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sábado, 18 de abril de 2015

Estuário (poema de moisesneto)



Poema em verso bicho no breu lambido por água
Versos acrilíricos na maré  se esvaindo em textual mistura

Poesia anfíbia recifense, contexto movediço, tudo mistério 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

JORNAL DO COMMERCIO NOTICIA A MORTE DE GÊ DOMINGUES

LUTO

Morre Gê Domingues


Cantor e ator estava na Paraíba, onde morava a família
Publicado em 15/04/2015, às 10h37

Do JC Online




Ele era múltiplo: poeta, ator performático, cantor - acima de tudo, um apaixonado pelo blues. Gê Domingues, 51 anos, morreu ontem à tarde, em João Pessoa, onde morava a sua família. Ele sofria de diabetes e vinha enfrentando diversas complicações de saúde por causa da doença. Estava internado há um mês e meio.
O ator e produtor teatral Manoel Constantino foi o responsável pelo lançamento do CD de Gê Domingues patrocinado pelo Funcultura, em 2010. "Foi um show belo no Teatro Arraial. Lembro que Jomard Muniz de Britto e Moisés Neto estavam na plateia e gostaram muito. O disco ficou muito bacana", relembra. "Gê Domingues era um dos nossos maiores cantores de blues, mas não foi devidamente valorizado. É o que mais dói. Talvez porque ele não fosse uma pessoa fácil. Mas seu talento ímpar superava toda a loucura dele". Manoel Constantino.
No Facebook, amigos como a atriz e ex-secretária de cultura do Recife Simone Figueiredo, lamentaram a morte de Gê: "Gê Domingues, meu amigo irmão, nos deixou. Estou profundamente triste", declarou ela. O jornalista e pesquisador Leidson Ferraz também lamentou a morte do amigo. "Que dor pra gente! Voz e pessoa tão linda!".
Também no Facebook, o diretor Moises Neto relembrou a trajetória de Gê Domingues: "Como ator, aderecista ou maquiador, ele relatou suas participações no vídeo Com o crime nos olhos, em peças como O horror ou Frankenstein em Pasárgada, A maior bagunça de todos os tempos, Shakespeare acorrentado ou em musicais como Ketchup Ópera e o show Tara blue". 
O cantor Geraldo Maia falou comentou sobre a personalidade transgressora de Gê. "Não éramos exatamente amigos, mas havia uma admiração mútua. Eu gostava da coisa dele meio transgressora. Era o nosso Boy George, se assim podemos falar", declarou. "Gê Domingues também tinha um viés Cazuziano, né? Enfim, era um cara ligado às esferas do underground, do anti-estabilishment."

O enterro de Gê Domingues será hoje, às 15h horas, em João Pessoa. A família planeja realizar uma missa em sua memória, na próxima segunda-feira (20), no Recife.

domingo, 12 de abril de 2015

A "CRISE" DO BRASIL É MAIS CULTURAL DO QUE ECONÔMICA?

Minha opinião sobre a situação do nosso país, agora? O que está acontecendo no Brasil neste momento, que alguns chamam de CRISE, e que eu poderia dizer que parece mais um sono mal dormido, com sonho angustiado, parece-me mais uma tentativa onde velhas bandeiras e novas (res)surgem e desaparecem, como no jogo onde os bebês ao reverem algo que foi escondido segundos antes podem pensar que aquilo está ali pela primeira vez; os “adversários” parecem desorientados a lutar mais por si do que pela Pátria, defendem mais os próprios interesses, saem atacando aliados e inimigos.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Poemazinho de fim de tarde (moisesneto)


Antimetafísico
Entre cipós embaralhados, o poema se desprega, navega
sai na correnteza, entre as margens: sim e não, calma confusão
indo, vindo, desprende-se, fora do meu querer, do limbo...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Índios da periferia, terror Islâmico e os bichos do circo no zoológico de Brasília, au revoir Semana Santa: Globo gira



