RECIFE EM SUPER 8
JMB, o diretor
Noturno em Récife maior, de Jomard Muniz de Britto conta com o dramaturgo Antônio Cadengue no papel de um vampiro amante da boemia, que transita dos bares do centro do Recife até o dia amanhecer, na beira-mar de Olinda.
“Foi um momento muito intenso na cidade, as relações entre arte e vida se misturavam muito”, diz Cadengue. “Esse filme tem muito a dizer hoje, sobre a solidão e tristeza, a alegria comedida e momentos de erotização absolutamente inusitados”.
INTROITO: A Comissão Organizadora da Janela Internacional de Cinema escolheu o filme abaixo referido para exibição no dia 02 de novembro às 18:50h, no Cine São Luís, em Recife. Os autores ficarão felizes com sua presença.
NOTURNO EM RÉ-CIFE MAIOR
Com 35’ de duração quase frenética, talvez seja este o longa metragem que gostaria de ter feito em super 8. Por coincidência em 1981. Assim, nem curta
nem longa, precisamos assumi-lo enquanto criação coletiva. Impossível destacar prioridades: quem primeiro ou derradeiro a ser mencionado.
Filme flutuante do teatro ao cinema, interiores e exteriores, imagens dialogando com a voz e a musicalidade de todos os tropicalismos.
Colagens, citações, bricolagens, memórias roubadas entre o nacional-popular e o internacionalismo pra-pular. O integralismo de Gustavo Barroso, a criticidade de Oswald de Andrade, o engajamento desnorteador da pergunta QUE PAÍS É ESTE?
Fúria e fulgor do VIVENCIAL DIVERSIONES percorrendo pontes, grades, bares do início ao sem fim. Confins dos ensaios de redemocratização.
Abismos de Hélio Oiticica às situações-limite da pernambucália corroendo
oficiosas pernambucanidades.
Mas deixemos à margem nossas convicções universitárias e confirmemos que sem a câmera de LIMA (in memoriam), sem o estúdio de gravação de GILBERTO MARCELINO, sem o rigor das locações e, sobretudo, sem a libertinagem dos improvisos, NADA seria deste NOTURNO.
Além dos citacionismos da pós-modernidade, sem a pesquisa e TRANSinterpretação de Antonio CADENGUE este filme tão musicalizado
não resistiria até agora. Sejamos, portanto, co-autores e expectadores
assumindo em particípio presente – escrevivendo, cinevivendo – nossas
errâncias do vampirismo, dissipações, paradoxos e polimorfismos.
Jomard Muniz de Britto
Recife, outubro de 2014.
FICHA TÉCNICA do filme na dissertação de Alexandre Figueirôa Ferreira:
O CINEMA SUPER 8 EM PERNAMBUCO: DO LAZER DOMÉSTICO À
RESISTÊNCIA CULTURAL (USP – São Paulo, 1990).
Realizador: Jomard Muniz de Britto
Assistente: Ivan Cordeiro
Imagens, montagem e som: Lima
Iluminação: Beto Villas-Boas
Fotos de cena: Regi Galvão
Maquiagem: Anselmo Dantas
Letreiro: Aníbal Santiago
Elenco: Antonio Cadengue, Gleide Selma, Luciana Luciene e Major José
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