"Noé", de Darren Aronofsky , usa a
história bíblica como eixo do seu espetáculo cinematográfico, um blockbuster com
clima de batalhas: explosões, efeitos especiais etc.
Um show de anacronismos: figurino e adereços são dignos da catástrofe anunciada. O público da era digital se empanturra de pipoca e tudo que a gente já sabe. Fica curtindo Noé falar da canalhice humana (que não exclui canibalismo, no filme)
Não é à toa que os filmes religiosos, muito
populares nos anos 1950, encontraram na Hollywood contemporânea um lugar para
renascer. Como os longas de super-heróis, eles baseiam a narrativa em histórias
conhecidas do público e marcadas por elementos épicos, perfeitas para o uso de
tecnologia digital que costuma ajudar a levar grandes plateias aos cinemas e a
fazer sucessos de bilheteria. Os riscos, porém, são grandes, já que liberdades
narrativas têm grandes chances de serem encaradas como ofensas.
O diretor é ateu,
gastou R$ 282 milhões e escreveu o
roteiro em parceria com Ari Handel, e usou ideias que não estão na Bíblia. Noé aparece quase
surtando.
Noé (Russell Crowe) vive com a esposa Naameh (Jennifer
Connelly) e os filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafé (Leo
McHugh Carroll) em uma terra desolada, onde os homens perseguem e matam uns aos
outros. Um dia, Noé recebe uma mensagem do Criador de que deve encontrar
Matusalém (Anthony Hopkins). Durante o percurso ele acaba salvando a vida da
jovem Ila (Emma Watson), que tem um ferimento grave na barriga. Ao encontrar
Matusalém, Noé descobre que ele tem a tarefa de construir uma imensa arca, que
abrigará os animais durante um dilúvio que acabará com a vida na Terra, de
forma a que a visão do Criador possa ser, enfim, resgatada.
Houve protestos de religiosos , mas a Paramount argumentou que havia pesquisa "histórica" e disse que no filme, resumindo, Noé
acha que a vontade de Deus é salvar os animais, inocentes, e que os homens é
que são causadores de todo o mal.
Sim, em tempos de aquecimento
global, fanatismo religioso surge Noé como um herói cometendo atos brutais em
nome de Deus.
Aproxima-se da
tragédia grega, mas termina na pasteurização hollywoodiana da violência. No
final não um, mas um explosão de arco-íris enche a tela.
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