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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Jayro Luna,Jairo Luna, Jairo Nogueira Luna: Professor-artista

 

 

Jayro Luna - também assina como Jairo Luna ou Jairo Nogueira Luna – (SP, 1960, SP - julho de 2021, por Covid), poeta, músico, professor e pesquisador, criador do conceito de crítica literária denominadoNeo-estruturalismo Semiótico e do conceito de poesia chamada de Metmodernismo . Como poeta venceu concursos como o Projeto Nascente  - promovido pela USP e Editora Abril, duas vezes, em 1992 e 1993 com os livros de poesia Seleta de Versos de 8 Livros Inéditos e Livro de Palamedes, respectivamente. Publicou durante os anos 80 o fanzine Mimeógrafo Genertion, de poesia marginal Geração Mimeógrafo na época desta geração, que teve 28 números e compreendeu o período de !984 a 1993 Do Mimeógrafo Generation participaram poetas como Glauco Mattoso e Leila Míccolis, dentre Foi editor e webdesigner do site Orfeu Spam, dedicado à Literatura e Artes. Como jovem músico conhecera os integrantes do conjunto The Lee Bats, tornando-se amigo e frequentador dos ensaios da banda. Sua amizade com J.J. Gallahade  rendeu-lhe impulsos poéticos e ambos assinam vários poemas conjuntamente, assim como algumas das canções do grupo. Quando The Lee Bats se desfez, Jayro Luna ficou com todo um baú de obras raras, inéditas, dezenas de fitas k7, vídeos e alguns exemplares de discos independentes da banda. Em 1992, decide reiniciar The Lee Bats, um trio.


Professores da Universidade de Pernambuco (UPE)
destaque para Jairo Luna, Moisés Monteiro de Melo Neto e Acauam Oliveira, professores- artistas.



Com o apoio de Philadepho Menezes desenvolveu o conceito poético de METAMODERNISMO na década de 80. Por este conceito compreendia que as diferentes escolas literárias não se tornavam para o fim do século XX nem escolas do passado, nem eram excludentes. Transformavam-se, para o poeta contemporâneo, envolvido entre os limites da CULTURA MOSAICO, de Abraham Moles (estruturado  segundo  as  ideias  de  Abraham  Moles  em Sociodinâmica  da Cultura, obra que li no mesmo ano de sua publicação em francês, graças ao interesse  com  que  a  Livraria  Leonardo  da Vinci,  do  Rio  de  Janeiro, acompanha os estudos e as pesquisas de seus clientes. Somente  um  autor  como  Abraham  Moles —formado  em  Física  e  em Filosofia —poderia escrever uma obra como esta, que resultou da aplicação de um modelo cibernético na análise de fenômenos culturais —descoberta científica,  invenção  tecnológica,criação  literária  e  artística,  produção  e transmissão  de  sons  e  imagens —completando  suas  observações  com teorias que revelam um pensamento ao mesmo tempo analítico e sintético). Estudou a Cultura de Massa, Neo Barroco e Pós-Moderno em estratégias formais de construção de textos, num processo intersemiótico e semiótico de referências, traduções e transcriações.

Publica nesta época, marginalmente, plaquettes de poesia (livros em xerox): Bagg'Ave (1984), Ópium (1985), Metamorphoses n'Ovídio (1985) e Hiléia - poemeto épico amazônico (1986). Recuperou a forma do Soneto  para a poesia colocando nela temas como Rock, Contracultura, Tropicalismo, ideia que se tornou um marco na produção poética de Glauco Mattoso, nos anos1990.  Estas plaquettes são muito raras e disputadas entre colecionadores e pesquisadores da Poesia Marginal. Publicou em 1999 o livro Infernália Tropicalis que traz o conceito de associar notas de rodapéepígrafesdatas de publicação dos poemasilustrações e figuras como referências hipertextuais do corpo do poema, de modo que alguns dos poemas do livro têm até 11 epígrafes - o que cria um conjunto hipertextual - e várias notas de rodapé, estas, por sua vez, são outros poemas ou continuação dos poemas. Em 2002 reuniu algumas das plaquettes publicadas no livro Florilégio de Alfarrábio.

