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terça-feira, 5 de novembro de 2019

NATAL DA GENTE




Peça radiofônica



 de MOISÉS MONTEIRO DE MELO NETO

Jota Ferreira, Patrícia Breda e o elenco da Rádio Folha PE FM
que levou ao ar esta peça

Um grupo de brincantes sertanejos está montando um espetáculo de natal e, apesar das jornadas exaustivas de trabalho e a falta de patrocínio, nada faz com que eles deixem de organizar a montagem que tem apoio de muitos outros trabalhadores, mas será que existem milagres? É preciso de força e fé, acreditar num futuro melhor, e o Natal é uma chance da gente dar prova de que se deve perseverar na mensagem de Jesus, na Boa Nova; a esperança aos poucos vai contagiando aqueles que estavam esmorecidos e a força renasce na contribuição de cada um, nesse texto de Moisés Monteiro de Melo Neto que a Rádio Folha oferece aos seus ouvintes neste final de 2016.
Nos 50 minutos de texto, o que se vê é uma mistura de música e teatro. A peça se utiliza de músicas clássicas como as de compositores como Bach e do cancioneiro nacional como as de Roberto Carlos e outros autores que tão bem souberam expressar a mística cristã em elevado padrão de devoção e carinho.

MARIA   Ah! José. Trabalho dignifica a todos nós;  mesmo com essa crise que a todos assusta, estarmos vivos e termos como ganhar o nosso sustento e ter sonhos de um futuro melhor, é tão bom. Olha só o final do dia, o campo todo organizado, a colheita de alguns a semeadura de outros, os animais recolhidos, esse colorido no céu, que beleza, que paz, que harmonia, esse é um ano que de certo modo é de Bênção, embora tenham acontecidos coisas que a todos prejudicaram, e a política também vai encontrar um caminho melhor, com a ajuda de todos nós, que somos responsáveis por isso também
JOSÉ  Depois do trabalho, nós, camponeses no fim da jornada de trabalho, senhor Deus, queremos elevar uma prece agradecendo ao Senhor a força e o pão de cada dia e pedimos a força para continuar com toda a perseverança. Que a Tua força nos ajude com a preparação da festa que vai acontecer hoje aqui no nosso povoado. 
MARIA —  E ter você ao meu lado, meu esposo querido. o nosso lar está se iniciando. é com fé que conseguiremos formar nossa família. E a festa que estamos preparando para agradecer ao Senhor de Israel será esplêndida, bem sei. Não É mesmo, meu marido?
JOSÉ  Há de ser assim, querida Maria, há de ser... mesmo com essas adversidades que temos enfrentado, agora com esse plano de abastecimento de água e tudo que conseguimos pela Associação, parece que as coisas tendem a melhorar, é só não cair no desânimo nem ficar nessa de jogar todas as decisões nas mão do governo. E nós? Nosso povo conta com experiência e juventude; vamos vencer sim! E nosso espetáculo de Natal será muito bonito! Olha lá vem compadre Julião. Diga lá, compadre. Que cara é essa? Algum problema?
JULIÃO —  Vocês sabem, José e Maria,  o que está acontecendo?  Acabei de receber a confirmação, agora. Uma notícia... nada agradável: a  nossa apresentação de Natal... Olha, é chato ser eu a dizer, a gente ta toda animada, mas... mas... tem agora essa  má notícia, o seu Joaquim da Mercearia, que ia pagar o som, disse que não dava mais.
MARIA —   Oh, não! Não vai mais patrocinar nossa celebração? E agora? Como faremos?
JOSÉ — Sinceramente, isso é uma falta de compromisso com a palavra empenhada; mas a fé nos ensina que temos que pensar numa solução...
MARIA — Algo me diz que faremos nossa apresentação, sim!
JULIÃO— Como?
MARIA — Estamos em cima da hora, tudo quase pronto e não podemos fraquejar... Deus vai nos dar um sinal de como continuar...
JULIÃO— Sim, mas como faremos, Maria? Só se for um milagre?
MARIA— Lembre-se, Julião: é uma festa de louvor. Natal , celebração do nascimento do menino Jesus, e ele opera milagres todos os dias. Por que não aconteceria um milagre aqui?
JOSÉ— (nervoso) Tudo quase pronto! Acho também que o Joaquim não vai dar o pão e o suco de uva para o povo, não é, Julião?
JULIÃO— Claro que não. Ele disse que foi fazer os cálculos e a crise levou as economias que ele pensava estarem a salvo, ante se fazer o balanço final de perdas e ganhos. Ele vai se mudar da cidade em janeiro e não tem condições. Pronto, é isso mesmo que vocês ouviram.
MARIA— Lembram-se do que conversamos? Só no trabalho e na união há solução. Olhem, o pessoal está chegando para o ensaio. Continuem o ensaio e prestem atenção na letra dessa canção...
(DEPENDE DE NÓS)

