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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O Percurso do estágio Atrelado à Pesquisa: formando profissionais

 





O livro O Percurso do estágio Atrelado à Pesquisa: formando profissionais vem proporcionar aos leitores o acesso aos conhecimentos adquiridos nas pesquisas efetuadas pelos autores em diversas áreas, com enfoque especial para as licenciaturas, das Instituições de Ensino Superior pesquisadas. Nesse pensar, a teia de ideias pesquisadas nesta obra incorpora, de forma gradual, as várias reflexões construídas pelos autores, que expressam uma cuidadosa maneira de pensar e compreender a educação em sua integridade. Em seus capítulos se encontra uma diversidade de discussões sobre complexa temática dos estágios, cuja oferta, em sua integridade, será sempre um desafio para o campo educacional e acadêmico.

As pesquisas apresentadas sobre as diversas experiências relatadas pelos docentes e pelos estagiários apontam as habilidades e competências profissionais vivenciadas em diferentes panoramas sobre o processo do estágio curricular supervisionado.

As reflexões sobre o que desvelam os capítulos dessas pesquisas primam pelos relatos das vivências dos envolvidos em sua relação com a apreensão das teorias e o desenvolvimento de uma práxis humanizadora. A preparação desta obra não seria possível sem a interação entre os profissionais das IES, os professores das escolas de Educação básica e os estagiários que, com dedicação e com o uso de conhecimentos e recursos apropriados, colaboraram/colaboram para a valorização da educação, por meio do compartilhamento de seus conhecimentos.

Entendemos, portanto, que o estágio curricular supervisionado, como alma do curso, volta-se para um não pensar de maneira leve; trata-se de pensar o estágio como um desafio para formar o profissional articulado à pesquisa nos cursos universitários, sejam estes de licenciatura ou de bacharelado, cuja finalidade seja fomentar contribuições para uma formação de seres humanos conscientes rumos à cidadania. E, nessa perspectiva, referenciamos o estágio supervisionado como um componente curricular obrigatório e indispensável ao processo de formação dos estudantes e dos profissionais, conforme preconiza a Lei 11.788/2008.

Paulo Freire (1996) nos faz pensar como ensinar exige uma reflexão crítica sobre a prática de hoje, ou de ontem, para que se possa melhorar a próxima prática. Assim, o autor deixa claro que, ao se fazer reflexões, tanto as teorias quanto às práticas fornecem subsídios aos envolvidos no processo. E, dessa forma, a apreensão dos conhecimentos desencadeia competências e habilidades necessárias aos estagiários para produzirem novas ações, como futuros profissionais.

Portanto, convém ressaltar que aquele que investe na formação dos futuros profissionais têm diante de si o desafio de definir e redefinir suas metas através da tríade:  ensino, pesquisa e extensão, mas sempre seguindo as informações de maneira espontânea e com autonomia. Pensando assim, é preciso crer nos jovens, oferecer-lhes setas para os caminhos a serem seguidos. Logo, “as exigências e desafios que a realidade social coloca, são expectativas de formação dos alunos para que possam atuar na sociedade de forma crítica e criadora” (LIBÂNEO, 2017, p.164).

Nesse pensamento, as pesquisas, aqui apresentadas, atêm-se a concepções que possam resgatar uma convivência envolvente e prazerosa. Foi preciso buscar estudos para resgatar a importância do estágio supervisionado nas universidades, pois as transformações técnico-científicas resultam da ação humana concreta sobre as experiências vivenciadas na práxis do estágio. (PIMENTA; SEVERINO, 2011).

Foi pensando nessa relação de ideias que incorpora os estudos metodológicos de um processo científico organizado através de movimentos planejados e efetuados, envolvendo sujeitos reflexivos e decisivos, bem como, estudos concretos construídos pelos autores de novos conhecimentos, que se formou esta obra coletiva. Que sua leitura se torne agradável aos olhos de quem revisitá-la.

Inalda Maria Duarte de Freitas

Professora Titular - Uneal

 

 

REFERÊNCIAS

BRASIL, Presidência da República. Lei Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Diário oficial da União. Brasília: 26 de setembro de 2008.

FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2017.

PIMENTA, Selma Garrido; SEVERINO, Antônio Joaquim. (coor.). Questões de método na construção da pesquisa em educação. São Paulo: Cortez, 2008.