Na Teoria Literária, em 2006, publicou o livro Teoria do Neo-estruturalismo Semiótico (método que se fundamenta numa relação crítico-criativa entre leitor e obra por meio de relações simbólicas e arquetípicas) no qual concluiu ideias que já se esboçavam em Monografias de Literatura, Teatro, Comunicação & SemióticaParticipação e Forma(2001) e Caderno de Anotações(2005). No Neo-estruturalismo Semiótico o processo de análise busca demonstrar a relação fundada numa ligação simbólica e intersemiótica - por vezes formada no inconsciente coletivo - entre figuras e alegorias do texto e os usos culturais simbólicos em geral na sociedade ou no público leitor. Assim por exemplo identificou relações entre o livro Claro Enigma, de Drummond e a Bandeira do Brasil, e também entre a descrição das batalhas em Eurico, o Presbítero, do romântico português Alexandre Herculano,  e o jogo de Xadrez , entre o conceito machadiano de Humanistismo  e a estrutura do teatro vitoriano, notadamente da cornija, ou ainda, entre o livro Arco de Sant'Anna de Almeida Garret  e a bandeira do reinado de Dom João, Mestre de Avis. No âmbito da análise das formas, identificou uma relação entre a forma do soneto italiano e o conceito de número de ouro do Renascimento (O número de ouro é o representante matemático da perfeição na natureza. Ele é estudado desde a Antiguidade e muitas construções gregas e obras artísticas apresentam esse número como base. Mas por que esse número é tão importante? Por que ele representa a perfeição, a beleza da natureza? A resposta é simples: porque ele aparece em quase todo lugar na natureza e nas coisas que consideramos mais belas), bem como entre o soneto inglês e a forma dos castelos escoceses.

Como integrante do grupo The Lee Bats na sua segunda formação (1992-1994), Jairo desenvolveu o resultado de suas convicções musicais desenvolvidas na época em que fora amigo dos integrantes na primeira formação do grupo. Com o fim da primeira formação em 1985 e a perda de contato com os integrantes daquela formação, ficou em posse de um baú de obras inéditas, gravações raras e muitas ideias. Os Lee Bats desenvolveram o conceito de Rock-poesia, pelo qual musicaram vários poemas da literatura em língua portuguesa e da literatura mundial como Tarde de Verão de um Fauno de Stéphane Mallarmé, Psiquetipia de Fernando Pessoa, Poética de Manuel Bandeira, entre outras muitas musicalizações. Traduziam letras de canções do rock internacional, colocando-as num contexto cultural brasileiro, modificando as referências originais para as da nossa cultura e sociedade, o que era fundado na concepção de Haroldo de Campos, de transcriação poética.

OBRAS LITERÁRIAS DE JAIRO LUNA: Bagg'Ave. Edição do autor. São Paulo, 1984; Ópium. Edição do autor. São Paulo, 1986; Metamorphoses n'Ovídio. Edição do autor. São Paulo, 1989; Infernália Tropicalis. São Paulo, Epsilon Volantis, 1998; Florilégio de Alfarrábio. São Paulo, Epsilon Volantis, 2002.

Ensaios e crítica

·   Monografias de Literatura, Teatro, Comunicação e Semiótica. São Paulo, Epsilon Volantis, 1998.

·   Participação e Forma: Algumas reflexões acerca da função social da poesia. São Paulo, Epsilon Volantis, 2002.

·   Caderno de Anotações. São Paulo, Opportuno, 2005.

·   Teoria do Neo-estruturalismo Semiótico. São Paulo, Vila Rica, 2006.

·   A Chave Esotérica de Mensagem de Fernando Pesso: Abordagem Numerológica, Astrológica e Cabalíostica. São Paulo, Epsilon Volantis, 2006.

·   The Lee Bats: Todas as Letras. São Paulo, Signos, 2011.

·   Acerca de Música, Poesia & Cinema. São Paulo, Signos, 2011.

·   Poetas do Imperador: Estudo da Poesia Lírica de Gonçalves de Magalhães e Manuel de Araújo Porto-Alegre. São Paulo, Signos, 2012. (baseada em pesquisa de pós-doutoramento na FFLCH/USP, título homônimo sob orientação de Cilaine Alves Cunha).

·   Língua, Literatura e Ensino. Com Benedito Gomes Bezerra (organizadores). Recife, Edupe, 2009.

Antologias

·   Saciedade dos Poetas Vivos - Vol. 5: Poesia Visual. Rio de Janeiro, Blocos, 1992.

·   Quem Sente Somos Nós. São Paulo, Scortecci, 2003.