MARIA— Entenderem o que quis dizer? Ou a gente acredita  ou nada acontece! Mãos à obra! Vamos nos comunicar com todos os amigos que pudermos, faremos nosso pão e o pessoal de Petrolina vai nos arranjar algumas uvas e nós mesmos faremos o suco; haverá também os doces para as crianças! Olha quem está chegando; minha prima, nossa professora querida. Chegue mais, minha prima, você está linda, assim, grávida
PROFESSORA— Bom dia, gente, Julião, José, e você Maria, dê cá o meu abraço; ah, mas que coisa,  esse negócio do seu Joaquim não poder mais bancar a festa, o som, o pão, o suco de uvas, os doces... que notícia mais chata!
JOSÉ— É! Já está chegando a hora da festa!
MARIA— Calma, José! Vamos trabalhar pela solução.
JOSÉ—  Mais uma vez, você tem razão, minha querida esposa. Vamos acreditar na força, crer!
MARIA—  Olhem. As crianças estão chegando! Bom dia, garotos. Bom dia, professora. Como vai a senhora? Muito trabalho no final do ano, não é? Ah, não sei o que seria de nós sem você, professores. O mundo depende tanto de vocês! E nossas crianças, elas estão prontas? Elas estão prontas?
PROFESSORA — Sim, Maria... e prontas para celebrar nosso amor por por Jesus, não é? Pois vamos ouvir aquela canção que diz algo importantíssimo: Nunca pare de sonhar... Sim, nós podemos! Vamos nos dar as mãos e acompanhar esta canção que nos traz energia, força, esperança e fé!
(Nossa Senhora, com coro de crianças ou com Roberto Carlos)
JOSÉ — Grande professora, a cidade lhe agradece tanto empenho. Olhem só o riso dessas crianças! Apesar de tantas dificuldades...
PROFESSORA — Pois é, também soubemos da impossibilidade do senhor Joaquim nos ajudar, mas os meninos não querem desistir e disseram que com ou sem doces eles estão dispostos a continuar e que o amor vai vencer...
MARIA — Eles disseram isto? Ah, Jesus seja louvado, nossos pequenos estão no bom caminho! Glória a Deus!
PROFESSORA — Sim, Maria, quando se tem Amor pode-se resistir a muita coisa adversa, não é assim?
JULIÃO —  É, professora, é. É um natal difícil para o Brasil, mas o país vai se reerguer e encontrar o seu rumo...
PROFESSORA — Isso! Vamos lá crianças, vamos mostrar a outra música que ensaiamos?
(coral canta : Quero ver você não chorar)
Quero ver você não chorar
Não olhar pra trás
Nem se arrepender do que faz