 


 

Prefácio

 

Estágio, pesquisa e formação de profissionais – um percurso instigante ainda que haja inúmeros desafios

 

A organização de um livro feito a muitas mãos não é uma tarefa fácil para professores universitários que lidam, diariamente, com um público tão diversificado como são os professores e os estudantes da educação básica – público-alvo do objeto de estudo desta coletânea. Contudo, convém destacar que esta obra também alcança outros públicos – aqueles que se interessam pela educação, de forma geral, e, principalmente, para os que lidam com as questões de formação iniciada e continuada. Os desafios aumentam, progressivamente, quando o livro objetiva falar sobre a formação de professores em cursos de graduação, a partir das temáticas relacionadas à oferta do Estágio Curricular Supervisionado.

Como se trata de uma produção coletiva e direcionada às comunidades escolares e acadêmicas, retomo a um passado longínquo para relembrar as condições de sobrevivência tão adversas, que o ser humano precisou enfrentar. Faz-se necessário enfatizar que, nossos ancestrais desenvolveram o trabalho (transformação da natureza), atividade coletiva que possibilitou o desenvolvimento desse ser, individual e, sobretudo, coletivamente e garantindo sua sobrevivência. A vida em comunidade era/é a razão da existência pois, sem o outro, nossa vida seria perdida ainda mais rápido. O tempo de existência diante das dificuldades era pequeno, por isso urgia a tomada imediata de ações. As condições concretas daquela vida levaram o ser humano a viver em bandos, o que hoje chamamos de comunidades. Destacamos esses aspectos para entendermos a importância da coletividade para a existência e sobrevivência humanas.

Este livro destaca o desenvolvimento de elementos fundamentais para nossa existência: o trabalho e a linguagem. O primeiro elemento cumpre o papel de transformar a natureza para atender as necessidades mais vitais; enquanto o segundo elemento busca a comunicação, para assim, perpetuar as aprendizagens experienciadas. Não fosse a linguagem, registrando as descobertas e socializando-as, teríamos que recomeçar todos os dias, o que seria um empecilho para o nosso desenvolvimento.

A produção deste livro, O Percurso do estágio Atrelado à Pesquisa: formando profissionais, organizado por Edel Guilherme Silva Pontes, Inalda Maria Duarte de Freitas e Rosária Cristina Costa Ribeiro, encaixa-se nessa linha histórica descrita acima. Quando associamos a busca de outrora de nossos ancestrais com a pesquisa, em sua aplicação teórica e prática, percebemos o quanto os organizadores utilizaram a linguagem como ferramenta primordial para articular a oferta dos estágios nos cursos de graduação associando os conceitos teóricos à prática, aspecto fundamental deste trabalho.

Sendo assim, dissociar esses dois elementos constituintes da existência humana é um equívoco, pois sem a prática não podemos conhecer a realidade; sem os registros desta prática, precisaríamos começar sempre do zero. E, o mais importante está posto quando observamos que tudo partiu de um grande desafio que nos acompanha: necessidade e relevância do trabalho coletivo. Com a leitura dos capítulos fica inegável a importância da linguagem quando a associamos ao trabalho, principalmente quando o assunto é a pesquisa e prática de ações que versam sobre formação inicial dos profissionais, em todas as suas diversidades e especificidades, como acontece nas IES quando o debate gira em torno do estágio como componente curricular – obrigatório ou não, conforme percebemos nos títulos que compõem a obra.

Rosária Cristina Costa Ribeiro, Will Dágansú da Conceição de Souza e Kall Lyws Barroso Sales assinam o capítulo que abre esta coletânea, “A diversidade em sala de aula de língua francesa: o papel do estágio supervisionado e a representação da francofonia na formação de professores”. Este trio de autores faz uma abordagem sobre o apagamento da língua francesa e do plurilinguismo dos currículos da escolaridade básica e o relaciona aos métodos utilizados no processo de ensino e aprendizado da língua francesa, fato que desencadeia a falta de valorização do exercício da docência como profissionalização.

No segundo capítulo, Rosangela Nunes de Lima discorre sobre sua experiência enquanto pesquisadora, com cursos de formação continuada e os reflexos destes na atuação de professoras de língua inglesa, no ensino fundamental II. Lima destaca a importância do trabalho coletivo embasado nas pesquisas, cujo foco é levar os professores a analisar as próprias práticas desde o período de observação até o momento da avaliação.

“A pesquisa no estágio supervisionado curricular na formação de professores da Licenciatura em Física” é o assunto do terceiro capítulo. Edel Guilherme Silva Pontes e Jeovanna Costa Floriano fazem um relato dinâmico sobre o curso de licenciatura em Física e destacam a importância do estágio curricular para a formação e qualificação do futuro professor de uma área ainda carregada de estigmas. O diferencial centra-se em dois pontos básicos: primeiro - a turma selecionada para esta análise foi a primeira do curso no Campus; e segundo – a estagiária realizou suas atividades de estágio em escolas de categorias diferentes – uma escola da rede pública, e outra da rede particular. Os resultados, com realidades distintas, favoreceram a colheita de bons frutos e um excelente material para estudos e reflexão.

