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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

CORDEL CHICO BUARQUE MENINO EM ROMA Moisés Monteiro de Melo Neto

 

CORDEL CHICO BUARQUE MENINO EM ROMA



 

AUTORES

Moisés Monteiro de Melo Neto

Wyllison Vitor Gonçalves Silva

Antônio Lourenço de Melo

 

1 Francisco Buarque de Hollanda

 O tal de Chico Buarque

 É do Rio, quarenta e quatro

É do champanhe e da charque

Músico e escritor

Vai do palácio ao Parque

 

2 Dizem ser ele o artista

Maior, vivo na sua arte

conta oitenta obras

se conhece em qualquer parte?

destaque como cantor

conhecimento reparte

 

3 Desde meia meia

O conhecemos, pelo disco

Vencedor de Festival

Cervejinha e petisco

A Banda foi seu sucesso

É tão doce e tão arisco

 

4 Enfrentou os militares

Autoexilou-se, também

Na Itália em meia nove

Que os anjos digam amém

Fugindo da repressão

No país do vaivém

 

5 Assim começa esse cordel

Mãos e ouvidos bem atentos

Que história peculiar

Seus doutores, peguem acentos

A viagem é sacudida

Lances calmos e violentos

 

6 Os meus versos são de fé

Atenção vou lhes dizer

Esse homem é muito ativo

É bom você conhecer

Sobre seu livro mais recente

Bambino a Roma

É bom de ler

 

7 Vejamos mais do autor

Antes de nesse livro entrar

crítica política, fez

vou de democracia falar

em sete um tem Construção

um hit bem popular

 

8 Em sete e meia, Caros Amigos

Mais um álbum de sucesso

Com ele não só tal história

Bandeira Ordem e Progresso

Tem carreira literária

Paciência, eu lhe peço

 

9  Primeiro conto aos 18

Criou peças teatrais e romances

Vencedor de três Jabutis

Prêmio cheio de nuances

Nove dois romance Estorvo

Apostava em vários lances

 

10 Budapeste, outro livro

O maior Livro do Ano

Zero quatro e Leite Derramado

Que em dez não teve engano

Esse cara é uma estrela

Mas um dia cai o pano

11 Em dezenove tem mais Prêmios

Pelo tal do Budapeste

Eita, livro tão danado

Eu li, embora conteste

Em dezenove, Prêmio Camões

Ó que glória não conteste

 

12 Pelo conjunto da obra

Sérgio Buarque foi seu pai

Marieta sua esposa

Teve três filhas com ela, ai

Uma atriz talentosa

E assim o cordel vai

 

13 De suas irmãs tem Miúcha

Que também ficou famosa

Casou com João Gilberto

Bossa Nova e muita prosa

Chico tem o pai paulista

 avô, pernambucano, se goza

 

14 Diz ter bisavô, mineiro

E tataravô, baiano

O avô Cristóvão Buarque

bisavô Cesário Alvim, o fulano

 Chico escrevia na escola

Roubou carro, isso eu chamo

 

15  Deu no jornal Última Hora

Perto do Pacaembu

Pra passear de madrugada

Com amigos burgueses, uh!

Mas tendo família boa

Se livrou do buruçu

 

16 Em seu discurso em Prêmio Camões

Dá sua origem sefardita

Decavós Shemtov Ben Abraham

Cristão-novo Diogo Pires, cita

E sua esposa Provida Fidalgo

Na reparação histórica acredita

7 Músicas na Globo e programa

Com Caetano, ele fez

Seu "eu lírico" feminino

Vem o sucesso de vez

 Era o ponto de vista das

 mulheres poesia e sensatez

 

18 Com açúcar, com afeto

Olhos nos Olhos, Teresinha

E Atrás da Porta, Folhetim

Anos Dourados, que tinha

Com Jobim parceria

Mais um clássico que vinha

 

19 Musical "Ópera do

Malandro", Bastidores, com

Cauby, música Morte e

Vida severina, muito bom

Compõe O Grande circo místico

Para balé, ah que bom!

 

20 Em nove meia:  Comendador

Em Portugal recebe o grau

Nove oito na Mangueira

Quase comunista, nada mal

Mas vamos a dois quatro

Livro Bambino a Roma, uau!

 

21 Uma espécie de novela

Romance, bioficção

Um livro muito legal

Onde não falta atração

Memórias da sua família

Pai professor em Roma, emoção

 

22 Em Roma, outro almoço

Sem arroz e sem feijão

Massas, cardápio novo

Desde cedo a erudição

Um latino na Europa

Sandy L. Vem paixão

 

23 Kazuki, gentil garoto

Japoneses, mal se via

Tinha um que era amigo

“Kuru Kuru tá”, dizia

Também outros, lá, ingleses

De passagem a maioria

 

24 Americanos, também

Muitos deles avistar

Sam, Jim, Roy, Teddy e Dan

Será que hoje estão lá?

