Leia logo trechos da carta proibida foram liberados hoje, depois a gente comenta:
"Está
claro que eu nunca falei a você sobre o que se fala de mim e não desminto. Mas
em que podia ajuntar em grandeza ou milhoria para nós ambos, para você, ou para
mim, comentarmos e eu elucidar você sobre minha tão falada (pelos outros)
homossexualidade? Em nada. Valia de alguma coisa eu mostrar um muito de exagero
que há nessas contínuas conversas sociais não adiantava nada pra você que não é
indivíduo de intrigas sociais.
Pra você me
defender dos outros, não adiantava nada pra mim, porque em toda a vida tem duas
vidas, a social e a particular, na particular isso só me interessa a mim e na
social você não conseguia evitar a socialisão absolutamente desprezível de uma
verdade inicial.
Quanto a mim
pessoalmente, num caso tão decisivo para a minha vida particular como isso é,
creio que você está seguro que um indivíduo estudioso e observador como eu,
ha-de estar bem inteirado do assunto, ha-de tê-lo bem catalogado e
especificado. Ha-de ter tudo normalisado em si, si é que posso me servir de
"normalisar" neste caso. Tanto mais Manu, que o ridículo dos socializadores
da minha vida particular é enorme. Note as incongruências e contradições em que
caem: o caso de "Maria" não é típico. Me dão todos os vícios que por
ignorância ou interesse de intriga são por eles considerados ridículos e no
entanto assim que fiz de uma realidade penosa a "Maria", não teve
nenhum que caçoasse falando que aquilo era idealização para desencaminhar os
que me acreditam nem sei o quê, mas todos falaram que era fulana de tal. Mas si
agora toco neste assunto em que me porto com absoluta e elegante discrição
social, tão absoluta que sou incapaz de convidar um companheiro daqui a sair
sozinho comigo na rua (veja como tenho minha vida mais regulada que máquina de
precisão) e se saio com alguém é porque esse alguém me convida. Si toco no assunto,
é porque se poderia tirar dele um argumento para explicar minhas amizades
platônicas, só minhas.
Ah, Manu,
disso só eu mesmo posso falar. E me deixe que ao menos para você, com quem
apesar das delicadezas da nossa amizade, sou de uma sinceridade absoluta, me
deixe afirmar que não tenho nenhum sequestro não. Os sequestros num caso como
este, onde o físico que é burro e nunca se esconde entra em linha de conta como
argumento decisivo, os sequestros são impossíveis.
Eis aí os
pensamentos jogados no papel sem conclusão nem consequência. Faça deles o que
quiser."
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