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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Reescrevendo a vida em literatura: a bioficção no romance de Moisés Monteiro de Melo Neto

 


 

João Vitor Silva Batista¹

Moisés Monteiro de Melo Neto²

 

E-mail:João.batista.2022@alunos.uneal.edu.br

E-mail: Moisés.monteiro@uneal.edu.br

 

RESUMO[1]   - Nesta obra tem-se o objetivo de transparecer a marca do autor durante sua escrita onde foi transmitida uma essência pernambucana, mesclando romance e revelando uma visão divertida de personagens desenvolvidos de maneira detalhada. Este artigo adota uma abordagem qualitativa para analisar "Palimpsesto: Um Romance Pernambucano" de Moisés Monteiro de Melo Neto, focando em uma análise textual detalhada e contextualização histórica e cultural. A metodologia está dividida em três etapas principais: seleção e leitura do texto, análise literária e contextualização. A narrativa destaca a importância da identidade individual e coletiva, frequentemente através de lembranças e memórias dos personagens. A metáfora do palimpsesto é utilizada para ilustrar como as experiências passadas influenciam e moldam a identidade presente. A narrativa destaca a importância da identidade individual e coletiva, frequentemente através de lembranças e memórias dos personagens. A metáfora do palimpsesto é utilizada para ilustrar como as experiências passadas influenciam e moldam a identidade presente. 

 

Palavras-chave[2]  Romance. Poesia.  Palimpsesto.

 

 

 

 


INTRODUÇÃO

O livro "Palimpsesto, um romance pernambucano " destaca-se como uma obra notável da literatura pernambucana, explorando temas profundos através de uma narrativa rica e envolvente. Escrito por Moisés Monteiro de Melo Neto, o livro mergulha na complexidade das relações humanas e na intrincada teia de histórias que compõem a identidade cultural de Pernambuco. Situado em um cenário típico do nordeste brasileiro, "Palimpsesto" transporta o leitor para o coração de Pernambuco, uma região conhecida por sua diversidade cultural e histórica. A obra capta a essência da vida pernambucana, refletindo suas tradições, costumes e a luta constante por identidade e reconhecimento.

A narrativa de Melo Neto sobre o "Palimpsesto" é construída de forma a lembrar um palimpsesto, onde várias camadas de histórias e memórias se sobrepõem, criando uma trama complexa e multifacetada. Ele descreve não apenas a cidade e seus cenários, mas também as pessoas que habitam, destacando aqueles que marcaram a cena cultural local. O autor tece uma teia complexa de ficção e realidade, desafiando o leitor a distinguir entre o que é real e o que é imaginário. O enredo gira em torno dos traços da vida na azucrinada metrópole chamada Recife e dos que vivem nela, dos que vivem com ele próprio, dos que marcaram sua cena, deixando a dúvida do que é ficção e do que foi realidade na década de 1990, onde reverbera os ecos do Movimento Mangue, um dos períodos mais vibrantes e revolucionários da cultura pernambucana, conhecido por sua mistura de tradições locais com influência na música, na arte e na identidade da região. A obra de Melo Neto capta essa essência, refletindo a efervescência cultural de uma cidade em constante transformação.

Os personagens de "Palimpsesto" são desenhados com profundidade e realismo, cada um representando diferentes aspectos da vida em Pernambuco. O romance aborda temas como a identidade, a memória, a resistência cultural e a transformação social.

A escrita de Moisés Monteiro de Melo Neto em "Palimpsesto" é marcada por uma linguagem poética e detalhada, que enriquece a leitura e permite uma imersão total no universo descrito. O uso de metáforas e simbolismos é recorrente, conferindo à obra uma profundidade literária significativa, este romance não é apenas uma narrativa literária, mas um documento cultural que celebra a riqueza e a diversidade de Pernambuco. Sendo uma leitura indispensável para quem deseja compreender a complexidade e a beleza da vida recifense e do Movimento Mangue, que continua a influenciar e inspirar gerações.

Desde seu lançamento, "Palimpsesto" tem sido aclamado tanto pela crítica quanto pelos leitores, sendo considerado um marco na literatura pernambucana. "Palimpsesto, um Romance Pernambucano" é mais do que uma obra literária; é uma celebração da cultura e da história de Pernambuco. Através de sua narrativa complexa e personagens cativantes, o livro convida os leitores a refletirem sobre suas próprias histórias e a valorizar a riqueza de suas tradições culturais.

 

 

 

 

A TRAJETÓRIA DE UMA INDÍGENA CHAMADA MICHELLE NOS PERCALÇOS DE UM MUNDO URBANO REINVENTADO.

