditório G1 – Unicap, com apresentações no hall de entrada do Bloco G1, trezentos
exemplares distribuídos. E, posteriormente, no Festival de Circo do Brasil, 15ª edição, com participação, lançamento
e distribuição gratuita de 150 exemplares do livro, no Museu do Estado de
Pernambuco. Livro e lançamento com produção de Sérgio Muniz.
Busquei assim tecer
apontamentos a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos citados no
entrecruzamento entre história e da biografia. Aproximar as narrativas
biográficas do campo do conhecimento histórico através da compreensão dos
aspectos biográficos e das suas interfaces com a autobiografia, da bioficção e
a memória histórica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário