Jayro Luna - também assina como Jairo Luna ou Jairo Nogueira Luna – (SP, 1960, SP - julho de 2021, por Covid), poeta,
músico, professor e pesquisador, criador do conceito de crítica literária
denominadoNeo-estruturalismo Semiótico e do conceito de poesia chamada de
Metmodernismo . Como poeta venceu concursos como o Projeto Nascente -
promovido pela USP e Editora Abril, duas vezes, em 1992 e 1993 com os livros de
poesia Seleta de Versos de 8 Livros Inéditos e Livro
de Palamedes, respectivamente. Publicou durante os anos 80 o fanzine Mimeógrafo
Genertion, de poesia marginal Geração Mimeógrafo na época desta geração, que teve
28 números e compreendeu o período de !984 a 1993 Do Mimeógrafo
Generation participaram poetas como Glauco Mattoso e Leila Míccolis,
dentre Foi editor e webdesigner do site Orfeu Spam, dedicado à
Literatura e Artes. Como jovem músico conhecera os integrantes do conjunto The
Lee Bats, tornando-se amigo e frequentador dos ensaios da banda. Sua amizade
com J.J. Gallahade rendeu-lhe impulsos poéticos e ambos assinam vários
poemas conjuntamente, assim como algumas das canções do grupo. Quando The Lee
Bats se desfez, Jayro Luna ficou com todo um baú de obras raras, inéditas,
dezenas de fitas k7, vídeos e alguns exemplares de discos independentes da
banda. Em 1992, decide reiniciar The Lee
Bats, um trio.
Professores da Universidade de Pernambuco (UPE)
destaque para Jairo Luna, Moisés Monteiro de Melo Neto e Acauam Oliveira, professores- artistas.
Com o apoio de Philadepho Menezes desenvolveu o conceito poético de
METAMODERNISMO na década de 80. Por este conceito compreendia que as
diferentes escolas literárias não se tornavam para o fim do século XX nem
escolas do passado, nem eram excludentes. Transformavam-se, para o poeta
contemporâneo, envolvido entre os limites da CULTURA MOSAICO, de Abraham
Moles (estruturado segundo
as ideias de
Abraham Moles em Sociodinâmica da Cultura, obra que li no mesmo ano de sua
publicação em francês, graças ao interesse
com que a
Livraria Leonardo da Vinci,
do Rio de
Janeiro, acompanha os estudos e as pesquisas de seus clientes. Somente um
autor como Abraham
Moles —formado em Física
e em Filosofia —poderia escrever
uma obra como esta, que resultou da aplicação de um modelo cibernético na
análise de fenômenos culturais —descoberta científica, invenção
tecnológica,criação
literária e artística,
produção e transmissão de
sons e imagens —completando suas
observações com teorias que revelam
um pensamento ao mesmo tempo analítico e sintético). Estudou a Cultura de Massa, Neo Barroco e Pós-Moderno em
estratégias formais de construção de textos, num processo intersemiótico e
semiótico de referências, traduções e transcriações.
Publica nesta época, marginalmente, plaquettes de poesia (livros em
xerox): Bagg'Ave (1984), Ópium (1985), Metamorphoses
n'Ovídio (1985) e Hiléia - poemeto épico amazônico (1986).
Recuperou a forma do Soneto para a poesia colocando nela temas como
Rock, Contracultura, Tropicalismo, ideia que se tornou um marco na
produção poética de Glauco Mattoso, nos anos1990. Estas plaquettes são
muito raras e disputadas entre colecionadores e pesquisadores da Poesia
Marginal. Publicou em 1999 o livro Infernália Tropicalis que
traz o conceito de associar notas de rodapé, epígrafes, datas
de publicação dos poemas, ilustrações e figuras como
referências hipertextuais do corpo do poema, de modo que alguns dos poemas do
livro têm até 11 epígrafes - o que cria um conjunto hipertextual - e várias
notas de rodapé, estas, por sua vez, são outros poemas ou continuação dos
poemas. Em 2002 reuniu algumas das plaquettes publicadas no livro Florilégio
de Alfarrábio.
Na Teoria Literária, em 2006, publicou o livro Teoria
do Neo-estruturalismo Semiótico (método que se
fundamenta numa relação crítico-criativa entre leitor e obra por meio de
relações simbólicas e arquetípicas) no qual concluiu ideias que já se esboçavam
em Monografias de Literatura, Teatro, Comunicação & Semiótica, Participação
e Forma(2001) e Caderno de Anotações(2005). No
Neo-estruturalismo Semiótico o processo de análise busca demonstrar a relação
fundada numa ligação simbólica e intersemiótica - por vezes formada no
inconsciente coletivo - entre figuras e alegorias do texto e os usos culturais
simbólicos em geral na sociedade ou no público leitor. Assim por exemplo
identificou relações entre o livro Claro Enigma, de Drummond e a Bandeira
do Brasil, e também entre a descrição das batalhas em Eurico, o Presbítero, do
romântico português Alexandre Herculano, e o jogo de Xadrez , entre o conceito
machadiano de Humanistismo e a estrutura do teatro vitoriano,
notadamente da cornija, ou ainda, entre o livro Arco de Sant'Anna de
Almeida Garret e a bandeira do reinado de Dom João, Mestre de Avis.
No âmbito da análise das formas, identificou uma relação entre a forma do
soneto italiano e o conceito de número de ouro do Renascimento (O número de ouro é o representante matemático da
perfeição na natureza. Ele é estudado desde a Antiguidade e muitas construções
gregas e obras artísticas apresentam esse número como base. Mas por que esse
número é tão importante? Por que ele representa a perfeição, a beleza da
natureza? A resposta é simples: porque ele aparece em quase todo lugar na
natureza e nas coisas que consideramos mais belas), bem como entre o soneto inglês e a
forma dos castelos escoceses.
Como integrante do grupo The Lee Bats na sua segunda formação
(1992-1994), Jairo desenvolveu o resultado de suas convicções musicais
desenvolvidas na época em que fora amigo dos integrantes na primeira formação
do grupo. Com o fim da primeira formação em 1985 e a perda de contato com os
integrantes daquela formação, ficou em posse de um baú de obras inéditas,
gravações raras e muitas ideias. Os Lee
Bats desenvolveram o conceito de Rock-poesia, pelo qual musicaram vários
poemas da literatura em língua portuguesa e da literatura mundial como Tarde
de Verão de um Fauno de Stéphane Mallarmé, Psiquetipia de
Fernando Pessoa, Poética de Manuel Bandeira, entre outras
muitas musicalizações. Traduziam letras de canções do rock internacional,
colocando-as num contexto cultural brasileiro, modificando as referências
originais para as da nossa cultura e sociedade, o que era fundado na concepção
de Haroldo de Campos, de transcriação poética.
OBRAS LITERÁRIAS DE JAIRO LUNA: Bagg'Ave. Edição do autor.
São Paulo, 1984; Ópium. Edição do autor. São Paulo, 1986; Metamorphoses n'Ovídio. Edição do autor.
São Paulo, 1989; Infernália Tropicalis. São Paulo, Epsilon Volantis,
1998; Florilégio de Alfarrábio. São Paulo, Epsilon Volantis, 2002.
Ensaios e crítica
· Monografias de
Literatura, Teatro, Comunicação e Semiótica. São Paulo, Epsilon Volantis, 1998.
· Participação e
Forma: Algumas reflexões acerca da função social da poesia. São Paulo,
Epsilon Volantis, 2002.
· Caderno de
Anotações. São Paulo, Opportuno, 2005.
· Teoria do
Neo-estruturalismo Semiótico. São Paulo, Vila Rica, 2006.
· A Chave Esotérica
de Mensagem de Fernando Pesso: Abordagem Numerológica, Astrológica e
Cabalíostica. São Paulo, Epsilon Volantis, 2006.
· The Lee Bats: Todas
as Letras. São Paulo, Signos, 2011.
· Acerca de Música,
Poesia & Cinema. São Paulo, Signos, 2011.
· Poetas do
Imperador: Estudo da Poesia Lírica de Gonçalves de Magalhães e Manuel de Araújo
Porto-Alegre. São Paulo, Signos, 2012. (baseada em pesquisa de pós-doutoramento na
FFLCH/USP, título homônimo sob orientação de Cilaine Alves Cunha).
· Língua, Literatura
e Ensino. Com Benedito Gomes Bezerra (organizadores). Recife, Edupe, 2009.
Antologias
· Saciedade dos
Poetas Vivos - Vol. 5: Poesia Visual. Rio de Janeiro, Blocos, 1992.
· Quem Sente Somos
Nós. São Paulo, Scortecci, 2003.
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