Quero ver o amor crescer
Mas se a dor nascer
Você resistir e sorrir

Se você pode ser assim
Tão enorme assim eu vou crer

Que o natal existe
Que ninguém é triste
Que no mundo ha sempre amor

Bom natal
Um feliz natal
Muito amor e paz prá você

Prá você
MARIA — É assim que vocês precisam fazer... acreditar e aproveitar nossa força para ir em frente! Viver é perseverar no sonho, dar asas à imaginação; principalmente em tempos de crise!
PROFESSORA — É isso gente... temos que contribuir com nossa parte de amor e esperança!
JULIÃO— Sabem? Eu nunca tive uma festa de natal. Venho de uma família muito pobre e meu pai nos deixou muito cedo... praticamente não tínhamos parentes e eu tenho vocês como minha família, José Maria, essa cidade que me acolheu tão bem quando eu cheguei aqui morrendo de fome e falta de amor... E AGORA... nesse natal tão diferente pra mim... logo agora, acontece isso... mas quando essas crianças estavam cantando, sabem? Me veio um arrepio, sei lá! Uma força imensa e vontade de ajudar todo mundo, parecia que o céu estava me dizendo “nós te amamos, Julião, você não está só, os anjos vão dizer amém, eles sempre dizem, os homens é que às vezes, movidos por interesses materiais, não querem ouvir, não querem entender que o bom da vida é o caminho e que Deus cuida de tudo, nós somos os operários da sua construção... e ele tem um plano para todos”...
MARIA — Que bonito, Julião; você é um cara sofrido, a vida foi bem dura para você, mas ida é aprendizado; aqui estamos, seus amigos, essa é a maior riqueza de um home: seus amigos, isso também é família; não é só a que agente tem do sangue , não, é como na música : um dia, realmente o mundo será composto por irmãos, um vai ajudar mesmo os outros e amar ao próximo co o a si mesmo...
JOSÉ — Você é um irmão pra gente, Julião! Não é só porque está chegando o natal que devemos ficar juntos. Aliás, deveríamos agir como se todos os dias fossem natal. Jesus nasceu numa simples manjedoura... aquela criança, trouxe consigo a esperança ao mundo inteiro. Em cada criança que nasce, existe ali a essência divina, sem dúvida! Continuem o ensaio. Vamos acreditar: para tudo tem um jeito. Mesmo quando você pensa que ela não está, ela, a fé, está com você!
(coral canta Então é natal, ou qualquer outra música de natal, com vozes de crianças/ coral)
PROFESSORA— Ah, meus lindos. Vocês estão cada vez melhores. Como é bom compartilharmos esse momento tão sagrado, juntos. É isso! É isso mesmo. A arte está dentro de nós. A arte não vem do patrocínio, não. A arte é uma força muito maior do que o dinheiro. A arte é uma bênção. Ah, Maria, José, Julião... parece que somos nós mesmos que nascemos junto com Jesus, novamente... é tão lindo. Agora vamos nos arrumando para compor um grande quadro, certo? — Vamos fazer a cena da adoração dos Reis magos, então? Nessa hora , você, Julião, será José, você, Maria, será Nossa Senhora, e Juninho ali, que está com aquela senhora,  será um Jesus- menino Jesus, vivo, nos dias de hoje. José e aqueles senhores ali farão os reis magos: “Ouro, incenso, mirra”. Ah! Vai ser lindo! Voc~e aí, farão os pastores e olhem só o que eu trouxe: eu mesma fiz, com a ajuda dessas crianças que amo e até meu filhinho de apenas três anos ajudou, quase choro de emoção: a estrela guia que vai ficar brilhando sobre toda a nossa cena..
(CELULAR TOCA)
JOSÉ — Alô? O quê? Sim, sou eu, José, pode falar. (pausa, os outros comentam que pela cara de José deve ser notícia boa). Sério? Mas que coisa maravilhosa! O som também? O suco de uvas e o pão... (pausa) Ah! Não tem pão? Tudo bem ... (pausa) O quê? Panettone? Uau! E roupa para as crianças? (pausa) de onde? Ah! Benditos sejam! E vocês vêem comemorar conosco? Sejam bem-vindos... agradecemos, muito. Até logo. Pessoal, um grupo da cidade vizinha conseguiu nosso patrocínio e a festa vai ser linda, o suco de uva, os doces, e material para fazermos o nosso pão da festa, o som... e eles querem prestigiar nossa festa
PROFESSORA— Isso vai ser muito legal. Agora uma surpresa, uma música que o professor Moisés Neto fez especialmente para essa apresentação agora. E você , querida Isabela, vai cantar pra gente, obrigada, meu amor, estamos fazendo isso de graça, mas é com a Graça de deus que nossa recompensa vem, porque acreditamos nisso e queremos distribuir nossa crença num amanhã melhor e desejar a todos um feliz natal, em nome da RÁDIO FOLHA de Pernambuco!
(Uma garota canta a canção com o mágico numa performance que lembra os grandes musicais, os meninos do coral formam o povo ao redor de um presépio inusitado, no final todos se emocionam e se abraçam, é uma confraternização)

“Canção feita para a peça NATAL DA GENTE

Numa  canção de natal
Vamos com açúcar e sal
Construir nossos castelos
Entre as flores do quintal
Pablo, Gabriel, Dora, Bruno, Miguel
OH OH OH, não é só Papai Noel
Sol  e céu, dor e amor
Terra e mar, aqui e ali
Nosso lugar, haverá, eu sei
Paz no coração que tanto sonhei
Viajar, ser feliz, aqui ou em qualquer lugar
Velho ou criança, o que importa é amar
De mãos dadas, é tão bom, um abraço, um sonho
Vem de Deus, a força, a luz, lembrar assim
O Nascimento de Jesus...

 (todos vibram e se abraçam)

MARIA—  Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Vamos nos doar mais, ajudando-nos mutuamente para que nossa estrela possa brilhar intensamente como aquela, lá em Belém! Teremos, sim, um feliz natal e próspero ano novo!

(TODOS FESTEJAM)
(TOCA JESUS ALEGRIA DOS HOMENS)

TODOS JUNTOS—  Feliz natal para todos.     

(Em OFF toca Noite Feliz)


FIM



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