BOB DYLAN CORDEL
Autores: Moisés Monteiro
de Melo Neto
José Nogueira da
Silva
1. O meu nome é Bob Dylan
Nasci em quarenta e um
Os cordéis já escreveram
Yankee do folk, hum!
ícone da contracultura
Nobel em dezesseis: boom!
2. Sou
Robert Allen Zimmerman
Em Minnesota nasci
Em 24 de maio
Em Duluthu eu vivi
Com a gaita e o
violão
Little Richard eu ouvi
3. Realizei shows em bares
Isso nos anos 60
Com letras
enigmáticas
Vê aí se tu te
aguenta
Com um folk
original
Que também se
reinventa
4.
Abri show de John Lee Hooker
Pense num cara arretado
Logo depois do evento
Eu acabei contratado
Com o produtor John Hammond
Fiz álbum
“The Freewheelin”, babado
5.
Sucesso em sessenta e três
“Blowin in
the wind” é
Emblemático até hoje
“Mr. Tambourine Man”, né?
“Like a
Rooling Stone” com
Guitarra
elétrica até
6.
Depois veio Huricano
No ano setenta e seis
Depois “Lady Lady Lay”
Que foi sucesso outra vez
Anos 80 e 90
Virei um “Jokerman”, em inglês
7.
“Time Out of Mind”
No ano 98
Longo tempo sem destaque
Influenciei afoito
A obra dos Rolling Stones
De Beatles comi biscoito
8.
“Like a Rolling Stone”
Melhor do século XX
Avesso a rótulos, fui
E isso foi um
acinte
E as “canções de
protesto”
Abominei sem
requinte
9.
Em doze, condecorado
Medalha da liberdade
Maior honra da América
Do Norte, tenho é saudade
Obama me elogiou
Falar nem tive vontade
10. Fui casado duas vezes
Com Sara em 65
Em 86 com Carolyn
Uma união com
afinco
Divórcio em 92
Após 6 filhos, não
brinco
11.
Só Jakob seguiu músico
E eu segui minha história
Não com a biografia
Com ilusão, versos, glória
E o cordel se inicia
Chegue ao fim, enfim vitória
12. Com
“Uns comunista chato”
Fui Sherlock entre os vermelhos
Busquei pistas ao redor
Maldito jogo de espelhos
“Contra os cara” quem é gente
Torturou negro de joelhos
13. Juízes
e jurados
Oh! Eu tenho que dizer
Não aguento nem olhar
Também não aguento ver
Que essa conversa furada
Buraco negro a crescer
14. Ku Klux Klan dos infernos
Um carnaval ao contrário
É sério demais pra rir
Cabeça erguida, otário
Seguistes pra a cova assim
Viver tal qual missionário
15. Há
medo pra nos calar
Mas, não calo facilmente
Sou desses que incomodam
Com a arte diferente
Por isso, fi d’uma égua
Não fique na minha frente
16. Corre
cheiro de alfazema
E mar no meu sangue bom
Bebo a minha cerveja
E não me tira do tom
É o rico e o pedinte
Regidos pelo mesmo som
17. Eu
de Pernambuco a raiva
Um passo na imensidão
Deus do céu Alagoas
Me cansa esta multidão
Estou ficando cansado
Da viver com a solidão
18. Mas
a estrada me atrai
Desejo e literatura
Nem vem com Nobel pra mim
Piso firme na aventura
Voa bala de canhão
Mesmo assim nessa postura
19. Um
homem crucificado
por ver tudo e esclarecer
Isso foi há tanto tempo
Isso está a acontecer
Não posso só lamentar
Faço o que devo fazer
20. Os
humanos vão dançando
Até a casa cair
Eu que sou um filho único
Único na forma de agir
Há vazio na cabeça
Com rumos a prosseguir
21. Não
sou filho do profeta
Tô andando no limite
Os meus pés hão de voar
Aonde o tempo permite
Meus sapatos de estrada
Em ritmo de dinamite
22. Muitas
noites sem dormir
Tentando bolar um plano
Pensei na ponta da língua
Meu verso nem causa dano
Cápsulas de bala voam
Porém, disso não me ufano
23. Hoje
sou um inimigo
Que a sociedade fez
Se rezo para o senhor
Sei que não se satisfez
Pois fé sem a obra é morta
Reflitam para vocês
24. No
portão de São Pedro
Com isso eu jamais contava
Não é moleza enganar
Eu não sou quem você esperava
Não voltei morto da guerra
No céu, você não entrava
25. Amanhã
é muito longe
Reflexos na água meu nome
A água do rio canta
Tem gente passando fome
Fico sozinho na cama
Não há ninguém que isso dome
26. Uma
vez eu tava mal
Saí para um lugar
Que sabia ter do bom
Tava entrando pra gozar
Vi uns caras detonados
Que temi me aproximar
27. Eu
dei logo marcha a ré
E fugi em disparada
Davi, Sansão e Saul
Em cada tempo um de cada
Mas comigo, a transa pesa
Sairei dessa enrascada
28. Na
cidade que eu moro
Tá tudo desmoronando
Também vejo o mundo inteiro
Sempre se despedaçando
Pois, o mundo é uma guerra
Mas, tem poucos no comando
29. Mão
nos bolsos, gola erguida
Fica amor, está aí tá?
O vento sopra e fala “não”
Muitos gritam em vão, lá
Alquimistas também erram
Ventos uivam, venha cá
30. Senhores
da guerra, ricos
Nós poetas, bem sabemos
Nem Jesus perdoaria
Senhores da guerra, vemos
Que alguém cuspa em seus túmulos
Criando casos
extremos
31. Seu
eu jogo há tanto tempo
Sem ter muito o que perder
Agora, estou entendendo
Que o difícil é vencer
Aqui no meio do mar
Sou um solitário ser
32. Uma
Guerra Mundial
Vai se disfarçando, eu sei
Um abrigo nuclear
O cordel abar, pensei
Cigarros, coca, hamburguer
Meus versos encerrarei
33. Se
o presidente ligar
Vou tomar uma cerveja
Tem promessa descumprida
Partido virando igreja
Pão e vinho, me espanto
E um Judas me fareja
34. Vamos
parar por aqui
O que você vai fazer?
Se der errado, afinal?
Caro leitor, se entreter?
Nessa América Rapina
E outra coisa vá ler!
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