 A trajetória de Michelle, uma indígena navegando pelos desafios de um mundo urbano reinventado, é uma narrativa que pode explorar temas de identidade, resistência e adaptação. Em um ambiente urbano que constantemente se transforma, Michelle enfrenta uma série de percalços que refletem tanto sua luta pessoal quanto as questões sociais e culturais mais amplas como a identidade e o pertencimento. Michelle, tendo raízes em uma comunidade indígena, traz consigo uma rica herança cultural que contrasta com as demandas e pressões da vida urbana. A sua busca por identidade e pertencimento se torna um tema central, explorando como ela equilibra suas tradições com a necessidade de se adaptar à nova realidade com muita adaptação e resiliência. O processo de adaptação de Michelle ao mundo urbano foi algo repleto de desafios, o preconceito, a discriminação e a alienação cultural fizeram com que os dias se passassem com dificuldade, no entanto, sua resiliência e a capacidade de superar esses obstáculos podem serviram de inspiração para que outros pudessem enfrentar situações semelhantes.

A história pode apresentar conflitos internos e externos, onde Michelle se depara com escolhas difíceis que testam seus valores e crenças. A reinvenção do mundo urbano pode ser um reflexo de sua própria reinvenção pessoal, onde ela encontra novas formas de se afirmar e prosperar. A narrativa também pode abordar a interação de Michelle com diferentes grupos sociais e culturais, destacando como sua presença e participação contribuem para a diversidade e enriquecimento do ambiente urbano. Isso pode incluir sua luta por direitos, justiça social e reconhecimento cultural. Michelle pode encontrar ou criar espaços de resistência e conexão, onde ela e outros indivíduos de origens diversas se apoiam mutuamente. Esses espaços podem ser físicos, como centros comunitários, ou simbólicos, como movimentos sociais que lutam por igualdade e inclusão.A trajetória de Michelle, portanto, não é apenas uma jornada pessoal, mas também uma reflexão sobre as complexidades do mundo contemporâneo e a importância de manter viva a diversidade cultural em um ambiente urbano em constante mudança.

 

UM ROMANCE DE MISCIGENAÇÃO E OS ANOS 90.

Dos aspectos autobiográficos no romance: Michelle ser neta e filha de indígena por parte de pai, também sendo neta e filha de italianos por parte de mãe, causaram um “acidente”, do qual a heroína sobrevive que é inspirado na vida de Jim Morisson, cantor do grupo The Doors, ícone do rock. O assassinato de Emerson é baseado num famoso crime que houve em Pernambuco, envolvendo uma pessoa famosa. Michelle chega ao Recife no início do Manguebeat, objeto de estudo de Moisés, que foi um "mangueboy". O jornalista e narrador, Lucas, foi inspirado em 2 jornalistas recifenses do Jornal do Commercio. A parte do livro que se passa, no Egito: é inspirada na temporada do autor naquele país, onde conheceu a prostituta Saloá entre 99 e 2000. Também foi assim nas passagens em Jerusalém e outros países citados na obra. A cena da briga de Michelle com o homem que ela ia,se casar, a cena do carro no baile de carnaval, isso tudo existiu, mesmo. Dentre outras passagens do romance que foram tiradas da vida real e ficciolizadas por Moisés, muitas, inclusive algumas em Alagoas.

Ela navega por um mundo onde a modernidade e as tradições se chocam, enfrentando discriminação e dificuldades de acesso a serviços básicos. Ao mesmo tempo, Michelle busca encontrar seu lugar na cidade, contribuindo para a diversidade cultural e promovendo um diálogo intercultural.

A história de Michelle é um exemplo de resiliência e adaptação, mostrando como é possível preservar a identidade cultural mesmo em meio às adversidades de um ambiente.

Palimpsesto, como um romance de formação (ou Bildungsroman), segue a trajetória de desenvolvimento pessoal e amadurecimento de sua protagonista, Michelle, uma indígena enfrentando os desafios de viver em um mundo urbano reinventado. O conceito de romance de formação se concentra na evolução interna do personagem principal, explorando as experiências que moldam sua identidade, valores e visão de mundo ao longo do tempo. No contexto de Palimpsesto, Michelle inicia sua jornada com uma forte conexão com suas raízes indígenas, mas se vê confrontada pelas complexidades e pressões da vida urbana. O romance captura seu processo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, desde a luta inicial para encontrar seu lugar na cidade até a construção de uma identidade que concilie suas tradições com a modernidade.

Michelle enfrenta uma série de desafios, desde preconceitos e discriminação até conflitos internos sobre sua identidade. Esses percalços são essenciais para seu crescimento, forçando-a a confrontar suas próprias crenças e valores. Cada obstáculo superado contribui para sua transformação, ajudando-a a desenvolver resiliência, adaptabilidade e uma compreensão mais profunda de si mesma e do mundo ao seu redor. Influência de Outros Personagens: Em um romance de formação, a interação com outros personagens desempenha um papel crucial no desenvolvimento do protagonista. Em Palimpsesto, Michelle encontra mentores, amigos e adversários que influenciam sua jornada. Essas interações proporcionam lições importantes e momentos de reflexão que catalisam seu crescimento pessoal.

