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terça-feira, 23 de junho de 2020

Sobre o romance "ESSA GENTE", de Chico Buarque. Crítica de Moisés Monteiro de Melo Neto






Com margens largas, poucas páginas e letra grande, o saudosista da malandragem carioca lança mais um romance. Acabei de ler. Numa exegese repetitiva e rala calcada nos gêneros epístola, diário e similares o que temos é uma insistente metalinguagem a percorrer os labirínticos caminhos das classes sociais com preguiça e uma forçada sofreguidão, que lembra seus livros anteriores, como 'Estorvo'. As personagens flutuam na superficialidade do densrenredo onde Orfeu enfrenta uma Eurídice- Medusa. O desfecho é de dar dó. Ainda acrescenta umas páginas em branco que, suponho, seja para o leitor completar o livro que o autor-personagem deixou inconcluso. Para a critica feminista é prato cheio. Gosto muito do Chico de 'Leite Derramado', mas de 'Essa Gente'? Eu esperava mais. Bom para se ler em pouco tempo. Gosto de Chico Buarque, herói da nossa gente.

domingo, 21 de junho de 2020

O filho do pescador, de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa







O filho do pescador é um romance do escritor brasileiro Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, publicado pela primeira vez em 1843, por Paula Brito. Tem sido considerado por vários estudiosos, dentre eles José Veríssimo e Ronald de Carvalho, o primeiro romance escrito no Brasil; obra de ficção em prosa, nitidamente influenciada pelos folhetins franceses que haviam se tornado modismo em vários jornais brasileiros. O romance teve mais duas edições até 1859. O romance trata do drama amoroso entre uma mulher, chamada Laura, e um filho de pescador, chamado Augusto. O romance tem como ponto de partida um naufrágio ocorrido na deserta e esquecida Praia de Copacabana. Resgatada da morte por Augusto, a bela mulher enfeitiçará, o seu ingênuo salvador. Ao dar início em sua obra, através de uma das faces de um naufrágio, Teixeira e Souza, segundo a maioria dos críticos, conquista o mérito de ser o iniciador definitivo do romance brasileiro, porque foi o primeiro a dar lugar de destaque as particularidades do nosso ambiente, tanto na utilização das personagens, como na representação das paisagens, como na caracterização dos costumes brasileiros. O seu romance é feito do que é comum a todos os grandes gêneros populares de sua época, como por exemplo: sentimentalismo, prolixidade, lágrimas linguagem retórica e chapada, situações falsas, pieguice, emoções baratas, suspense e reviravolta, ausência de tipos e personagens definidos e etc. É importante ressaltar que são formas estilísticas inerentes ao gênero e não imperfeições, como querem alguns críticos apontar. No romance de Teixeira e Souza, a unidade da trama ou do enredo é assentada fundamentalmente num drama amoroso. O romance começa a ser dramatizado no seio da comunidade de pescadores. Uma classe que não costumava aparecer no Romantismo. O autor interiorano trabalha com as figuras populares que fazem parte do bucólico universo das praias e dos rochedos do litoral brasileiro, onde o mar sussurra os seus desejos incontidos. Uma parte desse mundo afastada, feita de canoas, redes e heroicos salvadores de naufrágios, Teixeira e Souza procurou utilizar para ambientar o início de seu romance de pura sentimentalidade. A forma como Teixeira e Souza narra o seu romance, é decorrente dos cuidados tomados diante o público leitor brasileiro incipiente. É nesse contexto que O Filho do Pescador vem ao mundo, pois consciente da deficiência e do despreparo de seus leitores, o escritor utiliza estratégias narrativas voltadas para que a leitura, não seja posta de lado. São recursos, que representam um narrador que tutela seu leitor de modo paternalista, a exemplo das explicações constantes e retrocessos no relato para lembrar acontecimentos passados. Em suma, recorre às repetições, numa recorrência configuradora de quadros e situações para aqueles leitores apenas alfabetizados, que eram maioria.
O romancista não chega a definir personagens a rigor, o que apresenta são representações de vícios e virtudes, onde ocorre o velho embate entre o bem e o mal, em que vence o bem e a verdade, depois das passageiras vitórias do mal e da mentira. O maniqueísmo com a vitória dos bons sentimentos e da virtude e a simplificação na caracterização dos personagens, é um dos cacoetes estilísticos da ficção em série, ou seja, em fatias seriadas.