Mondo Cane: enquanto milhares de refugiados vivem o horror da guerra na Síria em campos de concentração ou nas ruas devastadas e cheias de ódio mortal e o Estado Islâmico continua na sua cruzada terrível e assassina, em Brasilia surge uma polêmica absurda: no zoológico estão um rinoceronte, uma lhama, um hipopótamo, dentre outros bichos, que foram , há anos, torturados no LE CIRQUE, e levados para lá após os maus tratos; agora o Le Cirque conseguiu na justiça tê-los de volta. Os bichos vivem traumatizados e no Jornal da Globo de hoje, o apresentador disse que as autoridades devem também se preocupar com bichos de dois pés, como os índios que vivem na periferia das grandes cidades do país.

domingo, 5 de abril de 2015

Carne de ostra (poema de Moisés M.M.Neto)




Abro-te, natureza morta, dentro vives, vou devorar-te toda, 
com olhos,ouvidos,lábios de barro e mistério,verbo/luz,ardente desejo
Sorver-te sob árvores de sal e doce é desenredo da nossa lonjura anteriorr


sábado, 4 de abril de 2015

Incêndios em Recife: DRAMATURGIA E ENCENAÇÃO ENGAJADAS


                                     por Moisés  M. M. Neto

Assisti, ontem, ao espetáculo teatral Incêndios, dirigido por  Aderbal Freire-Filho,  é a primeira montagem brasileira do autor libanês, residente no Canadá onde atua como diretor há muito tempo, Wajdi Mouawad – hoje tido como um dos grandes nomes da dramaturgia. A peça foi adaptada para o cinema (direção de Denis Villeneuve, canadense), o filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Fiquei gratificado com o poder que o teatro ainda tem de denunciar e comover; o sangue do teatro não para de saciar minha sede de vida. A situação do Líbano, país que tive acesso através de Israel, pouco antes dessa última Intifada. Sim, confesso emocionei-me bastante. 

O Santa Isabel agradece, o Recife e o mundo, a classe teatral também aplaude de pé

https://profmoisesneto.blogspot.com.br



A última direção de Aderbal não me deixara satisfeito, o Hamlet, com Wagner Moura. E olha que sou admirador de ambos. Mas é que fui Hamlet e parece que a gente que trabalha com Teatro tem dentro de si personagens que interpretou, dirigiu etc. Uma das leituras que faço da peça é O ESTUPRO DA MÃE-PÁTRIA PELOS FILHOS ALIENADOS em pleno terror e êxatase de uma existência intensa, cheia de lógica matemático, luta de box, maternidade mal resolvida, o poder das fêmeas que castram (foi a avó que obrigou a mãe a jogar o filho fora, ao do macho: os organizadores do Terror no Oriente Médio, dentre outros. Aliás, a expressão MÃE-PÁTRIA já une macho e fêmea, não é? O pátrio poder também é ... ´feminino?



Incêndio é um drama impregnado pelas tragédias gregas, com todo o processo de mitificação, ou de reverência ao phatos social iconizado, amalgamado pelos mitos; quanto a Marieta Severo, que interpreta uma mulher de origem árabe que migra para o Ocidente com o casal de filhos gêmeos, para os quais deixa em testamento uma missão: encontrar o pai, julgado morto, e um irmão de quem eles nunca ouviram falar, eu olhava para aquela mulher a pouco mais de dois metros de distância de mim fisicamente e respirava seu carisma que vem de Roda Viva, da mulher que gerou os filhos de Chico Buarque, musa, grande atriz de papéis como Carlota Joaquina e tantos outros: DIVA. Aquela voz, olhar, gestos tão precisos e econômicos, sintetizando tanto do que penso sobre a vida e as coisas do mundo, do cosmos.
As atuaçõesde Felipe de Carolis, Keli Freitas, Márcio Vito, Kelzy Ecard, Fabianna de Mello e Souza, Isaac Bernat e Flávio Tolezani, são, para dizer o mínimo, notáveis. Uma direção ímpar. Todos cumprem com excelência a tarefa da Grande Arte. Sob a batuta de um maestro que tem tutano bastante para expressar o horror dos nossos dias, que agora querem traduzir em coisas como Whatsapp, nesses tempos de desintegração e vazio cibernéticos, que tanto é cura quanto veneno, pharmakon. Então a necessidade de Incêndios, a urgência desse clamor poético-dramático-épico: transverberação cênica da mais alta qualidade. Édipo e Antiédipo, Troianas e tantas peças e mitos fundem-se com surpreendente habilidade na carpintaria dramatúrgica do autor.