Revivendo as memórias

Passado espetacular

 

 

25 Matou aulas de Inglês

Mas podia até falar

Um romance escreveu bem

Era mesmo exemplar

Duzentas páginas, sim

Escreveu estando lá

 

26 Não exatamente rico

Mas vivia bem, é claro

Empregadas e presentes

Bikes e um colégio caro

Os amigos, magnatas

Esses sim, dinheiro alto

 

27 Feliz com a nova Bike

Sempre lembra a situação

Ele passeava nela

Do guidom soltava as mãos

Pneus brancos, niquelada

Não quer mais a bola, não

 

28 Nos jornais agitação

Jovem morta, um mistério

Montesi foi encontrada

Já sem vida; cemitério!

Acompanhou as notícias

O bambino, reverbério

 

 

29 Assistiu O Cangaceiro

Lá em Roma, novidade

Notou que tava dublado

Sala cheia, é verdade

Na trilha Mulher Rendeira

Cantou junto, identidade!

 

30 Amadeo, vizinho amigo

Nesses anos lá em Roma

Tanta vida absoluta

Escreveu sem ter vergonha

O Bambino brasileiro

Tantas histórias medonhas

 

31 Vinho tinto à granel

De aroma encantador

Sempre na mercearia

Do álcool, admirador!

Já manifestava, assim

Os caminhos de cantor

 

32 Na Itália, Sérgio ensinava,

Professor do bom saber

Enquanto Chico brincava

E o italiano a aprender

Na rua, sempre aventura

Brincadeiras de escrever

 

 

33 Escrevia mesmo tudo

É a alma do artista

Pensou em diário, sim

Criativo e sincretista

Já de olho em violão

No futuro, musicista

 

34 A irmã pousando em Roma

Traz nova marchinha, sim

Sucesso desde dezembro

Até o Carnaval ter fim

Dessa vez o ‘saca rolha’

Hit do momento, enfim

 

35 Criança cosmopolita

Na família a arte é mais

Fala de sambas e afins

E Vinícius de Moraes

Que era amigo da família

Visitava sempre o pai

 

36 No Brasil, Getúlio Vargas

O dito pai da nação

Dizem que foi suicidado

Todos comentando estão
Lá em Roma, bem distante
Chegava a informação

 

37 Em Roma, longe do lar
Um narrador pensativo
Recordando o seu Brasil
Num momento decisivo

Ele vai contando histórias

Desse momento incisivo

 

38 Exilado lá em Roma

Chico Buarque ficou

Por causa da ditadura

Mas nunca ele se calou

Entre café, livros, músicas

A arte o libertou


39 O narrador, na infância
Vivia sempre a pensar

Viajava nas memórias

Buscando-as desvendar
Mas Roma era o cenário
De histórias a revelar

 

40 Nas marchinhas ele falava

Não cansava de dizer

Que a vida sempre é bela

E que recordar é viver

Nas notas do violão

A tristeza a desaparecer


41 Graziella e a tangerina
Uma cena de calor
Oferecia a laranja
Mas também o seu sabor
Com gestos ditos proibidos
Vive na mente do escritor


42 No hotel, tomando vinho
E um presunto a degustar
Entre goles, vai voltando
Ao que mente quer guardar
Mas quer colocar pra fora
Não tem como escapar

 

43 Numa tentativa louca

De voltar ao passado

Visita o apartamento

Que ele havia morado

Se sente como um fantasma

Nas paredes atravessado

 

44 O narrador bem velhinho

Quer voltar ao passado

Conectar-se ao antigo

Ao apartamento morado

Quer sentir a mesma coisa

De bike sai avoado

45 Na sala suas lembranças
Daquele tempo de outrora

Sua mente insistindo

No tempo que foi embora

Revivendo o passado

Uma saudade que devora


46 O papel do narrador

A história é desenhar

Papel de parede antigo

Deus e Adão a conversar

Até o Papa Francisco

Ele se dispõe falar

 

47 Amadeu, seu velho amigo

Ele encontra embriagado

Não tem mais aquele brilho

Da juventude, o passado

Os olhos estavam frios

O tempo o tinha mudado

 

48 Chico Buarque de Holanda

Suas letras a cantar

Mostra dor e mostra luta

Que não devemos parar

No compasso das marchinhas

Uma esperança a brilhar

 

49 Com acorde, poesia

Despertando sentimento

Eternizando o passado

Com muito encantamento

Uma grande CONSTRUÇÃO

Alicerce e fundamento

 

50 Fala de amor, de saudade

Nos fazendo acreditar

Que no meio dessa vida

Você também pode dançar

O Mundo é Um Moinho

Mas jamais desanimar

 

51 Chega o fim da narrativa
Sarapatel de emoção
Brasil, Roma, memórias
Todas juntas em tensão
Mostrando a sua vida
Ecoando nesta canção.