No quarto capítulo, Josefa Eleusa da Rocha refere-se às ciências biológicas, em que destaca a importância de haver um estreitamento entre as teorias e as discussões vivenciadas pelo aluno, em sua formação inicial nos cursos de Ciências Biológicas e a prática docente da sala de aula, na Educação Básica, de forma que haja uma conexão entre o licenciando, a universidade e a escola.

No quinto capítulo “Estágio Supervisionado, axiologia e práxis: Posicionalidades, Espacialidades e Localidades”, Antônio José Rodrigues Xavier discute sobre  a atuação dos sujeitos na perspectiva do “estágio como pesquisa da prática e da prática da pesquisa no estágio”. Xavier propõe a construção de um mapeamento axiológico que deve partir da análise dos valores instituídos pela base legal e que servirá de fio condutor capaz de configurar a práxis epistemológica nos estágios.

No sexto capítulo, Jenaice Israel Ferro e Renan Antônio da Silva apontam a ausência de políticas públicas voltadas para a Educação de Jovens e Adultos, fato que mobilizou professores da EJA do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Cultura (ProDIC), da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) a estimular alunos a estudarem e trabalharem nesta perspectiva, desmistificando a forma pragmática e pontual como foi tratada, proporcionando-lhe a abordagem devida: ser exercida por profissionais da educação e com foco nas políticas públicas de Estado.

No sétimo capítulo, Bruno Rogério Duarte da Silva traz a performance como uma prática pedagógica que faz todo o diferencial nas ações planejadas para o estágio. Este autor apresenta as concepções sobre o estágio curricular supervisionado como uma prática pedagógico-performativa, destacando conceitos, importância e teorias. Ao longo do capítulo, Silva faz a socialização das atividades desenvolvidas no curso de Letras-Campus IV e apresenta práticas educacionais lúdicas, poéticas e interculturais que podem ser desenvolvidas nos estágios.

A seguir, no capítulo oito, o grupo formado por quatro estagiárias e liderado por Maria Betânia da Rocha de Oliveira traz o relato de uma experiência de estágio vivenciada em uma escola pública, durante o período da pandemia Covid-19. Achineider Ferreira dos Santos, Daniela Messias Nobre, Janiquele da Silva Lima e Maria Alice da Rocha registram os desafios, os sabores e os dissabores que experimentaram quando da oferta do estágio na modalidade on-line e a necessidade de inserir os recursos digitais nas aulas remotas de Língua Portuguesa.

No nono capítulo, “O estágio de língua inglesa e a pedagogia dos multiletramentos: uma experiência de educação linguística pluralista”, Maria Verônica Tavares Neves Cardoso (professora orientadora), Fabiana Carvalho Santos e Larry da Silva Oliveira (estagiárias) trazem uma temática ainda nova nos espaços das escolas da educação básica. O texto apresenta questões sobre a pedagogia dos multiletramentos em duas vertentes: o ensino de língua inglesa e os efeitos do estágio para a formação dos professores.

No capítulo dez, “O estágio não obrigatório atrelado à pesquisa: algumas reflexões”, Inalda Maria Duarte de Freitas e Eryca Virgínia da Silva Souza tecem comentários sobre as resoluções que categorizam os estágios como obrigatório e não obrigatório e enfatizam que, independentemente da modalidade, o estágio quando atrelado à pesquisa, favorece a formação docente. Partindo das concepções gerais do estágio, o texto segue, de forma ordenada, apresentando uma experiência de mentoria, classificada como um estágio não obrigatório.

Fechando a coletânea, no décimo primeiro capítulo, Adriana Cavalcanti, José Nogueira da Silva, Moisés Monteiro de Melo Neto e Nedson Antônio Melo Nogueira relacionam o estágio supervisionado às concepções de língua, texto e sujeito. Segundo os autores, tais concepções orientam o processo de ensino e aprendizagem, compondo tanto as práticas pedagógicas quanto o arsenal teórico-metodológico.

Fruto de um trabalho de pesquisas alicerçado no plano coletivo, este livro carrega, a muitas mãos, o vigor do processo inicial de todo curso de formação de profissionais que desejam, inspirados nos espaços da linguagem, criar novos sentidos para a educação universitária, sem deixar de expandir os referenciais já existentes.

 

Professora Dra. Maria Betânia da Rocha de Oliveira/Campus IV-UNEAL