UM ELENCO AFIADO E UM TEXTO INCRÍVEL

Enquanto dramaturgo fiquei boquiaberto como o autor funde gêneros e entremeia as grandes ideias que nos chegam através dos milênios da cena teatral. Não gostei de uma coisa. A repetição do mote central de A Escolha de Sofia, romance de William Styron, roteirizado e dirigido por Alan J. Pakula (uma mãe teve que escolher que filhos eriam mortos pelos nazistas, e é uma das histórias contadas pela personagem de Incêndios, que ela diz ter presenciado em outro contexto).; mas isso não tira nada dos ganhos desta montagem. Talvez, não li o texto de Incêndios, que haja mesmo referências, citações, como na montagem que usa músicas como Logical Song, que cito na íntegra porque ela se integra ao texto da montagem de modo quse inseparável:
When I was young
It seemed that life was so wonderful
A miracle, oh it was beautiful, magical
And all the birds in the trees
Well they'd be singing so happily
Oh, joyfully, playfully, watching me
But then they sent me away
To teach me how to be sensible
Logical, oh responsible, practical
And they showed me a world
Where I could be so dependable
Oh, clinical, intellectual, cynical
There are times when all the world's asleep
The questions run too deep
For such a simple man
Won't you, please, please, tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am
Now watch what you say
Or they'll be calling you a radical
A liberal, oh fanatical, criminal
Oh, won't you sign up your name
We'd like to feel you're
Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable
At night when all the world's asleep
The questions run too deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am
Who I am, who I am, who I am
 e Roxanne:


You don't have to put on the red light
Those days are over
You don't have to sell your body to the night

Roxanne
You don't have to wear that dress tonight
Walk the streets of money
You don't care if it's wrong or if it's right


 Ambas são da segunda metade dos anos 70, que ambienta parte desta trama.
“É o desafio de fazer um épico, explorar as possibilidades deste gênero e interpretar as variadas idades e fases da personagem”, diz Marieta. O espetáculo recebeu o prêmio Shell de Melhor Direção, recordista de indicações ao prêmio APTR, por meio do qual conquistou quatro das dez categorias nas quais concorreu, e eleito um dos cinco melhores de 2014 pelo crítico da Veja de São Paulo, Dirceu Alves Jr.

 "Através de mim são fantasmas que lhe falam" , diz personagem Nawal, vivida por Marieta. A peça  cumpriu temporada de nove meses de sucesso no Rio, daí partiu pelo país em turnê (antes de um temporada em São Paulo, no Teatro da Faap). Marieta dedicou a peça, de modo delicado,  à estilista Zuzu Angel, que viveu o drama da busca pelo filho desaparecido durante a ditadura militar no Brasil: “convivi com esse drama, com essa tragédia [da Zuzu] [...] foi difícil construir a personagem de Nawal e que o processo de ensaio foi avassalador [...] Eu penei, penei bastante. É um personagem bastante difícil. Ela é uma sobrevivente, então procurei ir atrás dessa força".


Eis a lista dos prêmios conquistados por Incêndios:

Prêmio Shell – 2013

Melhor Direção: Aderbal Freire-Filho

Prêmio Questão de Crítica – 2013

Melhor Ator: Marcio Vito

Prêmio Faz Diferença – O Globo – 2013

Marieta Severo por Incêndios

Cariocas do Ano – Revista Veja 2013

Teatro: Marieta Severo, pela peça “Incêndios”

Prêmio APTR – 2013

Melhor Atriz: Marieta Severo

Melhor Cenografia – Fernando Mello da Costa

Melhor atriz coadjuvante – Kelzy Ecard

Melhor Espetáculo

Prêmio Botequim Cultural – 2014

Melhor ator – Isaac Bernat

Melhor atriz – Marieta Severo

Melhor espetáculo

Prêmio CENYM – 2014
Melhor Espetáculo

Melhor Diretor – Aderbal Freire-Filho

Melhor Atriz – Marieta Severo

Melhor Atriz Coadjuvante – Kelzy Ecard

Melhor Texto Adaptado – Angela Leite Lopes

Montagem Brasileira de Obra Original Estrangeira

Prêmio Arte Qualidade Brasil – 2014

Melhor Drama