CORDEL
CHICO BUARQUE MENINO EM ROMA
AUTORES
Moisés
Monteiro de Melo Neto
Wyllison
Vitor Gonçalves Silva
Antônio
Lourenço de Melo
1
Francisco Buarque de Hollanda
O tal de Chico Buarque
É do Rio, quarenta e quatro
É do
champanhe e da charque
Músico
e escritor
Vai
do palácio ao Parque
2
Dizem ser ele o artista
Maior,
vivo na sua arte
conta
oitenta obras
se
conhece em qualquer parte?
destaque
como cantor
conhecimento
reparte
3
Desde meia meia
O
conhecemos, pelo disco
Vencedor
de Festival
Cervejinha
e petisco
A
Banda foi seu sucesso
É
tão doce e tão arisco
4
Enfrentou os militares
Autoexilou-se,
também
Na
Itália em meia nove
Que
os anjos digam amém
Fugindo
da repressão
No
país do vaivém
5
Assim começa esse cordel
Mãos
e ouvidos bem atentos
Que
história peculiar
Seus
doutores, peguem acentos
A
viagem é sacudida
Lances
calmos e violentos
6 Os
meus versos são de fé
Atenção
vou lhes dizer
Esse
homem é muito ativo
É
bom você conhecer
Sobre
seu livro mais recente
Bambino
a Roma
É
bom de ler
7
Vejamos mais do autor
Antes
de nesse livro entrar
crítica
política, fez
vou
de democracia falar
em
sete um tem Construção
um
hit bem popular
8 Em
sete e meia, Caros Amigos
Mais
um álbum de sucesso
Com
ele não só tal história
Bandeira
Ordem e Progresso
Tem
carreira literária
Paciência,
eu lhe peço
9 Primeiro conto aos 18
Criou
peças teatrais e romances
Vencedor
de três Jabutis
Prêmio
cheio de nuances
Nove
dois romance Estorvo
Apostava
em vários lances
10
Budapeste, outro livro
O
maior Livro do Ano
Zero
quatro e Leite Derramado
Que
em dez não teve engano
Esse
cara é uma estrela
Mas
um dia cai o pano
11
Em dezenove tem mais Prêmios
Pelo
tal do Budapeste
Eita,
livro tão danado
Eu
li, embora conteste
Em
dezenove, Prêmio Camões
Ó
que glória não conteste
12
Pelo conjunto da obra
Sérgio
Buarque foi seu pai
Marieta
sua esposa
Teve
três filhas com ela, ai
Uma
atriz talentosa
E
assim o cordel vai
13
De suas irmãs tem Miúcha
Que
também ficou famosa
Casou
com João Gilberto
Bossa
Nova e muita prosa
Chico
tem o pai paulista
avô, pernambucano, se goza
14
Diz ter bisavô, mineiro
E
tataravô, baiano
O
avô Cristóvão Buarque
bisavô
Cesário Alvim, o fulano
Chico escrevia na escola
Roubou
carro, isso eu chamo
15 Deu no jornal Última Hora
Perto
do Pacaembu
Pra
passear de madrugada
Com
amigos burgueses, uh!
Mas
tendo família boa
Se
livrou do buruçu
16
Em seu discurso em Prêmio Camões
Dá
sua origem sefardita
Decavós
Shemtov Ben Abraham
Cristão-novo
Diogo Pires, cita
E
sua esposa Provida Fidalgo
Na
reparação histórica acredita
7
Músicas na Globo e programa
Com
Caetano, ele fez
Seu
"eu lírico" feminino
Vem
o sucesso de vez
Era o ponto de vista das
mulheres poesia e sensatez
18
Com açúcar, com afeto
Olhos
nos Olhos, Teresinha
E
Atrás da Porta, Folhetim
Anos
Dourados, que tinha
Com
Jobim parceria
Mais
um clássico que vinha
19
Musical "Ópera do
Malandro",
Bastidores, com
Cauby,
música Morte e
Vida
severina, muito bom
Compõe
O Grande circo místico
Para
balé, ah que bom!
20
Em nove meia: Comendador
Em
Portugal recebe o grau
Nove
oito na Mangueira
Quase
comunista, nada mal
Mas
vamos a dois quatro
Livro
Bambino a Roma, uau!
21
Uma espécie de novela
Romance,
bioficção
Um
livro muito legal
Onde
não falta atração
Memórias
da sua família
Pai
professor em Roma, emoção
22
Em Roma, outro almoço
Sem
arroz e sem feijão
Massas,
cardápio novo
Desde
cedo a erudição
Um
latino na Europa
Sandy
L. Vem paixão
23 Kazuki,
gentil garoto
Japoneses,
mal se via
Tinha
um que era amigo
“Kuru
Kuru tá”, dizia
Também
outros, lá, ingleses
De
passagem a maioria
24
Americanos, também
Muitos
deles avistar
Sam,
Jim, Roy, Teddy e Dan
Será
que hoje estão lá?