Palimpsesto aborda temas universais de busca por identidade, pertencimento e a luta pela autoaceitação. Michelle representa a jornada de muitos que precisam equilibrar tradições culturais com as demandas de uma sociedade em constante mudança. A narrativa oferece uma reflexão sobre a importância da diversidade cultural e da inclusão, destacando a riqueza que diferentes perspectivas trazem para a experiência humana. Ao longo de sua trajetória, Michelle passa por uma metamorfose que a leva a um estado de maior maturidade e autoconfiança. O final do romance tipicamente reflete um ponto de equilíbrio e aceitação, onde Michelle abraça plenamente sua identidade multifacetada e encontra seu lugar no mundo urbano sem perder suas raízes indígenas. Conclusão Palimpsesto, como um romance de formação, oferece uma narrativa rica e multifacetada sobre o desenvolvimento pessoal de Michelle em meio aos desafios do mundo urbano. Através de sua jornada, o romance explora temas de identidade, resistência e adaptação, proporcionando uma visão profunda sobre as complexidades da experiência indígena contemporânea e a importância do autoconhecimento e da resiliência.

 

 

ENTRE APAGAR E REESCREVER: A COMPLEXIDADE NARRATIVA EM PALIMPSESTO.

 

Neste artigo, propomos uma análise da complexidade narrativa de Palimpsesto, com foco nas técnicas literárias que o autor emprega para criar uma obra em que o passado e o presente coexistem de maneira sobreposta, refletindo a experiência humana de lembrar, esquecer e reescrever suas próprias histórias. O romance é caracterizado por múltiplas camadas de narrativas, em que cada personagem carrega traumas, memórias e experiências que se sobrepõem, como textos parcialmente apagados em um palimpsesto.

 

Apagamento e Memória

 

Uma das temáticas centrais de Palimpsesto é o apagamento, tanto literal quanto metafórico, de eventos e experiências. O processo de esquecer ou reprimir memórias é simbolizado pela ideia de apagamento, em que os personagens tentam enterrar traumas do passado. No entanto, como ocorre com os palimpsestos físicos, as marcas do que foi apagado permanecem visíveis, mesmo que de forma borrada ou fragmentada. Essa persistência da memória subverte o desejo de esquecer, revelando que o passado, por mais que seja reprimido, não pode ser completamente erradicado.

 

A Reescrita das Histórias Pessoais

 

Em contraposição ao apagamento, a obra também trata da reescrita das histórias de vida. Os personagens de Melo Neto constantemente reavaliam suas experiências e tentam recriar suas identidades a partir de novas perspectivas, escrevendo suas próprias versões dos eventos. Essa dinâmica de reescrever a própria história reflete a natureza fluida da identidade humana, que nunca é fixa, mas está em constante processo de transformação. Assim, Palimpsesto explora a intersecção entre o que é lembrado e o que é apagado, e como ambos os processos moldam a compreensão que os personagens têm de si mesmos.

 

Estrutura Fragmentada e Multiperspectiva

 

A complexidade narrativa de Palimpsesto é intensificada pela estrutura fragmentada do romance, que reflete a própria natureza da memória e da história. O livro é construído a partir de múltiplas perspectivas, em que diferentes narradores revelam suas versões dos acontecimentos, criando uma narrativa multifacetada. Cada camada de narrativa é como uma página reescrita sobre uma anterior, com o leitor precisando desvendar as diferentes versões para chegar a uma compreensão mais profunda da obra como um todo.

 

Conclusão

 

Entre apagar e reescrever, a narrativa de Palimpsesto constrói uma reflexão profunda sobre a condição humana, memória e identidade. Moisés Monteiro de Melo Neto utiliza a metáfora do palimpsesto para investigar as complexidades da experiência humana, mostrando como o passado, por mais que tentemos apagá-lo, sempre deixa marcas que influenciam o presente e o futuro. Através dessa narrativa rica em camadas e significados, a obra nos convida a questionar o que é realmente esquecido e o que é constantemente reescrito em nossas histórias pessoais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

MONTEIRO DE MELO NETO, Moisés. Palimpsesto, um romance pernambucano. Recife, Paradoxum, 2023.

 

CUNHA, Manuela Carneiro da. "História dos Índios no Brasil". São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

 

VIEIRA, Lívia Barbosa. "Os novos índios urbanos: mobilidade, identidade e política". São Paulo: Edusp, 2011.

 

NASCIMENTO, Ana Paula da Silva. "Indígenas urbanos e a construção de uma identidade: experiências de vida e práticas sociais na cidade de Manaus". Tese de doutorado, Universidade Federal do Amazonas, 2013.

 

 


Aqui é seu trabalho propriamente dito. Faz-se primeiro uma indicação do objetivo do estudo e uma breve exposição da temática. Os resumos devem ser em parágrafo único sem incluir figuras, tabelas ou referências.

Colocar aqui as palavras-chave. Colocar até cinco palavras-chave que não foram citadas nem no título nem no texto.

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