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domingo, 23 de julho de 2017

Sobre A ilha do tesouro e seu autor

O MAPA QUE VIROU HISTÓRIA

             Estamos em 1881. É verão na Escócia, mas chove muito e faz frio. Para passar o tempo, Robert Louis Stevenson, então com 31 anos, começa a contar mais uma história de piratas para seu enteado Lloyd, de 12 anos. Desta vez, a história começa a partir de um desenho que os dois fazem juntos. É o mapa de uma ilha, mostrando o local exato de um tesouro enterrado por piratas.
             A história fica na cabeça de Robert e vai ganhando cada vez mais detalhes. Vai para o papel e, ainda em 1881, começa a ser publicada em capítulos numa revista. Pouco tempo depois, sai em livro. Uma das ilustrações, claro, é o mapa da ilha, bem parecido com o que Robert e Lloyd inventaram.

De ouvinte a contador de histórias:

             Nascido em Edimburgo, na Escócia, em 13 de novembro de 1850, Robert Louis Stevenson tinha problemas de pulmão. Tanto que sua família contratou até uma enfermeira, chamada Alison Cummingham, só para cuidar do pequeno Robert. Sorte dele, pois além de ser ótima enfermeira, Alison era uma ótima contadora de histórias.
             De ouvinte para leitor entusiasmado foi só um pulo. Robert passou a devorar (com os olhos, claro) todo tipo de livros. O resto, você já pode imaginar. De leitor para inventor de histórias, foi apenas outro pulo. Começou escrevendo relatos de viagens que fez, de trem, de canoa, no lombo de burros... Numa dessas viagens, em 1876, conheceu sua futura esposa, a americana Fanny Osbourne, que estava se divorciando do marido. Para ficarem juntos, Robert precisou enfrentar a oposição de sua família, muito religiosa e conservadora, que não gostou nada daquela situação.
             Mas, enfim, ele se casou e virou padrasto dos dois filhos que Fanny tinha com o primeiro marido. O mais velho era Lloyd, a quem Stevenson dedica A Ilha do Tesouro. Afinal, foi a partir do mapa que os dois desenharam juntos que surgiu a idéia desta aventura emocionante...

Vida de aventuras

             Apesar de sua saúde fraca, Stevenson adorava viajar. Depois das jornadas pelo continente europeu que resultaram em seus primeiros livros, lançou-se a viagens mais difíceis. Uma delas foi cruzar o Oceano Atlântico a bordo de um navio e depois atravessar os Estados Unidos de trem, para encontrar sua futura mulher, Fanny,  na Califórnia. Na época – a viagem foi em 1879 -, isso era uma verdadeira aventura. Especialmente para uma pessoa doente como Stevenson, que quase não resistiu às dificuldades do trajeto.
             Mas seu espírito desbravador não se amedrontou. Tanto que, em 1889, após várias outras viagens pela Europa, pelos EUA e pelas ilhas do Oceano Pacífico, Stevenson decidiu ir morar numa delas. Mais exatamente, na de Upolu, em Samoe (Oceania). Ficou amigo dos habitantes locais, que pertenciam a tribos com cultura muito diferente da sua. Eles chamavam Stevenson de “Tusitala”, palavra da língua nativa de Upolu que quer dizer “contador de histórias”.
             Upolu foi o último porto do escritor aventureiro. Lá ele ficou até morrer, em 1894, aos 44 anos.

Obra preciosa

             Stevenson deixou uma obra importantíssima. Seus dois livros mais famosos, A Ilha do Tesouro e A estranha história do dr. Jekyll e do sr. Hyde (mais conhecido como O médico e o monstro), foram lidos por milhões de pessoas de várias gerações, em todo o planeta.
             Um dos livros mais famosos do mundo, A Ilha do Tesouro influenciou grande parte das histórias de aventura posteriores. É difícil imaginar piratas sem lembrar imediatamente de Long John Silver, com sua perna de pau e um papagaio no ombro.
             O livro saiu do papel para as telas de cinema em 1908 e, depois disso, ganhou cerca de 50 versões em filmes para cinema e para a televisão, nos mais diversos países.

Bandidos do mar

             Os piratas existem desde que o homem começou transportar riquezas em navios. Ou seja, há mais de 2 mil anos. Mas a pirataria cresceu, mesmo, depois que os espanhóis e portugueses chegaram à América e começaram a levar ouro, prata e brilhantes para seus reinos, no século XVI. A partir de então, os reis da França, Grã-Bretanha e Holanda, que viviam em pé-de-guerra com portugueses e espanhóis, passaram a contratar navegadores para saquear os navios de seus inimigos.
             Esses navegadores ganhavam uma permissão para cometer estes roubos, a carta de corso, e eram chamados de corsários. Eles ficavam com uma parte do tesouro e davam a outra ao rei que os contratou.
             Com o tempo, as nações fizeram acordo de paz e pararam de contratar esses corsários. Mas no século XVIII, quando se passa a história deste livro, muitos marujos já haviam aprendido como praticar a pirataria e continuaram assaltando, por conta própria, os navios em busca de tesouros. Roubavam navios mercantes e os transformavam em naves de guerra. E atacavam até mesmo os reinos para quem tinham servido antes. Suas crueldades ficaram famosas no Caribe, onde saqueavam os navios espanhóis, e até no litoral do Brasil, onde vinham atrás dos navios portugueses.

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