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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Noé: à beira de uma tragédia filme resvala na pasteurização da violência mesclada a dúbio estudo sobre a fé

"Noé", de Darren Aronofsky , usa a história bíblica como eixo do seu espetáculo cinematográfico, um blockbuster com clima de batalhas: explosões, efeitos especiais etc.


Um show de anacronismos: figurino e adereços são dignos da catástrofe anunciada. O público da era digital se empanturra de pipoca e tudo que a gente já sabe. Fica curtindo Noé falar da canalhice humana (que não exclui canibalismo, no filme)

Não é à toa que os filmes religiosos, muito populares nos anos 1950, encontraram na Hollywood contemporânea um lugar para renascer. Como os longas de super-heróis, eles baseiam a narrativa em histórias conhecidas do público e marcadas por elementos épicos, perfeitas para o uso de tecnologia digital que costuma ajudar a levar grandes plateias aos cinemas e a fazer sucessos de bilheteria. Os riscos, porém, são grandes, já que liberdades narrativas têm grandes chances de serem encaradas como ofensas.
O diretor é ateu, gastou R$ 282 milhões  e escreveu o roteiro em parceria com Ari Handel, e usou ideias que  não estão na Bíblia. Noé aparece quase surtando.
Noé (Russell Crowe) vive com a esposa Naameh (Jennifer Connelly) e os filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll) em uma terra desolada, onde os homens perseguem e matam uns aos outros. Um dia, Noé recebe uma mensagem do Criador de que deve encontrar Matusalém (Anthony Hopkins). Durante o percurso ele acaba salvando a vida da jovem Ila (Emma Watson), que tem um ferimento grave na barriga. Ao encontrar Matusalém, Noé descobre que ele tem a tarefa de construir uma imensa arca, que abrigará os animais durante um dilúvio que acabará com a vida na Terra, de forma a que a visão do Criador possa ser, enfim, resgatada.
Houve protestos de religiosos , mas a Paramount argumentou que havia pesquisa "histórica" e  disse que no filme, resumindo, Noé acha que a vontade de Deus é salvar os animais, inocentes, e que os homens é que são causadores de todo o mal. 

Sim, em tempos de aquecimento global, fanatismo religioso surge Noé como um herói cometendo atos brutais em nome de Deus.
Aproxima-se da tragédia grega, mas termina na pasteurização hollywoodiana da violência. No final não um, mas um explosão de arco-íris enche a tela. 


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