Revivendo
as memórias
Passado
espetacular
25
Matou aulas de Inglês
Mas
podia até falar
Um romance
escreveu bem
Era
mesmo exemplar
Duzentas
páginas, sim
Escreveu
estando lá
26 Não
exatamente rico
Mas
vivia bem, é claro
Empregadas
e presentes
Bikes
e um colégio caro
Os
amigos, magnatas
Esses
sim, dinheiro alto
27 Feliz
com a nova Bike
Sempre
lembra a situação
Ele
passeava nela
Do
guidom soltava as mãos
Pneus
brancos, niquelada
Não
quer mais a bola, não
28 Nos
jornais agitação
Jovem
morta, um mistério
Montesi
foi encontrada
Já
sem vida; cemitério!
Acompanhou
as notícias
O bambino,
reverbério
29 Assistiu
O Cangaceiro
Lá
em Roma, novidade
Notou
que tava dublado
Sala
cheia, é verdade
Na
trilha Mulher Rendeira
Cantou
junto, identidade!
30 Amadeo,
vizinho amigo
Nesses
anos lá em Roma
Tanta
vida absoluta
Escreveu
sem ter vergonha
O
Bambino brasileiro
Tantas
histórias medonhas
31 Vinho
tinto à granel
De
aroma encantador
Sempre
na mercearia
Do
álcool, admirador!
Já
manifestava, assim
Os
caminhos de cantor
32 Na Itália, Sérgio ensinava,
Professor do bom saber
Enquanto Chico brincava
E o italiano a aprender
Na rua, sempre aventura
Brincadeiras de escrever
33 Escrevia mesmo tudo
É a alma do artista
Pensou em diário, sim
Criativo e sincretista
Já de olho em violão
No futuro, musicista
34 A irmã pousando em Roma
Traz nova marchinha, sim
Sucesso desde dezembro
Até o Carnaval ter fim
Dessa vez o ‘saca rolha’
Hit do momento, enfim
35 Criança cosmopolita
Na família a arte é mais
Fala de sambas e afins
E Vinícius de Moraes
Que era amigo da família
Visitava sempre o pai
36 No Brasil, Getúlio Vargas
O dito pai da nação
Dizem que foi suicidado
Todos comentando estão
Lá em Roma, bem distante
Chegava a informação
37 Em Roma, longe do lar
Um narrador pensativo
Recordando o seu Brasil
Num momento decisivo
Ele vai contando histórias
Desse momento incisivo
38 Exilado lá em Roma
Chico Buarque ficou
Por causa da ditadura
Mas nunca ele se calou
Entre café, livros, músicas
A arte o libertou
39 O narrador, na infância
Vivia sempre a pensar
Viajava nas memórias
Buscando-as desvendar
Mas Roma era o cenário
De histórias a revelar
40 Nas marchinhas ele falava
Não cansava de dizer
Que a vida sempre é bela
E que recordar é viver
Nas notas do violão
A tristeza a desaparecer
41 Graziella e a tangerina
Uma cena de calor
Oferecia a laranja
Mas também o seu sabor
Com gestos ditos proibidos
Vive na mente do escritor
42 No hotel, tomando vinho
E um presunto a degustar
Entre goles, vai voltando
Ao que mente quer guardar
Mas quer colocar pra fora
Não tem como escapar
43 Numa tentativa louca
De voltar ao passado
Visita o apartamento
Que ele havia morado
Se sente como um fantasma
Nas paredes atravessado
44 O narrador bem velhinho
Quer voltar ao passado
Conectar-se ao antigo
Ao apartamento morado
Quer sentir a mesma coisa
De bike sai avoado
45 Na sala suas lembranças
Daquele tempo de outrora
Sua mente insistindo
No tempo que foi embora
Revivendo o passado
Uma saudade que devora
46 O papel do narrador
A história é desenhar
Papel de parede antigo
Deus e Adão a conversar
Até o Papa Francisco
Ele se dispõe falar
47 Amadeu, seu velho amigo
Ele encontra embriagado
Não tem mais aquele brilho
Da juventude, o passado
Os olhos estavam frios
O tempo o tinha mudado
48 Chico Buarque de Holanda
Suas letras a cantar
Mostra dor e mostra luta
Que não devemos parar
No compasso das marchinhas
Uma esperança a brilhar
49 Com acorde, poesia
Despertando sentimento
Eternizando o passado
Com muito encantamento
Uma grande CONSTRUÇÃO
Alicerce e fundamento
50 Fala de amor, de saudade
Nos fazendo acreditar
Que no meio dessa vida
Você também pode dançar
O Mundo é Um Moinho
Mas jamais desanimar
51 Chega o fim da narrativa
Sarapatel de emoção
Brasil, Roma, memórias
Todas juntas em tensão
Mostrando a sua vida
Ecoando nesta canção.